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22/03/2003
-
06h53
da Folha de S.Paulo
O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), fez uma avaliação bastante crítica dos primeiros meses da gestão Lula ontem, ao afirmar que o governo "bate a cabeça" na composição política no Congresso e demora a enviar as reformas para o Legislativo. O deputado disse ainda que o Fome Zero, principal programa social do governo, está mal gerenciado.
"O governo precisa acertar o passo. Eu acho que, do ponto de vista político, precisa definir um pouco mais as suas prioridades", afirmou João Paulo, durante café da manhã com empresários da Apas (Associação Paulista de Supermercados), em São Paulo.
Na avaliação do petista, o governo "precisa constituir sua maioria no Congresso". "Estamos batendo cabeça", afirmou o deputado, que declarou que o governo está "um pouco desorientado na condução política". Ao ser contestado se se referia ao ministro José Dirceu (Casa Civil), responsável pela articulação política do governo, João Paulo disse: "Não sei".
As declarações do presidente da Câmara têm como objetivo evitar que o Legislativo se torne o foco das críticas à demora na condução das reformas tidas como prioritárias para o país.
As críticas de João Paulo enfocam ainda as tentativas do governo, desde o início do ano, de compor uma maioria no Congresso. As negociações com o PMDB, por exemplo, já duram meses.
Para João Paulo, o governo precisa enviar para o Congresso, com a maior rapidez, as propostas de reformas. "Eu, como presidente da Casa, vou fazer a pauta e conduzir os debates, mas seria bom, e evidentemente isso não é imperativo, que o governo apresentasse as suas idéias", afirmou.
João Paulo conhece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de 20 anos. Foi líder do PT na Câmara em 2002 e faz parte do grupo ligado a José Dirceu.
Outro alvo
O Fome Zero, conduzido pelo ministro José Graziano (Segurança Alimentar), também não escapou das críticas de João Paulo.
"O Fome Zero é um programa bom, mas está sendo mal gerenciado. Precisamos tomar providências", disse o petista.
Segundo João Paulo, Graziano não é o responsável por eventuais erros na condução do programa. Ele disse ser "natural" que o ministro não desse conta de conduzir o Fome Zero sozinho.
"O problema é que colocaram nas costas dele uma carga muito maior do que ele poderia suportar", afirmou João Paulo.
Na opinião do petista, o pontos fracos do programa estão relacionados ao tamanho que o Fome Zero tomou e sua consequente operacionalização. "A dimensão que o programa tomou não estava no script", declarou.
João Paulo começou a criticar o governo ontem quando, durante sua exposição, passou a tratar dos erros e acertos da gestão petista.
"O governo não está indo bem em várias coisas. Tem um portfólio de programas sociais em andamento, que ninguém sabe. Nem aqui, muito menos no conjunto da sociedade", afirmou.
Segundo o presidente da Câmara, não é só o Fome Zero que está indo mal. "Há outros programas sociais sobre os quais o governo até agora não apresentou nada."
João Paulo destacou a transição que foi feita pela equipe de Lula e afirmou que a eleição do petista foi uma das maiores demonstrações de ruptura com passado já dadas pela sociedade brasileira.
Afirmou também que o governo "não vacilou" ao tomar medidas aparentemente impopulares, como a alta de juros e o aumento da meta de superávit fiscal.
Para os empresários, ao definir a composição da Câmara, João Paulo disse que "a maioria [dos políticos] é gente conservadora politicamente, mas gente boa". E arrematou: "Sou a terceira autoridade do país", ao se referir à linha de sucessão presidencial.
Governo "bate cabeça" e deve "acertar passo", diz João Paulo
JULIA DUAILIBIda Folha de S.Paulo
O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), fez uma avaliação bastante crítica dos primeiros meses da gestão Lula ontem, ao afirmar que o governo "bate a cabeça" na composição política no Congresso e demora a enviar as reformas para o Legislativo. O deputado disse ainda que o Fome Zero, principal programa social do governo, está mal gerenciado.
"O governo precisa acertar o passo. Eu acho que, do ponto de vista político, precisa definir um pouco mais as suas prioridades", afirmou João Paulo, durante café da manhã com empresários da Apas (Associação Paulista de Supermercados), em São Paulo.
Na avaliação do petista, o governo "precisa constituir sua maioria no Congresso". "Estamos batendo cabeça", afirmou o deputado, que declarou que o governo está "um pouco desorientado na condução política". Ao ser contestado se se referia ao ministro José Dirceu (Casa Civil), responsável pela articulação política do governo, João Paulo disse: "Não sei".
As declarações do presidente da Câmara têm como objetivo evitar que o Legislativo se torne o foco das críticas à demora na condução das reformas tidas como prioritárias para o país.
As críticas de João Paulo enfocam ainda as tentativas do governo, desde o início do ano, de compor uma maioria no Congresso. As negociações com o PMDB, por exemplo, já duram meses.
Para João Paulo, o governo precisa enviar para o Congresso, com a maior rapidez, as propostas de reformas. "Eu, como presidente da Casa, vou fazer a pauta e conduzir os debates, mas seria bom, e evidentemente isso não é imperativo, que o governo apresentasse as suas idéias", afirmou.
João Paulo conhece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de 20 anos. Foi líder do PT na Câmara em 2002 e faz parte do grupo ligado a José Dirceu.
Outro alvo
O Fome Zero, conduzido pelo ministro José Graziano (Segurança Alimentar), também não escapou das críticas de João Paulo.
"O Fome Zero é um programa bom, mas está sendo mal gerenciado. Precisamos tomar providências", disse o petista.
Segundo João Paulo, Graziano não é o responsável por eventuais erros na condução do programa. Ele disse ser "natural" que o ministro não desse conta de conduzir o Fome Zero sozinho.
"O problema é que colocaram nas costas dele uma carga muito maior do que ele poderia suportar", afirmou João Paulo.
Na opinião do petista, o pontos fracos do programa estão relacionados ao tamanho que o Fome Zero tomou e sua consequente operacionalização. "A dimensão que o programa tomou não estava no script", declarou.
João Paulo começou a criticar o governo ontem quando, durante sua exposição, passou a tratar dos erros e acertos da gestão petista.
"O governo não está indo bem em várias coisas. Tem um portfólio de programas sociais em andamento, que ninguém sabe. Nem aqui, muito menos no conjunto da sociedade", afirmou.
Segundo o presidente da Câmara, não é só o Fome Zero que está indo mal. "Há outros programas sociais sobre os quais o governo até agora não apresentou nada."
João Paulo destacou a transição que foi feita pela equipe de Lula e afirmou que a eleição do petista foi uma das maiores demonstrações de ruptura com passado já dadas pela sociedade brasileira.
Afirmou também que o governo "não vacilou" ao tomar medidas aparentemente impopulares, como a alta de juros e o aumento da meta de superávit fiscal.
Para os empresários, ao definir a composição da Câmara, João Paulo disse que "a maioria [dos políticos] é gente conservadora politicamente, mas gente boa". E arrematou: "Sou a terceira autoridade do país", ao se referir à linha de sucessão presidencial.
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