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27/10/2002 - 20h04

Brizola reitera apoio irrestrito a Lula, mesmo sem cargos no governo

onRAQUEL ABRANTES
da Folha de S.Paulo, no Rio

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, declarou que dará apoio "irrestrito" ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sem pleitear cargos ou posições. Citando a experiência do governo de João Goulart, deposto pelos militares em 1964, ele advertiu Lula para a possibilidade de golpismo por parte de setores "inconformados" com sua vitória.

"O novo governo deve estar muito atento para o que aconteceu com o nosso João Goulart, que numa dessas pode ser uma espécie de plano B que querem aplicar no novo governo. Há um inconformismo dos que dominam o Brasil, que seguram nosso país no atraso, no subdesenvolvimento e querem que sejamos uma espécie de colônia. Eles não vão gostar de um governo de abertura, democrático e progressista no nosso país e vão fazer tudo contra Lula e seu governo", disse.

Para Brizola, a força de Lula será o apoio da opinião pública e a força da legitimidade, "tão grande que chega na frente dos tanques e eles vão se derretendo". As declarações foram feitas depois que o dirigente pedetista votou, hoje de manhã, em Copacabana (zona sul do Rio).

O ex-governador não descartou a possibilidade de pedetistas participarem do governo, caso haja um convite do PT. "Não nos negaremos a conversar. Vamos avaliar se realmente seremos nós os mais indicados para esta ou aquela função."

Derrotado na disputa pelo Senado no Rio, Brizola, 80, disse ser improvável que ele próprio assuma alguma posição no novo governo. Ele afirmou que prefere colaborar com Lula como conselheiro.

"Primeiro, porque eu já estou mais para lá do que para cá. Segundo, porque não me inspira, como em outros tempos, a idéia de desempenhar um posto. Tenho disposição para doar esses anos de vida ativa que me restam ao meu país", disse.

Brizola afirmou que se sentiu aliviado por não ter sido eleito para o Senado e que quase desistiu da disputa, mas continuou concorrendo para ajudar as candidaturas dos pedetistas Carlos Lupi, ao Senado, e Jorge Roberto Silveira, ao governo do Rio, e também para dar unidade ao partido.

Quando perguntado se o PT está preparado para governar, o presidente do PDT disse: "Não sei, vamos ver. Espero que sim. Vamos ajudar nosso povo até a cobrar, porque é uma maneira de colaborar. Uma cobrança sem oposição", definiu.

Brizola declarou que sua intenção agora é reestruturar o PDT e promover a união com o PTB para renovar o pensamento trabalhista. "Já avisamos ao PTB que queremos começar amanhã (hoje) a união. Vai surgir o trabalhismo novo para confrontar o neoliberalismo, que não conseguiremos enfrentar com as velhas receitas de esquerda."

Brizola classificou o governo Fernando Henrique Cardoso como totalmente fracassado. "Ele foi um presidente fraco, que governou de costas para o povo brasileiro. O que o inspirou essencialmente foi a ambição pelo poder e de lá ficar, tanto que praticamente rasgou a Constituição para conseguir outro mandato", criticou.

Sobre a nova oposição, formada por PSDB, PFL e parte do PMDB, Brizola fez distinções. Ele disse que os conservadores têm posições diferentes e que "algumas raiam o desespero".


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