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09/04/2003 - 08h44

Primeiro escalão ainda "bate cabeça"

ELIANE CANTANHÊDE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Nem tudo são flores na lua-de-mel do governo Lula, quando ministros batem cabeça, a área social parece imobilizada e há forte tiroteio contra o Fome Zero -a menina-dos-olhos do presidente. No Congresso, os radicais do PT criticam as políticas do Executivo, e os aliados do PPS, PDT, PSB cobram um programa estratégico.

O primeiro grande susto da lua-de-mel foram as denúncias de que o ministro Anderson Adauto (Transportes), indicado pelo PL, estaria envolvido em desvio de dinheiro público em Minas. José Dirceu (Casa Civil) classificou-as de "requentadas", e até hoje elas continuam no ar, sem desfecho.

Depois, vieram as dualidades de comando, mais evidentes na área social, mas também existentes na política externa e na de desenvolvimento industrial. Na área social, por falta de rumo e excesso de pastas e ministros. Nas duas outras, por questões mais complexas: ideológicas, por exemplo.

Enquanto José Graziano (Fome Zero) quer abocanhar as ações sociais de todas as pastas, os ministros da área tentam reagir. O Fome Zero roubou de Benedita da Silva (Promoção Social) a intenção de concentrar o atendimento a famílias. E Cristovam Buarque (Educação) não só quer manter e ampliar os valores do Bolsa-Escola sob sua gerência como usa o "Analfabetismo Zero" para disputar apoio empresarial com o Fome Zero. Além deles, disputam espaço Olívio Dutra (Cidades) e Jaques Wagner (Trabalho).

Em todos esses casos, vale uma adaptação da sábia recomendação: "Eles, que são petistas, que se entendam". Nas políticas externa e industrial, o dilema é outro. Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Carlos Lessa (BNDES), formalmente seu subordinado, não têm nada de petistas e vivem batendo cabeça. Furlan quer fomentar o mercado de capitais, Lessa prefere o socorro a empresas estratégicas endividadas.

Celso Amorim (Itamaraty) é embaixador de carreira e, em tese, apartidário, mas mantém convivência no limite do cordial com o velho assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, que tem gabinete no Planalto. Um quer cuidado com os EUA; o outro, uma posição mais agressiva.

Outro foco de problemas parte do próprio PT, cujos radicais se transformaram nos mais vibrantes críticos da política econômica. Lideram o grupo a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados Babá (PA), Luciana Genro (RS) e Lindberg Faria (RJ).

Ainda no capítulo "fogo amigo", aliados do PPS, PC do B, PDT e PSB cobram do governo a falta de um programa estratégico. O sintoma, dizem em resumo, é a repetição ou aprofundamento da política econômica tucana.

As críticas valem também para as reformas da Previdência e tributária. "O governo precisa de uma definição mais precisa do que quer." A frase não partiu da oposição nem dos radicais. Seu autor é o presidente da Câmara, o petista João Paulo Cunha (SP).
 

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