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04/04/2009 - 15h16

Corpo de Moreira Alves sai da Assembleia e segue para cremação

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da Folha Online

O corpo do jornalista e ex-deputado Márcio Moreira Alves já saiu da Assembleia Legislativa e em direção ao cemitério do Caju. Uma cerimônia de cremação está marcada para as 15h. O velório de Moreira Alves aconteceu durante toda a manhã deste sábado e atraiu um grande número de pessoas.

Personalidades como o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB) e o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) compareceram ao velório.

Reprodução
Moreira Alves estava internado desde outubro no Rio de Janeiro após um AVC
Moreira Alves estava internado desde outubro no Rio de Janeiro após um AVC

Paes disse que, a exemplo do governo do Estado, a prefeitura do Rio também vai decretar luto oficial pela morte do jornalista, a partir da próxima segunda-feira (6).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota nesta sexta-feira lamentando a morte do jornalista. Lula diz na nota que o Brasil perde uma "grande democrata" que exerceu com dignidade a profissão de jornalista e o mandato parlamentar.

"Pela sua atuação destemida contra o regime militar, Márcio será reconhecido pela história não só como um grande jornalista mas, sobretudo, como um homem de coragem, que não se curvou ao autoritarismo e lutou com paixão pela democracia", diz o presidente na nota.

História

Marcito, como era chamado pelos amigos, morreu nesta sexta-feira, aos 72 anos, no Rio de Janeiro de falência múltipla de órgãos. Ele estava internado desde outubro no hospital Samaritano após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral).

Moreira Alves nasceu no Rio de Janeiro em 14 de julho de 1936 e ficou conhecido pelo discurso que fez na Câmara sugerindo o boicote às comemorações do Sete de Setembro de 1968. Foi o pretexto utilizado pelo governo militar para instaurar o AI-5 (Ato Institucional número 5), que se transformou em um dos principais símbolos da ditadura (1964-1985).

Moreira Alves se elegeu deputado federal em novembro de 1966 pelo MDB, representando o extinto Estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro). Tomou posse em fevereiro de 1967 e sua atuação foi marcada pela luta contra o regime militar.

O discurso sugerindo o boicote foi proferido no dia 2 de setembro de 1968 depois que a Universidade Federal de Minas Gerais foi fechada, e a UnB (Universidade de Brasília) foi invadida pela Polícia Militar. O pronunciamento de Moreira Alves foi considerado pelos ministros militares como ofensivo 'aos brios e à dignidade das forças armadas'.

O pronunciamento resultou num pedido de cassação do mandato de Moreira Alves com o aval do STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido de cassação foi rejeitado pelo plenário da Câmara.

Exílio político

Com o agravamento da crise política no país, Moreira Alves deixou o país ainda em dezembro de 1968 e foi para o Chile, onde ficou exilado até 1971, quando foi para a França para realizar doutorado na Fundação Nacional de Ciências Políticas de Paris.

Entre novembro de 1973 e maio de 1974 viveu na cidade de Havana, onde deu aulas na Faculdade de Ciências Políticas e escreveu o livro Trabalhadores na Revolução de Cuba, baseado nos depoimentos dos membros da família com a qual se hospedou durante esta temporada cubana.

Em abril de 1974 foi para Lisboa e lecionou no Instituto Superior de Economia de Lisboa. Retornou ao Brasil, em setembro de 1979, beneficiado pela Lei da Anistia.

Jornalista

Moreira Alves começou sua carreira aos 17 anos, quando assumiu a função de repórter do jornal carioca "Correio da Manhã". Ganhou o prêmio Esso de jornalismo pela cobertura da crise política em Alagoas, em 1957, quando a Assembleia Legislativa do Estado foi invadida. Alves foi atingido por um dos tiros mas mesmo ferido conseguiu passar a reportagem por telegrama.

Em 1958, entrou na Faculdade de Direito da atual UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Em 1963 se formou em ciências jurídicas e sociais.

Foi colaborador dos jornais "O Globo", "O Estado de S.Paulo" e "Jornal do Brasil".

Em julho de 1967, lançou o livro "Torturas e Torturados", que foi apreendido e posteriormente liberado por decisão judicial.

Com Agência Brasil

 

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