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12/12/2002 - 18h01

Saiba mais sobre o futuro ministro da Casa Civil, o deputado José Dirceu

da Folha de S.Paulo

O futuro ministro da Casa Civil, deputado federal José Dirceu (PT-SP), nasceu em 16 de março de 46 em Passa Quatro (MG). Começou a acompanhar política de pequeno, quando seu pai, udenista, discutia com o sócio, petebista, na tipografia dos dois, a Ordem e Progresso.

Em 61, aos 15 anos, mudou-se para São Paulo. Empregou-se como "office-boy" numa imobiliária. O dono, Nicola Avalone, era deputado estadual pelo PDC, e com ele Dirceu teve um "curso prático de política". Ia diariamente à Assembléia Legislativa de São Paulo.

"Presenciei acordos e articulações, vi o Ademar de Barros governar, soube do famoso dr. Rui _apelido que ele dava à amante, de cuja casa a guerrilha levaria um cofre de dólares", disse ele.

Estudava à noite no Colégio Paulistano. Sob Jango, reunia-se com colegas para ler Marx e Lenin. Em 64, ano do golpe, levou bomba na USP. Passou na PUC, curso de direito.

Integrou-se à "Turma da Canalha", que se insurgia contra hábitos impostos pela direção da PUC. Exigiram que homens e mulheres, antes separados, passassem a se misturar em sala de aula.

Em 65, filiou-se ao PCB. Em 66, foi preso pela primeira vez. Na época, namorava Iara Iavelberg, que mais tarde viveria com Carlos Lamarca e, como ele, seria assassinada na Bahia.

Certa noite, policiais invadiram seu apartamento. Levaram-no preso. Franco Montoro, professor na PUC, depôs a seu favor. Solto, descobriu que fora preso por ser amigo de dois vizinhos italianos, militantes de uma célula clandestina e militarizada da ALN. "Entrei de gaiato na história. Convenci a polícia de que só queria sair com as meninas, curtir a vida."

Virou presidente de centro acadêmico. Em 67, já dirigia a União Estadual dos Estudantes. Vinculou-se à Dissidência, corrente que se descolou do PCB, "aburguesado". Opunha-se, porém, à luta armada.

Tentou virar articulista de jornal. Entregou um texto a Cláudio Abramo. Queria vê-lo publicado na Folha. Abramo leu, amassou e jogou no lixo. "Você gosta de ler? Então continua lendo. Depois, escreve de novo e traz outro artigo". Manteve o relacionamento com Abramo. Mas não ousou um segundo texto. "Entendi o recado."

Em outubro de 68, num sítio de Ibiúna (SP), durante o célebre congresso estudantil da UNE (União Nacional dos Estudantes) que escolheria o próximo presidente da entidade, Dirceu foi preso novamente. Oito líderes foram levados ao Forte Itaipu, em Santos. Beneficiados por habeas corpus, quatro saíram. O restante permaneceu preso, entre eles Dirceu.

Foi libertado em 7 de setembro de 69, junto com um grupo de políticos, trocados pelo embaixador americano Charles Elbrick. Dirceu refugiou-se em Cuba e foi recebido por Fidel Castro. Abrigou-se na "casa dos 28", ninho de treinamento de guerrilha.

O futuro ministro da Casa Civil retornou ao Brasil em 71, como integrante do Molipo (Movimento de Libertação Popular). Voltou a Cuba no mesmo ano, fez plástica no rosto com médicos chineses e, em 75, retornou ao Brasil.

Viveu clandestinamente em Cruzeiro do Oeste (PR), sob falsa identidade. Casou-se com uma dona de butique, teve um filho e só emergiu depois da anistia, com o rosto reconstituído por nova plástica cubana. Elegeu-se deputado estadual e federal, seu mandato atual.

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