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11/11/2002
-
10h11
da Folha de S.Paulo
As três forças armadas têm hoje necessidades - e problemas - diferentes de reequipamento, mas Marinha, Exército e Força Aérea esperam a mesma coisa de um governo do PT: que uma política industrial que defenda a empresa nacional permita a recuperação da indústria de defesa.
O Exército está já faz algum tempo estudando a renovação da sua frota de blindados sobre rodas, formada pelos carros Urutu e Cascavel.
O próximo governo federal terá de decidir sobre a chamada Nova Família de Blindados para substituir esses veículos de seis rodas, hoje obsoletos. A substituição completa envolveria a compra de centenas de veículos.
A fabricante desses veículos, a Engesa, faliu. O Exército estuda agora comprar dois veículos básicos, um de quatro rodas e outro de oito rodas, e várias empresas estrangeiras têm enviado modelos para testes no Rio de Janeiro.
Um dos carros blindados já enviados, o italiano Centauro, de oito rodas, tem um poderoso canhão de calibre 105 mm (em comparação com o de 90 mm do Cascavel). Ironicamente, um dos veículos da Engesa que não chegou a ser produzido em série e representaria o sucessor natural do Cascavel, o Sucuri, também com seis rodas, tinha o mesmo canhão que o Centauro.
Na falta de um fabricante local -especialmente para os modelos mais caros, como os de oito rodas armados com canhão de grande calibre-, uma das possibilidades em estudo é a associação de fabricante estrangeiro com uma empresa brasileira.
Equipamentos
A Marinha é a que tem o equipamento relativamente mais moderno entre as três forças, mas o projeto do sonhado submarino nuclear e a construção de modelos convencionais e navios de superfície estão prosseguindo a passo lento pela falta de verba. É o caso de um submarino e uma corveta em construção no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
A Força Aérea vive a situação mais complexa, com parte de suas necessidades sendo supridas na última hora pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso - e parte do problema deixado para o sucessor.
Boa parte dos aviões da Força Aérea ficou obsoleta ao mesmo tempo na virada do século. Junte-se a isso a falta de recursos para operação das aeronaves, o resultado foi a criação do emergencial Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, aprovado pela presidência em julho de 2000.
O programa prevê gastos de US$ 2,8 bilhões até 2007 para substituir e modernizar aviões de caça, transporte (leve e pesado) e patrulha marítima.
Quinta-feira passada dois dos projetos foram definidos em reunião do Conselho de Defesa Nacional , a modernização da eletrônica de aviões de patrulha marítima americanos P-3 Orion, e a compra de 12 aviões de transporte leve C-295, ambos vencidos pela empresa espanhola Casa.
A compra dos P-3 havia desagradado a Embraer, pois o fabricante brasileiro de aviões tinha um projeto de avião de patrulha baseado no seu jato regional EMB-145.
Mas dificilmente o novo governo poderá cancelar o projeto, pois os aviões foram comprados em 2000. A modernização deve durar dois anos e meio. Desde 1996, quando foram desativados os P-16 Tracker da FAB, que serviam também a bordo do porta-aviões Minas Gerais, que o país não tem uma aeronave adequada de busca e salvamento e de guerra anti-submarina.
Já o avião de transporte leve é menos polêmico, pois não há um produto da Embraer semelhante, e a FAB precisa rapidamente substituir os velhos C-115 Buffalo, essenciais ao transporte de cargas na Amazônia, ainda mais agora que o programa Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) está entrando em operação.
Concorreram ao projeto apenas aviões estrangeiros -além do espanhol Casa-295, um consórcio ítalo-americano (avião C-27J) e outro russo-ucraniano (AN-32).
Negócios
A vitória do PT foi vista com bons olhos pelo consórcio franco-brasileiro que concorre ao mais complexo projeto, o futuro caça que substituirá os Mirage III da FAB. Lula deu declarações durante a eleição de que gostaria que a compra fosse feita no país. A Embraer se dispôs a montar o caça francês Mirage 2000 no Brasil.
O programa F-X envolve a princípio 12 caças. Mas os franceses esperam que o Mirage 2000 venha também a substituir os também antigos F-5 da FAB (que estão em processo de modernização, mas com aposentadoria não muito distante), e que a produção atinja eventualmente algumas dezenas de aeronaves.
Um dos trunfos dos franceses é curioso. Outro avião bem cotado tecnicamente, o sueco Gripen, tem alta proporção de equipamento americano. E os EUA e o PT têm um delicado relacionamento pela frente.
