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10/06/2003 - 21h11

Polícia diz que dono de jornal foi assassinado por pistoleiros em MS

HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

O delegado da Polícia Civil Marco Túlio Sampaio Rosa disse hoje à Agência Folha que o empresário Edgar Pereira, 44, dono do semanário "Boca do Povo", foi assassinado por pistoleiros.

Pereira foi morto no início da noite de anteontem no bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.

Os assassinos fizeram disparos de 15 tiros de pistola calibre 765 contra a Blazer do empresário. "De 10 a 12 tiros acertaram a vítima", afirmou o delegado.

O crime ocorreu quando Pereira deixava a funcionária do jornal Ana Aparecida Sanches, 21, na casa dela. Ana havia descido da Blazer e se protegeu das balas na roda dianteira.

Os pistoleiros estavam em um carro que a polícia ainda não identificou. Eles pararam ao lado da Blazer, dispararam e fugiram.

Segundo o delegado, não está descartada a hipótese de o crime ter sido motivado por reportagens publicadas no jornal com críticas a órgãos públicos.

Na Justiça estadual, em primeiro grau, Pereira respondia a processos por danos morais devido às reportagens publicadas.

O secretário estadual da Justiça e Segurança Pública, Dagoberto Nogueira, está na relação dos que moviam ações contra o jornal. Nogueira estava ontem em Dourados (200 km de Campo Grande) e não foi encontrado para falar sobre o assunto.

Em abril do ano passado, 8.000 jornais do arquivo do semanário "Boca do Povo" foram queimados. Na época divulgou-se que o incêndio foi criminoso.

Pereira é o segundo dono de jornal da região assassinado em menos de um ano. Em Cuiabá (MT), Sávio Brandão, proprietário da "Folha do Estado", foi morto com sete tiros de pistola no dia 30 de setembro do ano passado. O jornal publicava reportagens contra o crime organizado em Mato Grosso.

Acusado de ser o autor dos disparados contra Sávio Brandão, após comprovação de testes de balística com a arma usada no crime, o cabo da PM Hércules Augustinho de Araújo, 33, fugiu pelos portões dos fundos do presídio de Cuiabá em 1º de maio.

A fuga foi facilitada. No final o mês, Hércules conseguiu escapar de um cerco de 50 policiais militares e de um helicóptero em um bairro de Cuiabá. A polícia ainda não chegou ao mandante do crime.

A testemunha Joacir das Neves, que trabalhava como segurança para o crime organizado, aponta o "comendador" João Arcanjo Ribeiro, 52, como mandante do crime. Arcanjo está preso em Montevidéu no Uruguai. Seu advogado João dos Santos Gomes disse que não há provas contra o "comendador".

Impune

Também vítima de pistoleiros, o radialista Edgar Lopes de Faria, 48, foi morto com seis tiros de calibre 12 em outubro de 1997 em Campo Grande. O crime está impune. "Não se chegou nem ao mandante nem aos assassinos. Na época falaram que o crime de encomenda custou R$ 50 mil", diz Marco Antônio Lopes Faria, filho do radialista.

Para Faria , seu pai morreu por "fazer denúncias contra autoridades e contra policiais".
 

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