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18/02/2003 - 20h00

Lula critica governos anteriores no "Le Monde", que o cita para o Nobel

da Folha Online

Em edição em que o presidente Luiz Inacio Lula da Silva é citado como possível candidato ao prêmio Nobel da Paz, o jornal francês "Le Monde" publicou hoje um artigo de Lula, no qual o presidente trata dos principais objetivos de seu governo e faz críticas aos seus antecessores.

No artigo publicado pelo "Le Monde", Lula descreve o Brasil como "um grande país que tem mais de 170 milhões de habitantes e figura entre as dez primeiras potências econômicas mundiais".

Ao falar à agência France Presse sobre o Nobel, Stein Toennesson, diretor do Instituto de pesquisas pela Paz, em Oslo (Noruega), diz que a indicação de um líder sul-americano envolvido na "luta contra as desigualdades sociais", particularmente o presidente Luiz Inacio Lula da Silva, poderia ocorrer.

Lula traça, em linhas gerais, o desenvolvimento econômico do país desde a década de 1930. Segundo o presidente, o Brasil "conheceu entre 1930 e 1980 um crescimento extraordinário. Após duas décadas, porém, tal crescimento se esgotou, agravando as profundas desigualdades sociais que marcaram a história de nosso desenvolvimento ao longo de todo o século 20".

Após o fim do regime militar, em 1985, diz Lula, e em 1988-89, com a nova Constituição e a volta do sufrágio universal, "o país entrou numa era democrática durável".

Predecessores

Restou, porém a crise decorrente de "más experiências econômicas", que acabaram por constituir uma ameaça à nossa democracia, diz Lula.

"Certas escolhas em matéria de política econômica deixaram nosso país mais vulnerável no plano internacional. Nossos predecessores avaliaram mal a situação internacional e acharam que teriam mais vantagens que inconvenientes ao render nosso país ao capital internacional", escreve Lula no "Le Monde".

Lula destaca que hoje há necessidade de combater a pobreza e a miséria absoluta, mas que "uma mudança de modelo econômico não se completa em um dia". É necessário tempo, para evitar volta da inflação, diz ele. "Estamos firmemente decididos a manter o equilíbrio fiscal (..) honrar nossos compromissos e assegurar as condições que encorajem investimentos produtivos, nacionais e internacionais".

A fase de transição, segundo Lula exige "uma redefinição do papel do Brasil no mundo", e a América do Sul será prioridade da política externa brasileira.


Mercosul

Lula diz que o Mercosul precisa ser consolidado e ampliado e critica "algumas vozes [que] se elevaram para pedir o fim do bloco ou sua redução à uma simples zona de livre comércio".

O presidente afirma querer uma "zona de convergência de políticas ativas nos domínios industrial, agrícola, social, científico e tecnológico", que "possa promover uma reaproximação cultural efetiva, de laços entre nossas universidades e nossos centros de pesquisa".

Para isso, diz Lula, é necessário "um secretariado que ao mesmo tempo assegure a coordenação político-administrativa e tenha uma visão estratégica da integração".

Alca

Em seu artigo, Lula aponta três dificuldades para a implementação da Área de Livre comércio das Américas (Alca):

-disparidades existentes entre a economia norte-americana e aquelas do resto do continente. Se não houver medidas compensatórias, tais disparidades crescerão, diz Lula;

-as medidas protecionistas (não tarifárias) impostas pelos EUA afetam profundamente as exportações brasileiras;

- os EUA agem de maneira seletiva, de modo a querer que certas questões mais delicadas de serem tratadas na Alca sejam tratadas na OMC (Organização Mundial do Comércio). Mas ao mesmo tempo buscam apressar o debate sobre outras questões mais complexas dentro do processo da Alca, mesmo que não estejam regulamentadas pela OMC.

ONU e paz

Lula conclui seu artigo afirmando que seu governo buscará a reforma e o fortalecimento da ONU (Organização das Nações Unidas), que passe por uma nova configuração do Conselho de Segurança.

"Nós aspiramos a um mundo mais igualitário no plano econômico e social, livre das ameaças da anarquia financeira internacional que atinge sobretudo os países em vias de desenvolvimento", diz Lula, acrescentando que seu governo buscará uma democratização das organizações multilaterais.

Lula afirma ainda que a luta pela paz é uma prioridade absoluta, e posiciona-se a favor do desarmamento e da solução negociada de conflitos mundiais.
 

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