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30/03/2003 - 07h15

Documento interno faz avaliação do desempenho do governo na mídia

HUMBERTO MEDINA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O governo avalia que venceu a "queda de braço" com a mídia para emplacar o programa Fome Zero. É o que se depreende de avaliação da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo), órgão da Presidência da República comandado por Luiz Gushiken.

A análise foi inserida, na última quinta, no documento "Leitura da Mídia". Feito em segredo, é distribuído pela rede interna de computadores do governo. Destina-se às assessorias de imprensa dos demais órgãos do Executivo.

É a primeira vez que o conteúdo do documento vem a público, para contrariedade do Planalto.

O "Leitura da Mídia" propõe-se a analisar diariamente o conteúdo dos jornais. É de responsabilidade do jornalista Bernardo Kucinski, funcionário da Secom. Trata o noticiário com aspereza.

O texto de quinta diz que "argumentos cáusticos [contra o Fome Zero] começaram a envelhecer, e a oferta de novos "deslizes" caiu substancialmente" nas páginas dos jornais. Avalia que "o tom anti-Fome Zero se desgastou".

Segundo o documento, "aos poucos, o governo impõe sua agenda sobre o noticiário, o que se traduz em mais centímetros de coluna para aspectos substantivos" do Fome Zero.

A análise da Secom alfineta a gestão de Fernando Henrique Cardoso: "Enfim, a fome, a insegurança alimentar e a pobreza -trágica herança deixada pelo tucanato- emergem pautadas pelo Fome Zero".
Sem dar nomes, insinua que colunistas estariam a serviço do tucanato.

Analisa assim notícias sobre o suposto enfraquecimento do ministro José Graziano, responsável pelo Fome Zero: "Há dez dias o colunismo tucano faz leasing de seu espaço para anunciar a substituição de Graziano".

Ao tratar das razões do suposto arrefecimento das críticas, o texto diz que a própria Secom "ajudou o início da publicidade gratuita [sobre o Fome Zero] veiculada nas TVs". Sobre Lula, o texto diz: "o que reverteu o foco e a ênfase da mídia foi a intervenção política" do presidente da República.

A assessoria de imprensa da Secom informou que o texto não representa uma opinião da secretaria. Alegação que não condiz com o cabeçalho do documento. Ali, está escrito: "Um serviço da Secom, para uso interno dos comunicadores do governo".

O jornalista Bernardo Kucinski, assessor direto de Luiz Gushiken, disse que a análise "expressa uma visão pessoal". Seu objetivo é "refletir sobre a mídia, sobre como a mídia funciona, decodificar e mostrar os mecanismos". Argumenta que a circulação do documento entre os assessores de imprensa do governo seria um "trabalho basicamente pedagógico".

Há cerca de um mês, o jornalista Antonio Matiello foi demitido da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Alegou-se que, num documento que também se propunha a analisar o noticiário, Matiello criticara o modo como o governo vinha tratando as agências reguladoras na imprensa.
 

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