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03/11/2003 - 22h10

Relator da CPI do Banestado diz que vai ouvir doleiro preso

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O relator da CPI mista do Congresso que investiga o caso Banestado, deputado José Mentor (PT-SP), disse hoje que a prisão do doleiro Alberto Youssef pode "mudar muitas coisas" nas investigações que estão sendo feitas. A CPI irá ouvi-lo.

"Ele sabe muita coisa. Dependendo de [como] ele se comportar, se ele quiser cooperar, se quiser ajudar na ação, ele pode mudar muitas coisas", afirmou.

Youssef foi preso anteontem, em Londrina (PR), por policiais federais da força-tarefa que investiga remessas ilegais de dinheiro pelo Banestado (Banco do Estado do Paraná, privatizado em 2000). O doleiro é tido como um dos principais articuladores de remessas ilegais para o exterior, de 1996 a 1999, por meio de contas CC-5 (usadas por não-residentes no Brasil).

Segundo o relator da CPI, Youssef tinha "participação ativa nas operações em São Paulo, Rio e Paraná e aparece em várias situações" que estão sendo investigadas. Além disso, ele próprio organizava a agência Youssef Tour, também sob investigação.

A CPI aprovou recentemente, em uma sessão reservada, a convocação do doleiro. "Agora, vamos atrás, porque esse depoimento é importante", disse Mentor. O depoimento deve ser nos próximos dias, em Curitiba, onde Youssef está preso.

Quatro representantes da CPI do Banestado estão desde ontem em Belo Horizonte para tomar nove depoimentos de pessoas e empresas citadas nas investigações, entre elas a construtora Mendes Júnior e o Banco Rural.

A sessão de amanhã na capital mineira será para ouvir o dono da Mendes Júnior, o empreiteiro Murillo Valle Mendes. A CPI quer saber mais detalhes sobre supostas operações envolvendo um caixa dois da empresa e a Prefeitura de São Paulo, nas gestões Paulo Maluf (1993-96) e Celso Pitta (1997-2000).

Também foi ouvido o diretor do Banco Rural, José Roberto Salgado, o único depoimento aberto. Ele negou que o banco operasse com dinheiro, ao contrário das informações colhidas pela força-tarefa. O diretor confirmou as "operações todas legais" feitas com cheques e colocou as cópias à disposição da CPI.

Salgado, ao ser interpelado sobre uma conta pessoal, alegou desconhecer qualquer irregularidade com ela e prometeu dar mais informações sobre isso.

Também depôs Fernando Toledo, representante brasileiro da Trade Link Bank, com sede nas Ilhas Cayman (paraíso fiscal na América Central). Como se trata de empresa autorizada a operar, Toledo se utilizou de uma lei internacional que garante o sigilo desse tipo de empresa.

Embora o relator tenha dito que o depoimento de Toledo visava ajudar nas investigações, o deputado Dr. Hélio (PDT-SP) disse que, além de não acrescentar nada, o depoimento do representante da Trade Link Bank foi um "ato de hipocrisia". A CPI vai analisar uma nova convocação.
 

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