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20/10/2002 - 20h31

Veja a íntegra do pronunciamento de Serra no horário eleitoral

da Folha Online

Leia a íntegra do pronunciamento do candidato José Serra no horário eleitoral deste domingo:

"Meus amigos, minhas amigas,

Falta uma semana para que o Brasil escolha seu próximo presidente e, com ele, o caminho que nós vamos seguir nos próximos anos.

Ao longo desta campanha, eu tenho me dedicado a deixar muito claro para você, eleitor, quem sou eu, qual é a minha história, o que eu penso sobre o nosso país, o que eu pretendo fazer com ele se for eleito seu presidente.

Eu já mostrei como atuo na vida pública. Fui Secretário de Estado, deputado duas vezes, ministro do Planejamento, ministro da Saúde e sou senador. Em todos esses cargos, eu sempre trabalhei muito. Tomei decisões de forma independente, em muitos casos contrariando interesses poderosos. Meu trabalho teve efeitos em todo o Brasil, em cada município do nosso país. De mim, você sabe o que esperar.

Eu não vou mudar tudo no Brasil, não. Não vou, por exemplo, interromper as políticas da saúde, da Educação, da proteção social. Eu vou, sim, fazê-las avançar muito, muito mais.

Mas eu vou mudar tudo o que for preciso para fazer o Brasil voltar a crescer e criar empregos. Vou aumentar o salário mínimo para R$ 300, mais a inflação, durante o meu governo.

Vou mudar, também, o papel do governo federal no combate à violência.
Comigo, o governo federal vai atuar diretamente, junto com os governos estaduais, na luta contra o crime. Nós vamos inclusive fazer intervenção na segurança dos estados, quando ela não estiver funcionando bem. E, para fazer isso, vamos mexer na própria Constituição.

Agora, eu não vou mudar três fundamentos da nossa política econômica:
- O controle da inflação;
- A responsabilidade fiscal;
- E a credibilidade, o clima de confiança que os investidores nacionais e estrangeiros têm que ter no Brasil.

A esta altura da campanha, você já me conhece e sabe bem quais são as minhas propostas. Eu tenho sido claro na minha apresentação. Tenho dito o que vou fazer, como eu vou fazer, para que você saiba exatamente o que eu penso. Mas eu não vejo essa clareza nas propostas do meu adversário.

A campanha do PT tem sido de encantar e cantar, sem se aprofundar nas discussões das mudanças que propõe, tentando se aproveitar das insatisfações de um país que tem 170 milhões de pessoas, com suas necessidades, seus problemas.

Mas agora vale a pena prestar atenção nas incoerências e nas dubiedades do discurso do candidato do PT.

Para o povo, Lula diz que vai mudar a política econômica, sem dizer o que ou como vai mudar.

Já para os empresários, ele tem garantido que não vai fazer nenhuma mudança importante na economia.

Para o povo, promete mágicos aumentos do salário mínimo, grandes aumentos para o funcionalismo público. Mas, para o FMI, diz que vai manter a responsabilidade fiscal.

Para o povo, Lula diz que vai manter a inflação baixa. Mas, ao longo da campanha, assumiu tal número de compromissos que, para serem cumpridos, terão como consequência inevitável a volta da superinflação.

Para o povo, Lula diz que vem para renovar a política brasileira, para mudar o Brasil. Mas fez alianças com os políticos mais comprometidos com o atraso, aqueles que sempre impediram as mudanças neste país.

Discursos diferentes, para públicos diferentes, parecem promover a união, mas, na prática, só produzem frustração.

Se o Lula fosse eleito, estaríamos diante de duas possibilidades: ou ele cumpriria seus compromissos recentemente assumidos com os empresários e estaríamos, assim, diante do maior estelionato eleitoral, depois da eleição de Collor; ou, se tentasse cumprir suas promessas mágicas com a população, levaria o Brasil à ruína.

Eu digo isso com toda a responsabilidade, não apenas como candidato, mas também como cidadão.

Eu não pretendo vender aqui Lula como um demônio perigoso, coisa que muitos fizeram no passado, e que, na minha opinião, não é correto, está errado.

Mas, se o Lula não é um demônio, ele também não é um santo. Lula é um candidato como eu, que pode e deve ser questionado.

É por isso que eu tenho insistido tanto em debater diretamente com Lula. Debates a que ele tem se negado a ir: na CBN, na Bandeirantes, na Record, na Folha. Exatamente para escapar dessas questões. É por isso que ele não vai. E são questões fundamentais para que o país saiba no que estará votando no próximo domingo.

Porque o que está em jogo nesta eleição não é o meu destino ou o do Lula, é o seu destino. É o futuro dos brasileiros, da sua família.

Em apenas um dia nós vamos decidir o que vai acontecer nos próximos quatro anos.

Em um dia e em quatro anos -a história mostra- se decidem décadas.

É sobre isso que você deve refletir nessa última semana antes de votar.

Eu quero dizer que, para mim, as opções do Brasil, felizmente, não são apenas a do estelionato eleitoral ou a da ruína.

Eu já mostrei que temos, sim, caminhos para fazer as mudanças que os brasileiros tanto querem.

Eu sou um otimista.

Eu respeito o meu país.

Eu acredito no Brasil."

Leia mais no especial Eleições 2002
 

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