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29/10/2002 - 07h29

PSDB mantém nível de governos do auge do Real

FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Recordista de votos para presidente da República, o PT teve um desempenho menor do que esperava nas disputas de segundo turno. A estratégia do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva de se reunir regularmente com governadores será difícil de ser levada adiante sem evitar atritos com os integrantes dessas reuniões.

A rigor, Lula terá o apoio irrestrito e incondicional de apenas três Estados pequenos, onde o PT conseguiu eleger governadores. São eles: Acre, Mato Grosso do Sul e Piauí. Juntos, representam um eleitorado de 3,63 milhões. Apenas 3,15% do país.

Apesar de terem colocado finalistas em oito disputas estaduais de segundo turno, os petistas só venceram em uma. Acabaram saindo desta eleição pior do que entraram em termos de governos estaduais. Mantiveram Acre e Mato Grosso do Sul. Mas "trocaram" o Rio Grande do Sul (7,4 milhões de eleitores) pelo pequeno Piauí (1,9 milhão).

Pelo grande número de segundos turnos em que se viu incluído, o PT vendeu a existência de uma onda vermelha pelo país. Na realidade, ocorreu mais um movimento a favor da renovação do governo federal, tendo Lula à frente. Nos Estados, depois da boa votação no primeiro turno, os candidatos petistas não conseguiram força para vencer.

Trata-se de movimento oposto ao que se deu com o PSDB. Os tucanos saíram desacreditados em algumas disputas. Mas acabaram vencendo em cinco duelos de segundo turno, tendo disputado seis -perderam apenas para o PT, em Mato Grosso do Sul.

Ao todo, o PSDB terá sete governos estaduais a partir de 2003. Recuperou Minas Gerais, manteve São Paulo e governará 53,3 milhões de eleitores.
O PSDB é, de longe, o partido que governa mais Estados importantes, o maior número de unidades da Federação e o maior número de eleitores. Os tucanos têm nos Estados hoje um poder semelhante ao que haviam conquistado na eleição de 1994, no auge do Plano Real.

Embora Lula tenha recebido o apoio declarado de muitos candidatos a governador de fora do PT que venceram as eleições, não é possível afirmar com segurança que o presidente eleito terá apoio incondicional desse grupo.

Há onze Estados em que governadores eleitos não-petistas declararam algum tipo de apoio futuro a Lula. Ocorre que nenhum deles estará obrigado a atender aos apelos do petista a partir de 2003.

Para complicar um pouco mais o cenário, a hegemonia do PSDB nos Estados mais importantes torna a situação menos favorável a Lula no eventual fórum de governadores que pretende criar.

Um possível refresco para o presidente eleito poderia vir do PMDB. O governador eleito do Paraná, Roberto Requião, é um peemedebista com amplo trânsito na cúpula petista. Mas o PMDB tem, pelo menos, dois líderes que não enxergarão vantagem em dar apoio ao PT -os governadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Germano Rigotto (RS).

Jarbas foi o mais ácido crítico da candidatura Lula. Rigotto tem no PT o principal adversário local na política gaúcha. Uma aproximação com Lula representaria perda eleitoral futura para esses dois peemedebistas.

Congresso
Se entre os governadores eleitos está mais ou menos claro que Lula terá dificuldades para construir algum consenso sobre seu governo, no Congresso a situação é um pouco mais complexa, mas não necessariamente pior.

O PT conseguiu eleger 91 deputados (de um total de 513). Fez a maior bancada da Câmara dos Deputados. No Senado, terá 14 cadeiras, o que confere à sigla uma posição de destaque -só será menor do que PMDB e PFL, ambos hoje com 19 senadores cada.

Em tese, o PT será minoritário nas duas Casas do Congresso. Mas a direção petista contesta essa previsão. Pelas contas dos aliados de Lula, a bancada governista em 2003 totalizará 188 deputados (somados os resultados das urnas de PT, PL, PC do B, PDT, PPS, PSB e PMN). Além desses, haveria também outros 31 de PTB e PV.

O PMDB seria o partido grande a ser convidado a participar da coalizão. Se se concretizar o desejo petista, haverá um bloco congressista formado pelo PT e pelo PMDB. Partidos de menor porte formariam um outro agrupamento de apoio na Câmara.

Veja também o especial Governo Lula

Veja também o especial Eleições 2002
 

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