Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
12/08/2003 - 06h03

Alckmin quer cobrar por terras devolutas

Publicidade
SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), terminou na semana passada e deve encaminhar nesta semana à Assembléia Legislativa o projeto de lei que regulariza a posse de áreas devolutas de até 500 hectares na região do Pontal do Paranapanema, o principal foco de conflito agrário do Estado.

O projeto propõe que os fazendeiros paguem, em até três anos, de 10% a 15% do valor real da terra nua (sem benfeitorias), que será avaliada pelo Itesp (Fundação Instituto de Terras).

De acordo com a proposta do governo, o dinheiro arrecadado será dividido entre os agricultores assentados e as prefeituras da região. O governo espera arrecadar R$ 20 milhões com a regularização das áreas.

Segundo o secretário da Justiça de São Paulo, Alexandre de Moraes, as propriedades de até 500 hectares representam 20% das terras com indícios de serem devolutas na região, ou seja, áreas que pertenciam ao Estado e que foram griladas ainda no século 19. Representam também 80% dos fazendeiros do Pontal.

Se o projeto for aprovado conforme a proposta do governo, metade do valor arrecadado será investido em infra-estrutura nos assentamentos e a outra metade será usada na criação de um fundo de desenvolvimento da região do Pontal.

"Todo o dinheiro arrecadado com essa regularização será aplicado na região: 50% do dinheiro será para o Itesp aplicar em assentamentos e os outros 50% para auxiliar os municípios que tenham assentamentos", afirmou Moraes.

Prefeitos

"O projeto vai dar uma pacificada grande na região porque atende tanto aos sem-terra quanto aos ruralistas", disse o prefeito de Presidente Epitácio, Adhemar Dassie (PSDB). O município tem cinco assentamentos e cerca de 24 mil sem-terra acampados.

Dos 32 prefeitos da região do Pontal, apenas o prefeito de Presidente Prudente, Agripino Maia (PTB), tem divergências em relação ao projeto.
Segundo a assessoria do prefeito, ele já se manifestou sobre o assunto e defende que o projeto de lei regularize propriedades com até 500 alqueires, o equivalente a 1.210 hectares.

Ruralistas aprovam o projeto. Para Almir Guedes Soriano, presidente do Sindicato Rural de Presidente Venceslau, um percentual entre 10% e 15% do valor da terra nua, com prazo para pagamento de três anos, "pode ser um proposta aceitável, já que nenhum proprietário rural suporta mais o clima de tensão na região".

Representantes dos fazendeiros apresentaram ao secretário de Justiça, em uma reunião em 17 de junho, uma contraproposta ao projeto de lei em que sugeriam o limite de 500 alqueires para a regularização por meio de pagamento em dinheiro e que o preço pago fosse o calculado pelo ITR (Imposto Territorial Rural), inferior ao valor de mercado.

Segundo o secretário, o que interessa ao governo de São Paulo é arrecadar terras para a reforma agrária. Propriedades de até 500 hectares, o percentual de terras que seriam "devolvidas" ao Estado, não seriam suficientes para viabilizar um assentamento --por isso, o pagamento em dinheiro.

Já com terras acima de 500 hectares, é possível fazer com 25% disso (ao menos 125 hectares) uma divisão e, ainda assim, manter lotes suficientes para um assentamento.

Colaborou JOSÉ MASCHIO, da Agência Folha, em Londrina
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página