Negociador cita "aval" de Daniel Dantas a suborno feito a delegado

O banqueiro Daniel Dantas deu aval ao suborno feito por Hugo Chicaroni e Humberto Braz ao delegado Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira, informa o repórter Rubens Valente, em matéria publicada na Folha (a reportagem está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL).

Os documentos da PF ao qual a Folha teve acesso mostram 16 dias de negociação entre o delegado Vitor Hugo Rodrigues Alves Ferreira e os emissários de Dantas, Hugo Chicaroni e Humberto Braz, este um ex-diretor da Brasil Telecom Participações.

A tentativa de propina começou após a Folha divulgar em abril uma reportagem que informava a existência de uma investigação em andamento contra Daniel Dantas. O vazamento da informação levou os investigados a planejarem uma operação de compra dos policiais federais.

Segundo um dos relatórios da PF, Chicaroni diz aos policiais que Humberto Braz "já estaria autorizado por Daniel Dantas a uma alçada de pagamento de propina no valor de US$ 500 mil para resolver o caso, valor este que poderia ser elevado, porém com o consentimento prévio de Daniel Dantas, a quem caberia decidir sobre a elevação".

Supremo vs Justiça

O banqueiro Daniel Dantas foi preso na última terça-feira (8), durante uma operação contra suspeitos de corrupção e de promover lavagem de dinheiro. Foram também presos o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas, além de Verônica Dantas, irmã de Daniel e toda a alta cúpula do banco Opportunity.

A Operação Satiagraha investiga suposta prática dos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas, formação de quadrilha e tráfico de influência para a obtenção de informações privilegiadas em operações financeiras.

No dia seguinte à prisão, o banqueiro foi solto graças ao habeas corpus concedido pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes. Dantas deixa a sede da PF às 6h da manhã do dia 10.

No entanto, no mesmo dia 10, a Justiça Federal decretou a prisão preventiva de Dantas, dessa vez sob a acusação de suborno do delegado federal Vitor Hugo Rodrigues Alves Ferreira para que o nome de Dantas e de integrantes da sua família fosse retirado de um inquérito da PF sobre supostas operações ilícitas.

Então, nesta sexta-feira (11), novamente Gilmar Mendes concede liminar para suspender a decisão da prisão preventiva do banqueiro

O juiz Fausto de Sanctis, responsável pelas duas prisões de Dantas nos últimos dias, demonstrou desânimo após a liminar de Mendes. "'Eu fiz o meu papel. É o que basta", declarou, sem citar nominalmente o presidente do STF.

Leia a matéria completa na Folha deste sábado, que já está nas bancas.

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