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04/03/2003
-
05h32
da Agência Folha
A população de Guaribas e Acauã, os dois municípios do semi-árido do Piauí escolhidos como modelo para implantação do Fome Zero, está submetida a uma dieta insatisfatória, com pouca proteína animal.
A afirmação é da nutricionista Norma Sueli Marques Alberto, técnica da coordenação estadual do programa. Ela chefiou uma equipe de 12 profissionais, que esteve nas duas cidades fazendo um diagnóstico alimentar de 200 famílias _o equivalente a 20% dos beneficiados pelo Fome Zero.
Segundo ela, a alimentação da população nesses locais é muito básica. O consumo é principalmente de feijão, arroz, mandioca e milho. Há pouca ingestão de leite, frutas e verduras. Carne, eles comem raramente _normalmente de animais de criação, como bode, porco ou galinha.
A conclusão inicial é que há excesso de carboidratos e carência de proteínas e vitaminas, como o complexo B-12 e a vitamina C.
A equipe, formada por cinco nutricionistas, um assistente social e seis estagiários de nutrição da Universidade Federal do Piauí, agora vai reunir os dados para avaliar o estado nutricional dessas pessoas. O objetivo é voltar dentro de seis a oito meses para apurar o impacto do programa.
Na segunda passada, começou a distribuição dos R$ 50 para 500 famílias em cada cidade, que só poderão ser gastos com comida. A distribuição vai até dia 11.
Agora começa a ser organizado o próximo passo: o trabalho de orientação nutricional que deve ser desenvolvido nessas cidades. A idéia é capacitar "facilitadores regionais", profissionais das próprias comunidades, para que esse trabalho continue.
"A terra é muito subutilizada. A intenção é trabalhar com os produtores, estimulando a criação de quintais urbanos, com árvores frutíferas. Pode-se plantar mamão em um local onde se costuma lavar roupa ou louça, por exemplo. Ou ainda hortaliças, tomate, pimentão, vinagreira (folha típica do Nordeste)", diz Norma.
Os profissionais tentarão acabar com alguns preconceitos locais. "Eles não comem apa [fruta-do-conde] porque dizem que é uma fruta 'reimosa' [prejudicial à saúde]. No entanto, ela é rica em vitamina C e potássio. As mulheres não comem melancia quando estão menstruadas porque acham que vão adoecer por conta disso."
População de Guaribas e Acauã tem déficit de proteína
ALESSANDRA KORMANNda Agência Folha
A população de Guaribas e Acauã, os dois municípios do semi-árido do Piauí escolhidos como modelo para implantação do Fome Zero, está submetida a uma dieta insatisfatória, com pouca proteína animal.
A afirmação é da nutricionista Norma Sueli Marques Alberto, técnica da coordenação estadual do programa. Ela chefiou uma equipe de 12 profissionais, que esteve nas duas cidades fazendo um diagnóstico alimentar de 200 famílias _o equivalente a 20% dos beneficiados pelo Fome Zero.
Segundo ela, a alimentação da população nesses locais é muito básica. O consumo é principalmente de feijão, arroz, mandioca e milho. Há pouca ingestão de leite, frutas e verduras. Carne, eles comem raramente _normalmente de animais de criação, como bode, porco ou galinha.
A conclusão inicial é que há excesso de carboidratos e carência de proteínas e vitaminas, como o complexo B-12 e a vitamina C.
A equipe, formada por cinco nutricionistas, um assistente social e seis estagiários de nutrição da Universidade Federal do Piauí, agora vai reunir os dados para avaliar o estado nutricional dessas pessoas. O objetivo é voltar dentro de seis a oito meses para apurar o impacto do programa.
Na segunda passada, começou a distribuição dos R$ 50 para 500 famílias em cada cidade, que só poderão ser gastos com comida. A distribuição vai até dia 11.
Agora começa a ser organizado o próximo passo: o trabalho de orientação nutricional que deve ser desenvolvido nessas cidades. A idéia é capacitar "facilitadores regionais", profissionais das próprias comunidades, para que esse trabalho continue.
"A terra é muito subutilizada. A intenção é trabalhar com os produtores, estimulando a criação de quintais urbanos, com árvores frutíferas. Pode-se plantar mamão em um local onde se costuma lavar roupa ou louça, por exemplo. Ou ainda hortaliças, tomate, pimentão, vinagreira (folha típica do Nordeste)", diz Norma.
Os profissionais tentarão acabar com alguns preconceitos locais. "Eles não comem apa [fruta-do-conde] porque dizem que é uma fruta 'reimosa' [prejudicial à saúde]. No entanto, ela é rica em vitamina C e potássio. As mulheres não comem melancia quando estão menstruadas porque acham que vão adoecer por conta disso."
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