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Índios caingangues fazem oito professores reféns no RS
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GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha, em Porto Alegre
Oito professores foram feitos reféns por índios caingangues em Liberato Salzano (388 km de Porto Alegre), no norte do Rio Grande do Sul. Após dez horas --seis das quais eles passaram amarrados--, os reféns foram libertados no início da noite desta quinta-feira.
A ação foi para pressionar o governo estadual a reformar a escola da aldeia. "A escola está caindo aos pedaços, queremos uma providência", disse o caingangue Vilson Moreira.
Uma das reféns, a coordenadora da escola, Loreni Graedin, 44, disse que os professores foram amarrados juntos em um banco --entre eles, uma grávida no terceiro mês de gestação.
Ela não caracterizou como violência física passar seis horas amarrada ou não poder deixar a aldeia.
"Estou ansiosa para voltar para casa, mas não houve mau trato", contou ela à Folha, usando um celular cedido por um índio, enquanto ainda era mantida refém.
A Secretaria Estadual de Educação informou que enviou um técnico para discutir as melhorias na escola, mas ele só deve entrar em contato com os índios hoje. O governo afirma que uma nova escola será construída após a liberação de recursos federais. Não há data para a obra começar.
A reserva de Rio da Várzea tem 16 mil hectares e uma população de 600 índios, de acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio). A escola que é objeto da discórdia tem três salas de aula que precisam ser divididas entre 160 estudantes de todas as séries do ensino fundamental.
Conflitos
Segundo a Funai, a população caingangue é de aproximadamente 29 mil pessoas, distribuídas em 30 aldeias em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os caingangue também estão no centro de conflitos fundiários no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em agosto, 40 índios invadiram a sede da Funai em Passo Fundo para pressionar pela aceleração da criação de uma reserva no município gaúcho de Cacique Doble, próxima à divisa entre os dois Estados.
Os índios caingangue já participaram neste ano de uma invasão a um prédio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), em Curitiba, e de bloqueios a rodovias paranaenses. Os protestos em junho foram por melhorias no atendimento de saúde em suas aldeias.
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