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29/01/2003 - 05h58

Brasil e França travam "diálogo de surdos" sobre questão agrícola

CLÓVIS ROSSI
FERNANDO RODRIGUES

da Folha de S.Paulo, em Paris

Nem todas as amabilidades trocadas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Jacques Chirac bastaram para ocultar um fato, apontado pelo ministro Luiz Fernando Furlan durante o almoço entre as duas delegações: "O diálogo [entre Brasil e França] é um diálogo de surdos em relação ao protecionismo agrícola".

Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) lembrou que viera à França na condição de ministro, mas, antes, como empresário, queixara-se muitas vezes do protecionismo, sem obter respostas.

Tanto não houve resposta, nem antes nem agora, que Lula disse que há 99%, mas não 100%, de "concordância e vontade brasileira e francesa de aperfeiçoar as nossas relações".

O que falta é justamente a questão agrícola. A uma pergunta da Folha, Chirac negou que haja protecionismo: "Essa história de protecionismo europeu é mais propaganda que realidade. A Europa dá muito menos subsídio à agricultura que os EUA".

A comparação é polêmica, mas não oculta o fato de que o Brasil se empenha inutilmente para que ambos (Europa e EUA) reduzam ou eliminem o protecionismo.

O petista obteve no máximo a vaga promessa de Chirac de "disposição para negociar com o Brasil e o Mercosul algo que possa levar em conta todos os aspectos possíveis da cooperação".

Lula, no entanto, parece ter aceitado a comparação de seu colega francês entre os protecionismos europeu e norte-americano, a ponto de enveredar, na sua vez de responder, pela crítica aos EUA. "Achamos que não é possível aceitar as medidas protecionistas já aprovadas pelo Congresso norte-americano para começar a discutir a implantação da Alca."

Refere-se à proteção aos produtores norte-americanos de aço e à legislação agrícola dos EUA, fortemente protecionistas. "Se quisermos fazer um jogo de livre comércio, que o livre comércio seja para todos e não apenas para alguns. Não aceitaremos, em hipótese alguma, essa política de dois pesos e duas medidas", disse Lula.

O petista aproveitou a entrevista para lamentar o reduzido nível de comércio entre os dois países, hoje na altura dos US$ 3 bilhões. Volume tão pequeno que o presidente chegou a dizer que, "muitas vezes as relações com parceiros europeus, sobretudo aqueles mais próximos, como Portugal, Espanha e França, são mais sentimentais que relações econômicas de verdade".

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