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29/10/2002 - 06h41

Governo Lula será "de continuidade", diz FHC

WILSON SILVEIRA
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, ao analisar o resultado da eleição presidencial, que sente "emoção" em passar a faixa presidencial para um líder operário e destacou, em diversas oportunidades, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva será uma "continuidade" das políticas que iniciou.

Essa continuidade, disse FHC, se dará na política de combate à fome e à miséria, no cumprimento dos contratos e nos compromissos que o Brasil tem tanto no plano internacional quanto em relação à questão financeira.
Logo no início de sua fala, o presidente disse que o primeiro discurso de Lula indica "um caminho de continuidade que é necessário no Brasil". Mais à frente, afirmou que seu sucessor "prometeu a continuidade nessa mesma linha de responsabilidade social" e, quase ao final, destacou que Lula reafirmou "a continuidade" dos compromissos do país.

FHC afirmou que há um "significado especial" em passar a faixa presidencial para um operário. Disse que espera "com ansiedade" esse momento e que se orgulha de o país ter eleito um metalúrgico. "O presidente eleito, pessoa que eu conheço há 30 anos, é um líder metalúrgico. Passou sua vida como líder metalúrgico, veio de origem humilde. Isso nos orgulha. Mostra que há mobilidade social no Brasil e que é uma democracia plena, que é uma democracia que não aceita restrições de quaisquer naturezas, que não tem preconceitos de classe."

O presidente fez um rápido pronunciamento no Palácio do Planalto, seguido de entrevista, para analisar o resultado da eleição. Para ele, o atual momento não comporta um pacto social, como vem sendo proposto pelo PT.

"Eu falo como sociólogo: a situação do pacto social é uma situação na qual existe uma quebra de institucionalidade ou quando há uma crise de tal natureza que você tem de colocar entre parênteses as contradições da sociedade, os interesses que são conflitivos. Não é o caso do Brasil."

Segundo o presidente, essa expressão (pacto) é mais usada politicamente como sendo uma boa vontade para o diálogo com o conjunto da sociedade. "Nesse sentido é correto, mas não corresponde propriamente ao que se pode entender por pacto social."

FHC disse que o resultado da eleição demonstrou a maturidade do eleitorado. "Os partidos saíram fortalecidos, houve uma dispersão de votos. O povo demonstrou que ele escolhe livremente e que ele na verdade é capaz de discernir segundo seus interesses."

Sobre o encontro de hoje com Lula, FHC disse que vai conversar amplamente sobre várias áreas. A que mais o preocupa, disse ele, é a segurança pública. Segundo ele, com as turbulências econômicas o governo já se acostumou.

FHC recusou pedido de uma repórter de que fizesse uma autocrítica, tendo em vista uma suposta derrota do governo na eleição. "O Planalto não entrou na luta. Uma das virtudes da democracia é que o governo não entra na briga. O Palácio do Planalto não fez nada a favor de A, de B ou de C. A sua pergunta está errada pela base, na suposição de que houve uma derrota do Planalto. Não houve."

O presidente reafirmou que fará o que estiver a seu alcance para que a transição seja a mais democrática possível. Disse por exemplo que pode encaminhar com antecedência a diretoria do Banco Central (que depende da aprovação do Senado) do próximo governo e mesmo fazer alguma nomeação solicitada por Lula.

A transição de governo começa hoje com um encontro às 11h no Palácio do Planalto entre FHC e Lula, no qual o petista receberá um "kit governo" com informações sobre a estrutura e as atribuições de todos os órgãos do Executivo, resumos dos principais documentos da transição e as senhas de acesso aos dados da era FHC.

Veja também o especial Governo Lula

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