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24/01/2003 - 07h35

Juro alto é remédio necessário, diz Lula

LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Curitiba
MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou ontem uma analogia médica para justificar a decisão de elevar a taxa dos juros, anunciada anteontem pelo Banco Central. Lula também pediu paciência em relação às mudanças prometidas.

"É como se nós tivéssemos um filho com febre e quiséssemos mudar de médico e de medicamento. E, entre um médico e outro, esse filho tivesse febre. Você, talvez, tivesse que dar o mesmo medicamento que foi a razão pela qual você tirou a criança do médico", disse, em discurso durante a posse do novo diretor-geral da empresa Itaipu Binacional, Jorge Samek, em Curitiba (PR).

A decisão do BC de elevar a taxa básica anual de juros de 25% para 25,5% foi criticada por sindicatos e entidades empresariais. O governo foi acusado de incoerência, uma vez que criticava ações semelhantes do governo anterior.

A analogia com a febre foi feita num momento do discurso de Lula em que ele diz que a população está "otimista" e mantém a "paciência" com o governo.

"Todas as pessoas sabem que há um tempo [para as mudanças]. Nós precisamos apenas ter paciência", disse Lula.

Apesar de reafirmar que os avanços começarão a surgir ainda em 2003, lembrou que um "bom técnico de futebol" não começa ganhando, termina ganhando. "Nós poderemos até cometer alguns erros, mas eu posso olhar na cara de cada um de vocês e dizer que não cometeremos o erro de negar nenhum dos ideais que foi a razão pela nós chegamos à Presidência da República", disse.

Segundo Lula, "chegou a hora de o presidente da República (...) provar se seremos capazes de fazer aquilo que a gente queria que os outros fizessem quando nós não estávamos no governo."

"Não adianta dar desculpas: "Eu não fiz porque o outro não deixou", "eu não fiz porque a coisa está ruim". Se isso fosse verdade, nós nem concorreríamos porque nós já conhecíamos a realidade."

Dirigindo-se aos ministros presentes -José Dirceu (Casa Civil), Cristovam Buarque (Educação), Dilma Rousseff (Minas e Energia) e Samuel Pinheiro (interino das Relações Exteriores)-, o presidente afirmou que não sacrificará os investimentos sociais.

"Os ministros sabem que o orçamento está apertado. Mas cada ministro sabe também que, se tivermos que cortar alguma verba do Orçamento, nós não cortaremos verbas da área social", disse.

No evento, Lula levou várias vezes a mão ao ombro direito e contorceu o rosto, indicando sentir dores causadas pela bursite (inflamação). Porém, não deixou de cumprimentar a população que o aguardava. De Curitiba, seguiu para Porto Alegre, onde participa hoje do Fórum Social Mundial.

Liderança regional
Lula disse que já teve encontros com os presidentes de Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile, Equador, Venezuela e Colômbia e que todos têm demonstrado expectativa de que o Brasil assuma uma liderança regional. "É impressionante como todos esses países quase estão a exigir que o Brasil lidere a América do Sul."

Afirmou ainda que "o Mercosul nunca fracassou. O que fracassou foram as políticas econômicas brasileira e argentina, na medida em que esses dois países trabalharam com uma moeda irreal, sobrevalorizada".

"Estou convencido de que o nosso país, se quisesse, poderia ter exercido de fato e de direito a responsabilidade de uma política afinada com toda a América do Sul. Lamentavelmente, fomos colonizados por um país europeu", afirmou o presidente.

Veja também o especial Governo Lula
 

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