Publicidade
Publicidade
09/07/2003
-
08h22
da Folha de S.Paulo, em Lisboa
Depois do boné dos sem-terra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, no sábado, o que poderia ser chamado de o boné dos sem-visto. É presente da Casa do Brasil em Lisboa, entidade que representa os imigrantes brasileiros em Portugal (68 mil, segundo os dados oficiais, 15 mil dos quais em situação irregular).
No sábado pela manhã, no Hotel Ritz, onde se hospedará, Lula receberá uma comissão da Casa do Brasil que vai pedir empenho do presidente na regularização da vida desse grupo que veio para Portugal em busca do paraíso e está encontrando algo mais parecido com o inferno.
"Eu nunca esperava ser tão maltratada na pátria-mãe. A mulher, em especial, é discriminada. Se eu sair na rua com a bandeira do Brasil, sou considerada puta", diz a mineira Ana Paula, 35, em Portugal desde novembro de 2001.
O marido, o paulista Ricardo Santos de Athayde Oliveira, 46, trocou sua pequena empresa de abertura de poços artesianos no Brasil pela aventura portuguesa. Virou marceneiro.
Carlos Viana, 52, engenheiro que foi para Portugal com bolsa do CNPq, para ficar dois anos, está há 15 em Lisboa. Ao contrário dos 15 mil na ilegalidade, tem situação tão legal que preside a Casa do Brasil.
Militante do PT, do qual foi fundador, soube que Lula gosta de bonés e, por isso, já encomendou um, da Casa do Brasil, para entregar ao presidente no sábado, juntamente com o pedido de empenho para resolver a situação dos clandestinos.
A diplomacia brasileira trabalha para que pelo menos aqueles que têm contrato de trabalho possam regularizar a sua situação de maneira mais fácil. A nova lei de imigração, que vigora desde março, determina que os estrangeiros que entraram em Portugal a partir de novembro de 2001 só podem obter a legalização se apresentarem um contrato de trabalho no país de origem.
A negociação em que está empenhada a Embaixada em Lisboa visa a permitir que o visto seja concedido em Vigo ou Sevilha, cidades espanholas obviamente bem mais próximas de Portugal do que o remoto Brasil.
Viana, como é natural em militante do PT, elogia o empenho do atual governo brasileiro. "É a primeira vez que uma associação de imigrantes pede uma audiência com um governante e é prontamente atendida", afirma.
Aliás, foi atendida antes: uma comissão de deputados, presidida por Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP), esteve em Portugal, em maio, para investigar a situação da comunidade brasileira. "Mais de 1.800 brasileiros já foram expulsos de Portugal desde que a nova lei passou a ser aplicada", afirma comunicado da deputada, que fará parte da comitiva presidencial.
Em Portugal, Lula vai receber boné dos "sem-visto"
CLÓVIS ROSSIda Folha de S.Paulo, em Lisboa
Depois do boné dos sem-terra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, no sábado, o que poderia ser chamado de o boné dos sem-visto. É presente da Casa do Brasil em Lisboa, entidade que representa os imigrantes brasileiros em Portugal (68 mil, segundo os dados oficiais, 15 mil dos quais em situação irregular).
No sábado pela manhã, no Hotel Ritz, onde se hospedará, Lula receberá uma comissão da Casa do Brasil que vai pedir empenho do presidente na regularização da vida desse grupo que veio para Portugal em busca do paraíso e está encontrando algo mais parecido com o inferno.
"Eu nunca esperava ser tão maltratada na pátria-mãe. A mulher, em especial, é discriminada. Se eu sair na rua com a bandeira do Brasil, sou considerada puta", diz a mineira Ana Paula, 35, em Portugal desde novembro de 2001.
O marido, o paulista Ricardo Santos de Athayde Oliveira, 46, trocou sua pequena empresa de abertura de poços artesianos no Brasil pela aventura portuguesa. Virou marceneiro.
Carlos Viana, 52, engenheiro que foi para Portugal com bolsa do CNPq, para ficar dois anos, está há 15 em Lisboa. Ao contrário dos 15 mil na ilegalidade, tem situação tão legal que preside a Casa do Brasil.
Militante do PT, do qual foi fundador, soube que Lula gosta de bonés e, por isso, já encomendou um, da Casa do Brasil, para entregar ao presidente no sábado, juntamente com o pedido de empenho para resolver a situação dos clandestinos.
A diplomacia brasileira trabalha para que pelo menos aqueles que têm contrato de trabalho possam regularizar a sua situação de maneira mais fácil. A nova lei de imigração, que vigora desde março, determina que os estrangeiros que entraram em Portugal a partir de novembro de 2001 só podem obter a legalização se apresentarem um contrato de trabalho no país de origem.
A negociação em que está empenhada a Embaixada em Lisboa visa a permitir que o visto seja concedido em Vigo ou Sevilha, cidades espanholas obviamente bem mais próximas de Portugal do que o remoto Brasil.
Viana, como é natural em militante do PT, elogia o empenho do atual governo brasileiro. "É a primeira vez que uma associação de imigrantes pede uma audiência com um governante e é prontamente atendida", afirma.
Aliás, foi atendida antes: uma comissão de deputados, presidida por Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP), esteve em Portugal, em maio, para investigar a situação da comunidade brasileira. "Mais de 1.800 brasileiros já foram expulsos de Portugal desde que a nova lei passou a ser aplicada", afirma comunicado da deputada, que fará parte da comitiva presidencial.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice