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13/11/2002 - 16h39

Enéas impede Havanir de falar e atribui acusação à venda de cartilhas

SILVIO NAVARRO
da Folha Online

A justificativa do Prona (Partido da Reedificação da Ordem Nacional) para as acusações de venda de vagas a candidatos a deputado estadual foi a mesma da que foi apresentada em 1997, quando o partido enfrentou acusações semelhantes: o dinheiro cobrado para garantir lugar na legenda refere-se à compra de cartilhas com idéias político-econômicas do fundador do partido, o médico cardiologista Enéas Carneiro.

Como há cinco anos, a voz de defesa do partido foi a de Enéas, o deputado federal mais votado da história. Apesar de estarem lado a lado durante os pouco mais de 30 minutos de entrevista, o presidente nacional da legenda impediu que a vereadora Havanir Nimtz (SP) -deputada estadual eleita mais bem votada, com estrondosos 680 mil votos-, se pronunciasse.

"Por ordem expressa do presidente nacional do partido, ela não vai falar. Eu sou um homem. A doutora está muito angustiada com essa história, com esse estresse e pode se emocionar. Ela vai se pronunciar por escrito", afirmou.

Segundo Enéas, cada exemplar da cartilha custa R$ 10, e o dinheiro é pago à Livraria e Editora Enéas Ferreira Carneiro Ltda., de propriedade do médico. O custo do exemplar para ele é de R$ 1, e o dinheiro é repassado ao partido "conforme a necessidade do Prona".

Reportagem exibida ontem pelo telejornal "SPTV", da Rede Globo, mostra gravação telefônica em que Havanir aparece cobrando R$ 5.000 do microempresário de Santos Jorge Roberto Leite para que ele garantisse uma vaga na disputa para a Assembléia Legislativa de São Paulo. Perícia na fita feita pelo foneticista Ricardo Molina, da Unicamp, constatou que a voz da gravação é de Havanir.

"Não há nada de ilegal em vender cartilhas quando uma pessoa quer comprá-las. Porque quando a pessoa não quer [comprar cartilhas] ela pode ser candidata do mesmo jeito. Não é imposição, é mentira desse senhor. Nós só ouvimos pedaços da fita. Em nenhum momento ela [Havanir] ela exige, sugere", disse.

Enéas também proibiu a Rede Globo de entrar na sede do partido, localizada na avenida Brigadeiro Luís Antônio, região central da capital, onde a entrevista foi concedida nesta tarde.

O cardiologista alegou que as acusações de compra de vagas fazem parte de uma "campanha" contra o Prona, e seriam motivadas por interessados em ficar com os mandatos dos deputados eleitos pelo partido. "Por que o colega [Leite] foi convidado ao suborno? Eu não sei. Tem que observar quem é que se beneficia com esta história. Olhe para a lista de quem entraria se nós saíssemos... deve haver alguém", afirmou.

Durante a entrevista, Enéas empunhou um ofício datado em 4 de novembro de 2002, assinado por ele, pela vereadora, entre outros integrantes da legenda, que foi enviado ao Ministério da Justiça. No documento, eles alegam perseguição política, tentativa de suborno e denunciam que receberam sucessivas ameaças de morte, fruto da "votação estrondosa" que receberam nas eleições.

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