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29/10/2002 - 07h53

Serra pretende criar centro de estudo

RAYMUNDO COSTA
da Folha de S.Paulo

Entre as opções imediatas de José Serra (PSDB) está a criação de um instituto, uma espécie de organização não-governamental mais ampla que o Instituto da Cidadania, criada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e mais política que acadêmica como é o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

O Cebrap foi criado em 1969 por um grupo de professores universitários. Há 20 anos edita a revista "Novos Estudos". Um de seus principais integrantes foi o presidente Fernando Henrique Cardoso. Serra também colaborava.

O candidato do PSDB passou o dia seguinte à eleição em casa, descansando. Pensava em viajar, mas disse a interlocutores que ainda não havia decidido para onde ir. Vai avaliar a campanha, digerir pequenas e grandes traições e só depois volta a falar de política.

Antes da eleição de domingo, Serra disse que pretendia voltar a dar aulas na Unicamp, universidade da qual é professor licenciado, caso fosse derrotado. É pouco provável que isso ocorra.

No domingo, ele retardou ao máximo o telefonema dado a Lula, reconhecendo a vitória do adversário. Não por acreditar que tivesse chance, mas para saber o tamanho exato com que sairia das urnas. As pesquisas feitas pelo cientista político Antônio Lavareda indicavam que ele poderia ter até 35% dos votos. Chegou a 38%. Isso o encorajou a sinalizar que vai cobrar o cumprimento das "promessas e compromissos de campanha que Lula assumiu".

Com 33 milhões de votos, avalia que entrou desconhecido na eleição e se tornou um nome nacional, o único do PSDB depois de Fernando Henrique Cardoso. Isso o credenciaria a exercer o papel de oposição ao governo do PT.

A idéia do tucano não é fazer oposição ideológica a Lula, pela direita, função que julga reservada ao PFL, mas de cobrança em relação às propostas de governo. Segundo um interlocutor frequente, uma oposição profissional, coerente com sua biografia.

Um grupo no PSDB pensa em lançar Serra para a presidência da sigla, que será renovada em maio. Mas na cúpula da campanha do candidato o projeto é considerado prematuro. É preciso antes avaliar a correlação de forças no tucanato depois da eleição.

O primeiro teste ocorrerá na eleição dos novos líderes da sigla no Congresso, em março de 2003.

O grupo paulista não desistiu de manter o controle do partido. Seus trunfos são a reeleição de Geraldo Alckmin (SP) e os 33 milhões de votos obtidos por Serra. Mas nomes como Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE), que venceram em seus Estados, saíram fortalecidos da eleição.

Sexta-feira passada, Aécio ligou para José Aníbal (SP), presidente da sigla. Para dizer que não estava compondo com Tasso e Ciro Gomes (PPS), convidado a voltar ao ninho, uma frente antipaulista.

Os projetos do instituto e da presidência do PSDB não são excludentes. O instituto permitiria a Serra uma ação multipartidária, reunindo segmentos dos partidos que se declaram social-democratas e até de parcela do PMDB.

Serra até agora disse apenas que pretendia voltar a dar aulas após deixar o Senado. O que ninguém em seu grupo e no partido acredita. Ele não dá aulas há muitos anos, teria de se reciclar e iria encontrar na universidade uma geração bem diferente de sua época.

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