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25/10/2002 - 08h30

Vantagem de Lula esvazia único debate no 2º turno

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Com a pesquisas apontando ampla vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o único debate do segundo turno, hoje, às 21h40, na Globo, perdeu parte da importância política atribuída ao duelo após a votação de 6 de outubro.

Apesar disso, os candidatos se prepararam ontem para o confronto, que terá formato inédito: os dois ficarão de pé, em uma arena, cercado por 150 pessoas, e não farão pergunta um ao outro. As questões serão elaboradas por eleitores indecisos, selecionados pelo Ibope para participar do programa.

José Serra (PSDB), além de gravar o último programa eleitoral, passou o dia ensaiando respostas para o debate e até o comportamento diante das câmeras.

"Tenho boa expectativa para o debate. É pena que tenha havido um só. Seria muito melhor, não para mim e para o Lula, mas para os eleitores ter tido mais", afirmou o candidato ontem.

Serra gostaria de fazer perguntas diretamente a Lula. Quando concordou com a regra da Globo, o tucano acreditava que debateria com o petista em outras emissoras, como chegou a ser sinalizado pelo PT. Por isso, a propaganda do PSDB disse que Lula só havia aceitado o duelo da Globo porque não haveria confronto direto.

O petista, com 32 pontos de vantagem, segundo o último Datafolha, se recusou a participar de debates em outras emissoras.

Ontem, pela primeira vez nesta campanha, não utilizou toda a véspera para se preparar. Pela manhã e no início da tarde, gravou o último programa eleitoral. Às 17h, reuniu-se com o marqueteiro Duda Mendonça, em SP. Segue hoje ao Rio e, no debate, pretende manter uma atitude vitoriosa _avalia que o programa terá pouca influência nas urnas.

Performance
Nesse contexto, a maior expectativa do telespectador para a noite de hoje talvez se desloque para a estréia do novo formato _já usado nas campanhas dos EUA.

Para o cientista político Fernando Abrucio, professor da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas, esse formato norte-americano de debate valoriza a performance dos candidatos diante do cidadão comum. "No último debate presidencial dos EUA, a imprensa norte-americana avaliou que Al Gore foi muito técnico e ficou distante dos eleitores. Já Bush soube se aproximar do público e, por isso, teve um desempenho melhor."

Segundo Abrucio, o esquema é saudável para o processo democrático. "É importante avaliar a reação do candidato ao cidadão. Nem todos vão bem. Lembra-se do Ciro [Gomes] chamando o eleitor de burro no rádio?"

Abrucio acredita que não seja um esquema ideal, já que não há questionamento especializado, nem confronto direto entre os adversários. Isso, para ele, evita que os políticos sejam "questionados em seus pontos fracos". "Um debate ideal seria uma uma mistura de perguntas de jornalistas, entre os candidatos, e dos cidadãos."

O formato, no entanto, tem a "vantagem de dar voz ao cidadão comum pela primeira vez", avalia.

Na opinião de Abrucio, a mudança do estilo do programa deverá atrair o telespectador, apesar de a disputa não se mostrar acirrada. No debate do primeiro turno, na quinta-feira antes da votação, a Globo registrou 31 pontos de média. Às quintas, no horário, costuma dar 26 no Ibope (cada ponto equivale a cerca de 47,5 mil domicílios na Grande SP).

"Reality show"
Como faz nos preparativos de "reality shows", a Globo mantém isolados desde ontem, em um hotel do Rio, os eleitores que estarão na platéia. Ontem, eles tiveram o único contato com a emissora antes do programa. À tarde, num salão do hotel, reuniram-se com Ali Kamel, diretor de jornalismo, para conhecer as regras e formular as perguntas. Numa parede, foram colocados cartazes com 20 temas. Sobre esses assuntos, foram elaboradas as perguntas, as últimas que serão respondidas por Lula e Serra como candidatos à Presidência. Em 2002, ao menos.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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