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18/01/2003
-
06h03
WILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos líderes aliados em reunião na Granja do Torto que o seu governo vem discutindo de forma errada a reforma da Previdência. Segundo ele, é preciso primeiro elaborar o projeto, em vez de discutir pontos da reforma.
"Precisamos primeiro fechar um projeto internamente, e não discutir pontualmente a reforma [da Previdência". Precisamos ouvir mais a sociedade e falar menos", disse, segundo os líderes. Para eles, a afirmação foi uma crítica ao ministro Ricardo Berzoini, que recuou de suas propostas.
Primeiro, Berzoini disse que os militares perderiam a aposentadoria especial. Depois, diante da pressão, voltou atrás. Anteontem, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fez um reparo, dizendo que algum tipo de concessão os militares teriam de fazer. Mais: Dirceu deu ordem a Berzoini para que prepare antes um projeto e só depois abra discussão pública.
Segundo participantes da reunião, Lula disse que a reforma da Previdência tem de ser feita sem gerar tensões sociais. Ele afirmou que um grupo de pessoas o orienta sobre as palavras que deve usar para não gerar tensões ou duplo sentido e que os ministros deveriam ter esse mesmo cuidado.
Lula negou a possibilidade de adiar a reforma tributária para 2004 ou 2005. A intenção é apresentar a proposta no segundo semestre, quando espera que a Câmara já tenha votada a reforma previdenciária. Ele disse que quer uma ampla reforma tributária e que, para ela dar certo, o governo vai ouvir antes os governadores.
"Vou falar com os governadores. Cada um vai ter que perder um pouco para que o país saia ganhando", afirmou. Segundo ele, os governadores impediram que a reforma prosperasse no governo FHC, emperrando as discussões.
Segundo os participantes, Lula afirmou que é preciso modernizar a legislação do trabalho e reformar a estrutura sindical, de forma que os sindicatos sejam mais representativos. Ele também disse que, no seu tempo, um curso do Senai era grande coisa, agora nem diploma universitário é o bastante para garantir uma boa colocação.
Sobre a eleição para presidente do Senado, Lula recomendou aos aliados que façam o possível para evitar que os dois candidatos do PMDB (José Sarney e Renan Calheiros) disputem no voto. Ele lembrou os conflitos na eleição de Jader Barbalho (PMDB-PA) e disse que a solução deve ser negociada para evitar "divisões de ódio".
Além de Lula e Dirceu, estiveram na Granja do Torto o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci; o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), apresentado por Lula como candidato à presidência da Câmara, e o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Dos líderes partidários na Câmara e dirigentes aliados, foram à reunião Nelson Pellegrino (PT-BA), Valdemar Costa Neto (PL-SP), João Herrmann (PPS-SP), Roberto Jefferson (PTB), Neiva Moreira (PDT-RJ), José Antônio Almeida (PSB-MA), Edson Duarte (PV-BA) e Cabo Júlio (PST-MG). Num momento de descontração, o pedetista Neiva Moreira, antigo dirigente de esquerda, arrancou risadas de Lula e dos presentes ao dizer: "Estou há 50 anos na oposição. Hoje é o primeiro dia em que estou sentado com a situação. E estou gostando muito".
Veja também o especial Governo Lula
Lula diz que governo deve falar menos e ouvir mais
KENNEDY ALENCARWILSON SILVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos líderes aliados em reunião na Granja do Torto que o seu governo vem discutindo de forma errada a reforma da Previdência. Segundo ele, é preciso primeiro elaborar o projeto, em vez de discutir pontos da reforma.
"Precisamos primeiro fechar um projeto internamente, e não discutir pontualmente a reforma [da Previdência". Precisamos ouvir mais a sociedade e falar menos", disse, segundo os líderes. Para eles, a afirmação foi uma crítica ao ministro Ricardo Berzoini, que recuou de suas propostas.
Primeiro, Berzoini disse que os militares perderiam a aposentadoria especial. Depois, diante da pressão, voltou atrás. Anteontem, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fez um reparo, dizendo que algum tipo de concessão os militares teriam de fazer. Mais: Dirceu deu ordem a Berzoini para que prepare antes um projeto e só depois abra discussão pública.
Segundo participantes da reunião, Lula disse que a reforma da Previdência tem de ser feita sem gerar tensões sociais. Ele afirmou que um grupo de pessoas o orienta sobre as palavras que deve usar para não gerar tensões ou duplo sentido e que os ministros deveriam ter esse mesmo cuidado.
Lula negou a possibilidade de adiar a reforma tributária para 2004 ou 2005. A intenção é apresentar a proposta no segundo semestre, quando espera que a Câmara já tenha votada a reforma previdenciária. Ele disse que quer uma ampla reforma tributária e que, para ela dar certo, o governo vai ouvir antes os governadores.
"Vou falar com os governadores. Cada um vai ter que perder um pouco para que o país saia ganhando", afirmou. Segundo ele, os governadores impediram que a reforma prosperasse no governo FHC, emperrando as discussões.
Segundo os participantes, Lula afirmou que é preciso modernizar a legislação do trabalho e reformar a estrutura sindical, de forma que os sindicatos sejam mais representativos. Ele também disse que, no seu tempo, um curso do Senai era grande coisa, agora nem diploma universitário é o bastante para garantir uma boa colocação.
Sobre a eleição para presidente do Senado, Lula recomendou aos aliados que façam o possível para evitar que os dois candidatos do PMDB (José Sarney e Renan Calheiros) disputem no voto. Ele lembrou os conflitos na eleição de Jader Barbalho (PMDB-PA) e disse que a solução deve ser negociada para evitar "divisões de ódio".
Além de Lula e Dirceu, estiveram na Granja do Torto o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci; o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), apresentado por Lula como candidato à presidência da Câmara, e o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Dos líderes partidários na Câmara e dirigentes aliados, foram à reunião Nelson Pellegrino (PT-BA), Valdemar Costa Neto (PL-SP), João Herrmann (PPS-SP), Roberto Jefferson (PTB), Neiva Moreira (PDT-RJ), José Antônio Almeida (PSB-MA), Edson Duarte (PV-BA) e Cabo Júlio (PST-MG). Num momento de descontração, o pedetista Neiva Moreira, antigo dirigente de esquerda, arrancou risadas de Lula e dos presentes ao dizer: "Estou há 50 anos na oposição. Hoje é o primeiro dia em que estou sentado com a situação. E estou gostando muito".
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