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17/11/2003 - 11h53

Leia a íntegra da estréia do programa de rádio de Lula

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da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estreou hoje o programa quinzenal de rádio "Café com o Presidente", transmitido pela Radiobrás em rede nacional não-obrigatória.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Locutor - Bom dia amigos de todo o Brasil,a partir de hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará mais perto de você no programa "Café com o Presidente". Vamos conversar sobre assuntos muito importantes que afetam sua vida, vamos fazer as perguntas que todo brasileiro gostaria de fazer ao presidente Lula. Bom dia, presidente.
Luiz Inácio Lula da Silva - Bom dia Luís, bom dia meu amigo, minha amiga, bom dia povo brasileiro que está me ouvindo. Já fazia algum tempo que eu estava querendo ter um programa de rádio que me permitisse conversar os assuntos importantes do Brasil com o povo brasileiro. E esse programa vem em boa hora. No dia 1º de novembro eu completei 10 meses de governo e é importante que o povo brasileiro saiba que nós conseguimos vencer o primeiro obstáculo dos dez meses que nós governamos o Brasil. Todo mundo sabe como estava a economia do Brasil. Todo mundo sabe que nestes dez meses nós controlamos a inflação, nós recuperamos a credibilidade internacional. A economia brasileira volta a crescer. Os sinais todos indicam que a economia volta a crescer. E Precisa de crescimento porque nós precisamos fazer com que haja geração de emprego no Brasil, para que a gente possa ter o povo brasileiro trabalhando e vivendo dignamente com o seu salário. Eu quero dizer ao povo brasileiro que estou feliz com os dez primeiros meses do governo. Acordo cada dia com muito mais esperança e ao mesmo tempo muito mais certeza que os obstáculos são muitos, mas não tem obstáculos que a determinação de um homem não possa vencer. Tudo isso é um processo que cada pessoa que está me ouvindo sabe que é lento, mas nós queremos dar cada passo certo, cada passo medido. Porque vocês sabem que quando a gente dá um passo maior do que a perna, pode ter uma distensão. Veja o que aconteceu com o Ronaldinho agora, já não pode jogar na seleção brasileira porque se contundiu. Então nós vamos fazer as coisas do jeito que têm de ser feito.

Locutor - Presidente, o senhor falou em economia, citou Ronaldinho, este crédito popular que o governo está lançando para a população, sobretudo para a camada da mais baixa renda, é um aquecimento para este crescimento da economia?
Lula - Este crédito popular vem da experiência que nós tivemos durante muito tempo dentro da fábrica. Ou seja, muitas vezes o trabalhador recebe o pagamento no dia 5 e no dia 10 ele já não tem mais dinheiro. E ele precisa pegar o dinheiro com um amigo dele, ou seja, ele tem que pagar o dobro de juros às vezes. Ele toma R$ 50,00 para pagar R$ 100,00 dentro de 15 dias ou dentro de 30 dias. É uma agiotagem maluca que acontece. Ou às vezes um companheiro vai comprar uma geladeira, um fogão, uma televisão em alguma loja para pagar em 24 meses, ele paga mais de 160% de juros ao ano. Então, eu perguntei uma vez aos banqueiros por que os juros eram tão altos. Eles me disseram porque a gente não tem garantia de receber, porque a inadimplência é muito alta. Então, nós resolvemos fazer uma coisa interessante, ou seja, a primeira coisa: nós resolvemos fazer um acordo para que os bancos pudessem emprestar dinheiro para os trabalhadores que estão trabalhando com carteira profissional assinada. E esses trabalhadores dariam como garantia a folha de pagamento, ou seja, isto significa que quem emprestar não vai perder, porque desconta na folha. É interessante porque alguns sindicatos e a própria CUT fizeram uma concorrência pública, e a CUT está fazendo acordo de até 1,75% de juros ao mês. O que é muito barato diante do que se paga no mercado. Uma outra coisa importante que fizemos foi quando diminuiu o compulsório, os bancos ficaram com a obrigatoriedade de 2% da devolução do compulsório dos bancos emprestarem a taxa de 2% de juros para toda e qualquer pessoa que queira ir ao banco pegar o dinheiro emprestado. A outra medida importante foi a conta que nós abrimos para as pessoas que nunca tiveram conta bancária. Então, nós estamos fazendo isso. A Caixa Econômica Federal já tem 800 mil pessoas com contas novas. Pessoas que são catadores de papel, que são ambulantes, que nunca na vida tiveram acesso ao banco, nunca conseguiram entrar num banco, agora estão conseguindo entrar e podem fazer um empréstimo também.Vamos utilizar todos os mecanismos disponíveis para que a gente faça com que as pessoas tenham acesso ao dinheiro, para poder consumir melhor, para poder comprar roupa, comprar sapato, comprar comida. Eu vou contar uma pequena história. A minha sogra é aposentada.Todo ano ela pega um pouquinho de jóias que ela tem, anéis, aliança e vai na Caixa Econômica penhorar porque sempre está precisando de um dinheirinho para fazer uma coisa ou outra, às vezes uma viagem. Eu vejo o sofrimento dela. Agora, ela não vai precisar mais penhorar, sabe, a sua aliancinha, o seu anel que ela herdou da avó, da bisavó. Ela agora pode ir na Caixa Econômica Federal e fazer um empréstimo.

