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06/07/2003 - 07h44

Ruralista teme "conflagração" e diz que MST quer o poder

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Presidente Prudente

O presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia, 45, afirma temer que o campo brasileiro caminhe "para uma conflagração", pela falta de atitude do governo Lula. Nabhan Garcia afirma que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não quer fazer reforma agrária, "e sim tomar o poder, com a transformação de um sistema político vigente".

Com segundo grau completo, filho e neto de fazendeiros, Nabhan Garcia possui 1.066 hectares em Sorriso (MT), onde produz soja, milho e tem pecuária de cria, e outros 366 hectares em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema, em São Paulo.

Na última sexta-feira, o presidente da UDR conversou com a Agência Folha. Defendeu uma reforma agrária nas fronteiras agrícolas, criticou o governo e referendou a opção pelas armas de muitos proprietários rurais. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:

Agência Folha - Houve, neste primeiro semestre, um acirramento na questão agrária. A que o sr. atribui essa situação?
Luiz Antonio Nabhan Garcia
- Primeiro, devido ao desvio da função básica na condução da reforma agrária, que deveria ser administrativa e não ideológica. Depois, como o próprio presidente Lula afirma, o Brasil tem muita terra, então deveria ser implementada uma reforma agrária nas fronteiras virgens, não no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde está dando tudo certo, com sucessivos avanços na produtividade.

Agência Folha - A UDR apóia o uso de armas?
Nabhan Garcia
- De forma alguma. Isso não quer dizer que vamos contrariar a decisão de alguns proprietários que hoje estão em situação de desespero, sem amparo no aparato legal.

Agência Folha - O sr. apareceu dando entrevistas na TV logo depois que foram mostrados armamentos pesados em poder dos fazendeiros, como armas exclusivas das Forças Armadas. O sr. defende essa postura?
Nabhan Garcia
- É preciso deixar bem claro que a UDR não prega o armamento nem formação de milícias por parte dos fazendeiros. Muito menos representa todos os fazendeiros. Agora, o fato de muitos fazendeiros estarem se armando de forma abusiva nada mais é que resultado de uma situação de pânico, desespero e descrença com alguns setores institucionais.

Agência Folha - O campo caminha para uma situação de convulsão social?
Nabhan Garcia
- Eu diria de conflagração. De um lado, o governo não faz a reforma agrária como deveria e, ao mesmo tempo, cede às pressões de grupamentos, como o MST, que na realidade não querem a reforma agrária e sim a transformação de um sistema vigente, para chegar ao poder.

Agência Folha - O sr. disse que o MST quer o poder?
Nabhan Garcia
- Existe um anacronismo estampado nas almas das lideranças do MST, expressados em Lênin, Marx, Guevara, comandante Marcos e Fidel Castro, entre outros. Eu respeito as ideologias, mas é inaceitável usar a carapuça dessas pretensões e querer transformar o MST em um movimento social. Só não enxerga quem não quer.

Agência Folha - Existe um movimento pela criação do PRB (Partido Ruralista Brasileiro). O sr. apóia?
Nabhan Garcia
- Não. Já existem partidos demais no Brasil. A UDR defende que todos os setores ruralistas se unam para fortalecer a bancada ruralista no Congresso e cobrar um atuação a favor da agropecuária. Acho democrático alguém defender a idéia de uma partido, mas considero isso desnecessário e extemporâneo.

Agência Folha - Caso o sr. fosse a uma audiência no Palácio do Planalto, levaria um boné da UDR e exemplares de sua cachaça tipo exportação ao presidente?
Nabhan Garcia
- Não, de forma alguma. Passamos por um momento delicado e sensível. Portanto, não é hora para brincadeiras. Acho que no caso do encontro do presidente com lideranças do MST houve desgaste para os dois lados.

Agência Folha - O que o sr. acha de uma CPI da Reforma Agrária?
Nabhan Garcia
- Se for conduzida com seriedade e rigor, vai ser desmascarado o lema do MST de que quer reforma agrária. O montante que foi gasto com a reforma agrária não cumpriu os objetivos principais, que eram o econômico e o social. Uma CPI séria vai colocar muita gente em sérios apuros.
 

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