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08/04/2003 - 08h16

CDES não representa a sociedade, diz Giannotti

da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O filósofo José Arthur Giannotti, professor emérito da USP e atual coordenador da área de filosofia do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), criticou a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social pelo PT e afirmou que ele não representa a sociedade.

"Eu vejo com certa dúvida a instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Não vejo como esse sistema possa ser de formação de entidades políticas, mas simplesmente de chamar pela voz da Presidência os nossos amigos a fim de que eles possam encontrar uma solução", disse.

Para ele, a sociedade só poderia estar verdadeiramente representada por meio do voto direto para a escolha dos representantes.

"Eu não vejo como haja uma delegação de representação para outros conselhos que não sejam através do meu voto e do voto de todos que estão aqui." disse. "Essa questão da representação eu não estou vendo de maneira nenhuma ser discutida pela atual equipe política, que, de certo modo, está caindo em uma espécie de fanatismo da conjuntura", completou.

O ministro José Dirceu respondeu: "Basta olhar os nomes dos integrantes do conselho que iremos ver que um grande número deles é reconhecidamente eleitor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-senador José Serra".

Giannotti, abriu sua explanação no fórum que debateu os cem primeiros dias do governo Lula, em São Paulo, lembrando suas "diferenças" com Dirceu.

Em seguida, emendou crítica ao governo da prefeita Marta Suplicy (PT), em São Paulo, após Dirceu ter dito que a greve que paralisou os ônibus da cidade ontem era patrocinada por empresários.

"É o caso de perguntarmos por que a prefeitura não enfrentou os lobbies que estão infernizando a cidade. É por realismo ou por falta de construção de um novo sistema político? Essa é a minha questão", disse.

Segundo o filósofo, o que está em xeque é o "compromisso do governo petista com a renovação do sistema político como um todo". Ele ressaltou o que chamou de "peneiramento" do Congresso, com a cassação de parlamentares nos últimos anos.

"Esse processo de peneiramento vai continuar ou a maioria vai ser feita às custas de uma acomodação às formas políticas atuais? (...) Nós podemos fazer a maioria de várias maneiras, é possível, inclusive, comprar entre os 300 picaretas, como diria o Lula alguns anos atrás, pelo menos 200."

Arthur Virgílio

Em Brasília, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que Dirceu "pisa na bola", está de "salto alto" e é "arrogante" ao tratar com as oposições.

Numa avaliação dos cem dias do governo Lula, feita pelo tucano, Dirceu foi o mais criticado.

"O José Dirceu é o que está mais de salto alto. Está numa plataforma danada. Nunca ouviu falar de economia antes e agora deita tanta falação sobre economia, que qualquer hora vem um prêmio Nobel para ele", disse Virgílio.

Ele considerou "injustas e tolas" as críticas que Dirceu fez ao governo FHC em entrevistas no último fim de semana.

"O ministro José Dirceu pisa bastante na bola. Ele é que tem essa ideologia meio esquisita do tipo: "o que é bom nós fizemos em três meses e o que é ruim eles [o governo passado] fizeram em oito anos". Isso não dá certo. Acaba deteriorando o convívio."
 

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