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21/11/2003 - 22h35

Justiça do MT condena delegado a mais de 10 anos de prisão

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

A Justiça Federal em Mato Grosso condenou o delegado aposentado da Polícia Civil Alair Fernando das Neves a dez anos e dez meses de prisão por crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. A sentença proferida no dia 19 foi divulgada hoje. Neves, que está preso desde maio em Cuiabá (MT), tinha US$ 512.903,89 no Deutsche Bank em Genebra, na Suíça.

O juiz da 1ª Vara Federal de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva, afirmou na sentença que o dinheiro foi obtido em atividades da organização criminosa supostamente liderada pelo ex-policial João Arcanjo Ribeiro, 52, preso desde abril no Uruguai por uso de documento falso.

As atividades ilícitas que deram origem ao dinheiro são, segundo o juiz, "o jogo do bicho, a exploração e o contrabando de máquinas caça-níqueis, lavagem de dinheiro, homicídios, crimes tributários e formação de quadrilha ou bando". Silva determinou que o Ministério da Justiça tente com "autoridades da Suíça" trazer de volta ao Brasil os US$ 512 mil. A quantia deverá ser investida na compra de equipamentos para a Polícia Federal.

O Ministério Público da Suíça, segundo Silva, conseguiu bloquear o dinheiro nas contas de Neves e de Luiz Alberto Dondo Gonçalves, 51, o ex-contador de Arcanjo. Condenado em setembro passado a nove anos e dez meses também por lavagem de dinheiro, Dondo, que está preso em Cuiabá, tinha US$ 124.548,48 na Suíça no mesmo banco e agência usados por Neves.

Segundo a Justiça Federal, Neves levou os US$ 512 mil em viagens de avião (tanto em vôo comercial como particular) de Mato Grosso para o Uruguai. A quantia ficou no Deustche Bank de Montevidéu. A conta na Suíça foi aberta em outubro do ano passado.

Arcanjo, segundo documentos recebidos por Silva, usou a empresa dele em Montevidéu para depositar US$ 47.368.304,54 na agência do Deutsche Bank em Nova York (EUA). De acordo com o juiz, o dinheiro foi parar nas Ilhas Cayman no fim do ano passado.

Outro lado

Os advogados de Alair Fernando das Neves afirmaram, na apresentação de defesa no processo da Justiça Federal, que ele não tinha "qualquer relação" com João Arcanjo Ribeiro, acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso. Neves alega que os mais de US$ 512 mil depositados no Deutsche Bank na Suíça foram obtidos "com a venda de imóveis, recebimento de seguro e de comissões por prestação de serviços e intermediação de negócios em 1995 e 1996".

O dinheiro depositado na Suíça também teria origem na aposentadoria de Neves, como delegado da Polícia Civil, e na pensão que passou a receber após a morte da sua mulher. Na semana passada, Neves declarou à Receita Federal a quantia depositada na Suíça corrigindo as declarações de rendimentos feitas de 1998 a 2000.

A Agência Folha não conseguiu localizar os advogados Alberto Gonçalves e Elidia Penha Gonçalves que defendem Neves.

A reportagem telefonou duas vezes para o escritório. Deixou recados, mas, até as 19h30 (horário de Brasília), não ligaram de volta. Também houve três telefonemas para o celular de Elidia, mas ninguém atendeu e não havia caixa postal para recado
 

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