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07/11/2002 - 07h47

FHC critica o "FHC acadêmico" da era JK

CHICO SANTOS
da Folha de S.Paulo, no Rio

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em tom de autocrítica, que se opôs à forma como foi promovida a industrialização brasileira no governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), com a abertura do país ao capital estrangeiro. A declaração foi feita em discurso após ser homenageado com o título de doutor honoris causa pela Universidade Candido Mendes, no Rio.

"Havia bastante incompreensão porque Juscelino [Kubitschek] havia aberto o Brasil ao capital estrangeiro, porque Juscelino havia promovido uma industrialização que não era exatamente aquela que alguns setores, entre os quais eu me incluía, imaginavam", afirmou.

De acordo com FHC, naquela época, Candido Mendes, atual reitor da universidade que o homenageou, "foi capaz de perceber que, a despeito da dependência inegável [do modelo de desenvolvimento], havia brechas para a transformação".

Mendes foi membro do Iseb (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), entidade que, na década de 50, liderou a formulação do pensamento desenvolvimentista que deu suporte teórico ao projeto de Juscelino Kubitschek.

"Eu era muito jovem, estava muito influenciado pelo professor Alain Touraine [historiador francês que recebeu ontem a mesma homenagem de FHC, na mesma cerimônia], e olhava lá da USP com uma certa desconfiança essa gente tão próxima do poder."

FHC disse que, na época, ele, "talvez com algumas idéias um pouco fora do lugar", imaginava que "a academia devesse ficar mais resguardada".

O presidente disse que foi a primeira vez que aceitou receber um título honorífico no Brasil durante o exercício da Presidência.

Ele afirmou que ficava constrangido quando era convidado para esse tipo de homenagem -três universidades já anunciaram que vão homenagear o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva com títulos de doutor honoris causa. FHC disse que só aceitou a homenagem por estar em fim de governo e que, por isso, ninguém poderia dizer que ele aceitou "por outros motivos".

Apesar de filiado ao PSDB, Candido Mendes apoiou Lula. Também recebeu a homenagem da universidade o ex-presidente de Portugal Mário Soares.
 

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