Militares esperam reequipamento das Forças Armadas
RICARDO BONALUME NETOda Folha de S.Paulo
As três forças armadas têm hoje necessidades - e problemas - diferentes de reequipamento, mas Marinha, Exército e Força Aérea esperam a mesma coisa de um governo do PT: que uma política industrial que defenda a empresa nacional permita a recuperação da indústria de defesa.
O Exército está já faz algum tempo estudando a renovação da sua frota de blindados sobre rodas, formada pelos carros Urutu e Cascavel.
O próximo governo federal terá de decidir sobre a chamada Nova Família de Blindados para substituir esses veículos de seis rodas, hoje obsoletos. A substituição completa envolveria a compra de centenas de veículos.
A fabricante desses veículos, a Engesa, faliu. O Exército estuda agora comprar dois veículos básicos, um de quatro rodas e outro de oito rodas, e várias empresas estrangeiras têm enviado modelos para testes no Rio de Janeiro.
Um dos carros blindados já enviados, o italiano Centauro, de oito rodas, tem um poderoso canhão de calibre 105 mm (em comparação com o de 90 mm do Cascavel). Ironicamente, um dos veículos da Engesa que não chegou a ser produzido em série e representaria o sucessor natural do Cascavel, o Sucuri, também com seis rodas, tinha o mesmo canhão que o Centauro.
Na falta de um fabricante local -especialmente para os modelos mais caros, como os de oito rodas armados com canhão de grande calibre-, uma das possibilidades em estudo é a associação de fabricante estrangeiro com uma empresa brasileira.
Equipamentos
A Marinha é a que tem o equipamento relativamente mais moderno entre as três forças, mas o projeto do sonhado submarino nuclear e a construção de modelos convencionais e navios de superfície estão prosseguindo a passo lento pela falta de verba. É o caso de um submarino e uma corveta em construção no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
A Força Aérea vive a situação mais complexa, com parte de suas necessidades sendo supridas na última hora pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso - e parte do problema deixado para o sucessor.
Boa parte dos aviões da Força Aérea ficou obsoleta ao mesmo tempo na virada do século. Junte-se a isso a falta de recursos para operação das aeronaves, o resultado foi a criação do emergencial Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, aprovado pela presidência em julho de 2000.
O programa prevê gastos de US$ 2,8 bilhões até 2007 para substituir e modernizar aviões de caça, transporte (leve e pesado) e patrulha marítima.
Quinta-feira passada dois dos projetos foram definidos em reunião do Conselho de Defesa Nacional , a modernização da eletrônica de aviões de patrulha marítima americanos P-3 Orion, e a compra de 12 aviões de transporte leve C-295, ambos vencidos pela empresa espanhola Casa.
A compra dos P-3 havia desagradado a Embraer, pois o fabricante brasileiro de aviões tinha um projeto de avião de patrulha baseado no seu jato regional EMB-145.
Mas dificilmente o novo governo poderá cancelar o projeto, pois os aviões foram comprados em 2000. A modernização deve durar dois anos e meio. Desde 1996, quando foram desativados os P-16 Tracker da FAB, que serviam também a bordo do porta-aviões Minas Gerais, que o país não tem uma aeronave adequada de busca e salvamento e de guerra anti-submarina.
Já o avião de transporte leve é menos polêmico, pois não há um produto da Embraer semelhante, e a FAB precisa rapidamente substituir os velhos C-115 Buffalo, essenciais ao transporte de cargas na Amazônia, ainda mais agora que o programa Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) está entrando em operação.
Concorreram ao projeto apenas aviões estrangeiros -além do espanhol Casa-295, um consórcio ítalo-americano (avião C-27J) e outro russo-ucraniano (AN-32).
Negócios
A vitória do PT foi vista com bons olhos pelo consórcio franco-brasileiro que concorre ao mais complexo projeto, o futuro caça que substituirá os Mirage III da FAB. Lula deu declarações durante a eleição de que gostaria que a compra fosse feita no país. A Embraer se dispôs a montar o caça francês Mirage 2000 no Brasil.
O programa F-X envolve a princípio 12 caças. Mas os franceses esperam que o Mirage 2000 venha também a substituir os também antigos F-5 da FAB (que estão em processo de modernização, mas com aposentadoria não muito distante), e que a produção atinja eventualmente algumas dezenas de aeronaves.
Um dos trunfos dos franceses é curioso. Outro avião bem cotado tecnicamente, o sueco Gripen, tem alta proporção de equipamento americano. E os EUA e o PT têm um delicado relacionamento pela frente.
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