Locutor - Presidente, tivemos um episódio que aconteceu nos últimos dias, que diz respeito à questão da Previdência. O Ministério queria coibir fraudes e no entanto alguns velhinhos foram obrigados a se deslocar às agências da Previdência para provar que estavam vivos. Que lição o governo tirou deste episódio? E qual a visão que o senhor presidente da República tem sobre o acontecido?
Lula - Primeiro o Ricardo Berzoini foi um dos dirigentes sindicais mais importantes da história desse país. Ele foi presidente do Sindicato dos Bancários e é uma pessoa extremamente competente não apenas como líder sindical, mas como conhecedor dos problemas da Previdência Social. O companheiro Ricardo está fazendo uma administração excepcional. Agora, de vez em quando um bom jogador perde um pênalti. As vezes um bom beque central marca um gol contra, e nem por isso ele é ruim. O Ricardo Berzoini estava fazendo a coisa correta do ponto de vista de combater à fraude. Nós sabemos que há muita fraude na Previdência. Tem muitos empresários que não recolhem à Previdência, cometem crime de apropriação indébita. Já saiu até lista na imprensa. Mas também nós temos gente recebendo indevidamente, ou seja, tem pessoas que já morreram e que muitas vezes não houve nem por parte do cartório, nem por parte da família, o comunicado à Previdência Social e continuam espertamente recebendo o benefício sem nenhum direito. Então, na tentativa de corrigir houve um excesso.Qual foi o excesso? Imaginar que uma pessoa de 90 anos pode se locomover como a mesma facilidade de uma de 50 ou de 60 ou de 30 anos. Ou seja, o Ricardo Berzoini reconheceu o erro, já pediu desculpas à sociedade brasileira. Eu acho que todo grande homem não tem que ter vergonha de pedir desculpa. A desculpa enaltece o ser humano, engrandece o ser humano quando reconhece que errou. Agora,o Ricardo é uma figura excepcional, um ministro extraordinário, que não tenho dúvida nenhuma que no final de quatro anos ele vai deixar a Previdência impecável sob o ponto de vista de administração, do ponto de vista da arrecadação e do ponto de vista da moralização, para acabar com a corrupção na Previdência Social.

Locutor - Muito obrigado, presidente, por esta conversa. "Café com o Presidente" fica por aqui, em breve nós teremos novos encontros com o presidente Lula para conversar e o presidente responder perguntas sobre a vida do país.
Lula - Até a próxima vez. Eu espero que a gente faça mais programas de rádio.

Com Agência Brasil

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