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15/12/2002 - 04h07

Eleitos nos Estados tiveram as campanhas mais caras

LUCIO VAZ
SILVANA DE FREITAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

As doações para os candidatos aos governos estaduais declaradas à Justiça Eleitoral mostram a influência do poder econômico nestas eleições. Em pelo menos 19 Estados e no Distrito Federal, foram eleitos os que tiveram as campanhas mais caras.

O campeão de arrecadação, o governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), por exemplo, levantou R$ 12,4 milhões, contra apenas R$ 545 mil do seu principal adversário, Nilmário Miranda (PT).

Na relação entre o custo da campanha e a votação obtida, o voto mais "caro" foi o da candidata derrotada do PT ao governo do Amapá, Maria Dalva Figueiredo, no valor de R$ 21,17. Nos registros oficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), consta arrecadação de R$ 2,2 milhões e apuração de 104.764 votos para Dalva.

Em segundo lugar, está o candidato eleito ao governo do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), com "custo unitário" do voto de R$ 16,79. Ele teve a terceira maior receita (R$ 10,3 milhões), sendo que 65% bancados do próprio bolso e das empresas da família. Só em propaganda e produções audiovisuais gastou R$ 2,5 milhões.

O custo total declarado das campanhas para os governos estaduais chegou a R$ 186,2 milhões, mais que o dobro dos valores informados pelos seis candidatos à Presidência da República. A soma das doações aos cargos do Poder Executivo (federal e estaduais) foi R$ 267 milhões.

Essa cifra é ainda maior, considerando-se a possibilidade de candidatos terem omitido parte das contribuições recebidas, porque a Justiça Eleitoral não tem como impedir a prática do chamado caixa dois.

O partido que mais arrecadou na disputa aos governos estaduais foi o PSDB, com R$ 53,6 milhões, ou seja, 30% do total. O PT ficou em segundo, com R$ 27,4 milhões, ou 14,7%.

Os registros do TSE também mostram o peso político dos governadores na busca dos recursos para as campanhas. Em 15 Estados, os candidatos apoiados pelos governadores, ou os próprios governadores, tiveram mais recursos do que seus adversários.

Em alguns Estados houve verdadeiros massacres. O governador eleito do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), levantou R$ 8,6 milhões, contra R$ 598 mil de José Airton (PT) -apenas com camisetas, o tucano gastou R$ 745 mil, contra R$ 13,8 mil do petista. Ainda assim, o tucano venceu a eleição no segundo turno com apenas 3.047 votos de diferença.

Em Goiás, o governador Marconi Perillo gastou R$ 9,1 milhões para garantir a sua reeleição. O senador e ex-governador Maguito Vilela (PMDB) registrou arrecadação de R$ 815 mil.

O candidato que mais arrecadou, Aécio Neves, consumiu R$ 807 mil em viagens pelo Estado e R$ 3,3 milhões em produções audiovisuais e publicidade. O seu adversário, o deputado Nilmáro Miranda (PT), usou em propaganda a maior parte dos R$ 545 mil recolhidos (R$ 355 mil). Em camisetas e bonés, o petista declarou ter gasto apenas R$ 1.320.

Mas a maior arrecadação nem sempre assegurou a vitória. No Piauí, o petista Wellington Dias gastou R$ 411 mil para desbancar o governador Hugo Napoleão (PFL), que tentou a reeleição com R$ 989 mil. O Comitê Financeiro Único do PT no Piauí registrou arrecadação de mais R$ 617 mil, mas o TSE não informa se parte desse dinheiro foi para a campanha de Wellington.

O Sul do país foi uma exceção à tendência geral do país. No Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina, saíram derrotados os candidatos que tiveram as maiores arrecadações. No Rio Grande, o azarão Germano Rigotto (PMDB) venceu a eleição com arrecadação de R$ 3 milhões, contra R$ 3,7 milhões do petista Tarso Genro, que tinha o apoio do governador Olívio Dutra (PT).

Em Santa Catarina, o governador eleito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) barrou a reeleição de Esperidião Amin (PPB) com uma campanha declarada de R$ 2,4 milhões. Amin registrou arrecadação de R$ 3,7 milhões.

O candidato derrotado ao governo do Rio Grande do Norte, Fernando Freire (PPB), declarou doações no valor de R$ 171,6 mil na conta da sua campanha. O Comitê Financeiro Único do PPB no Estado registrou mais R$ 1,5 milhão em contribuições, mas não especifica se parte do dinheiro foi para a campanha de Freire.

O TSE não tem registros de doações na conta do candidato ao governo de Roraima Ottomar Pinto (PTB). Mas o Comitê Financeiro Único do candidato declara doações no valor de R$ 1,2 milhão.

 

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