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04/02/2003 - 06h59

"Serei duro com radicais", diz Palocci

da Folha de S.Paulo, em Brasília

Três dias após ter sido cobrado pela ala radical de seu próprio partido em uma reunião interna e de ser chamado inclusive de "neoliberal", o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, mandou ontem um recado aos críticos petistas: vai jogar "duro" para assegurar o cumprimento das políticas prometidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral.

"Vou fazer um debate com eles [os radicais] com tranquilidade, mas vou ser duro", disse o ministro, no Quartel-General do Exército, em Brasília.

Por "ser duro", Palocci explicou que pretende mostrar "de forma clara" que o programa de governo de Lula, marcado pela moderação econômica, pela rejeição a mudanças abruptas de rumo e pelo aval ao acordo com o FMI é real, e não só uma peça de campanha.

"Houve um problema na eleição e no período pós-eleitoral. Radicais de esquerda e direita acreditaram que o programa do presidente era para ganhar a eleição. Agora, descobriram que não, que é para governar o país."

Com franqueza incomum no vocabulário petista, Palocci não se furtou a chamar de "radicais" os representantes das alas do partido não alinhadas à direção. O termo é evitado por significar o reconhecimento de que há uma divisão interna no PT.

O ministro chegou a adotar um tom debochado contra a ala radical em determinados momentos. "Estou sempre pronto para novos debates, mas sugiro aos nossos amigos mais radicais que releiam o programa de governo", disse.

Palocci afirmou que vai fazer um debate "com muita generosidade": "Respeito as posições deles, embora sejam muito minoritários." Na verdade, as alas "de esquerda" do PT representam parcela significativa do partido, cerca de um terço do diretório nacional.

Os "radicais", cujas principais lideranças incluem a senadora Heloísa Helena (AL), a deputada federal Luciana Genro (RS) e o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, criticam diversos aspectos do atual governo, atitude que trazem desde a campanha.

Eles foram contrários à aliança com o PL, defendiam o rompimento com o FMI e, mais recentemente, criticaram a nomeação de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central e a elevação da taxa de juros para 25,5%.

"Quando eles [os radicais] criticam pontos do programa de governo é preciso ter claro que foi um programa defendido diante do povo. Não podemos buscar outro caminho", declarou.

Palocci, apesar de esforçar-se em afirmar que não havia crise e que sua intenção não era mandar recado algum, admitiu que o debate interno no PT, muitas vezes, "acaba em conflito".
 

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