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18/01/2004
-
06h38
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo
Pelo menos seis pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com os acontecimentos que cercaram a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) foram assassinadas a tiros nos últimos dois anos. A polícia não elucidou nenhum dos homicídios.
Foram mortos o garçom que serviu o prefeito na noite do seu seqüestro, a testemunha da morte dele, o agente funerário que reconheceu o corpo de Daniel e chamou a polícia, um homem que teria participado do seqüestro e duas outras pessoas ligadas a ele, incluindo um policial civil.
Inicialmente considerados crimes isolados, os homicídios serão apurados pelo Ministério Público a partir da semana que vem. A Promotoria quer saber se as mortes estão relacionadas ao caso de Daniel ou se não passam de uma sucessão de coincidências.
O garçom do restaurante Rubayat Antonio Palácio de Oliveira serviu o prefeito no último jantar dele antes do seqüestro --há exatamente dois anos. O prefeito dividiu a mesa com o empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado em ação judicial de ser o mandante da morte, o que ele nega.
Em fevereiro de 2003, Oliveira foi perseguido por dois homens quando dirigia uma moto. Foi agredido com um chute, perdeu o controle e colidiu com um poste na altura do nº 2.000 da avenida Águia de Haia (zona leste de SP). Embora nada tenha sido levado, a polícia registrou o caso como "roubo seguido de morte".
A única testemunha que declarou à polícia ter assistido à morte do garçom foi assassinada no mesmo local, 20 dias depois, com um tiro nas costas.
Quando foi morto, o garçom portava documentos falsos e um novo nome. Familiares e amigos afirmaram à Folha que Oliveira recebeu R$ 60 mil num depósito em conta corrente, cuja origem e data precisa não sabem informar --alguns dizem se tratar de um seguro de vida. Oliveira recebia cerca de R$ 400 por mês.
Ainda segundo relato de amigos, o garçom teria escutado trechos da conversa de Daniel e de Gomes da Silva. Detalhes do que ouviu, entretanto, deveriam ser silenciados --a orientação é creditada a chefes do trabalho. Dias após a morte de Daniel, Oliveira disse à polícia não ter ouvido nada. Afirmou que Gomes da Silva freqüentava o restaurante "vez por outra" e que, naquela noite, ele e Daniel pareciam tranqüilos.
Em um diálogo gravado pela Polícia Federal entre Gomes da Silva e o vereador Klinger Luiz de Souza (PT), ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, os dois falam sobre um garçom do restaurante. A conversa ocorreu oito dias após o corpo de Daniel ser encontrado.
Klinger - Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar é o que sempre te servia ou era um cara diferente?
Sérgio - Era o cara de costume.
Klinger - Você estava naquela mesa lá de canto?
Sérgio - Era.
Procurado na última quinta-feira para falar se conhecia o garçom morto, a assessoria de Klinger informou que ele estava em viagem.
No último dia 23, foi assassinado com dois tiros o agente funerário Iran Moraes Redua, 25. Ele foi o primeiro a identificar o corpo de Daniel, abandonado em uma estrada de terra em Juquitiba. À polícia, Redua disse ter reconhecido o prefeito por meio de um jornal que trazia estampada a foto de Daniel e estava ao lado do corpo.
Outras três mortes estão relacionadas a Dionízio Severo, apontado como o elo entre Gomes da Silva e a quadrilha da favela Pantanal, contratada para matar o prefeito. Severo foi morto numa cadeia de Guarulhos. Sérgio "Orelha", que abrigou Severo em sua casa nos dias subseqüentes à morte de Daniel, também morreu.
Outra morte é a de um investigador de polícia. A quebra do sigilo telefônico revelou ligações do celular do policial para Severo na véspera do seqüestro.
Seis ligados ao caso Daniel foram mortos
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da Folha de S.Paulo
Pelo menos seis pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com os acontecimentos que cercaram a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) foram assassinadas a tiros nos últimos dois anos. A polícia não elucidou nenhum dos homicídios.
Foram mortos o garçom que serviu o prefeito na noite do seu seqüestro, a testemunha da morte dele, o agente funerário que reconheceu o corpo de Daniel e chamou a polícia, um homem que teria participado do seqüestro e duas outras pessoas ligadas a ele, incluindo um policial civil.
Inicialmente considerados crimes isolados, os homicídios serão apurados pelo Ministério Público a partir da semana que vem. A Promotoria quer saber se as mortes estão relacionadas ao caso de Daniel ou se não passam de uma sucessão de coincidências.
O garçom do restaurante Rubayat Antonio Palácio de Oliveira serviu o prefeito no último jantar dele antes do seqüestro --há exatamente dois anos. O prefeito dividiu a mesa com o empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado em ação judicial de ser o mandante da morte, o que ele nega.
Em fevereiro de 2003, Oliveira foi perseguido por dois homens quando dirigia uma moto. Foi agredido com um chute, perdeu o controle e colidiu com um poste na altura do nº 2.000 da avenida Águia de Haia (zona leste de SP). Embora nada tenha sido levado, a polícia registrou o caso como "roubo seguido de morte".
A única testemunha que declarou à polícia ter assistido à morte do garçom foi assassinada no mesmo local, 20 dias depois, com um tiro nas costas.
Quando foi morto, o garçom portava documentos falsos e um novo nome. Familiares e amigos afirmaram à Folha que Oliveira recebeu R$ 60 mil num depósito em conta corrente, cuja origem e data precisa não sabem informar --alguns dizem se tratar de um seguro de vida. Oliveira recebia cerca de R$ 400 por mês.
Ainda segundo relato de amigos, o garçom teria escutado trechos da conversa de Daniel e de Gomes da Silva. Detalhes do que ouviu, entretanto, deveriam ser silenciados --a orientação é creditada a chefes do trabalho. Dias após a morte de Daniel, Oliveira disse à polícia não ter ouvido nada. Afirmou que Gomes da Silva freqüentava o restaurante "vez por outra" e que, naquela noite, ele e Daniel pareciam tranqüilos.
Em um diálogo gravado pela Polícia Federal entre Gomes da Silva e o vereador Klinger Luiz de Souza (PT), ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, os dois falam sobre um garçom do restaurante. A conversa ocorreu oito dias após o corpo de Daniel ser encontrado.
Klinger - Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar é o que sempre te servia ou era um cara diferente?
Sérgio - Era o cara de costume.
Klinger - Você estava naquela mesa lá de canto?
Sérgio - Era.
Procurado na última quinta-feira para falar se conhecia o garçom morto, a assessoria de Klinger informou que ele estava em viagem.
No último dia 23, foi assassinado com dois tiros o agente funerário Iran Moraes Redua, 25. Ele foi o primeiro a identificar o corpo de Daniel, abandonado em uma estrada de terra em Juquitiba. À polícia, Redua disse ter reconhecido o prefeito por meio de um jornal que trazia estampada a foto de Daniel e estava ao lado do corpo.
Outras três mortes estão relacionadas a Dionízio Severo, apontado como o elo entre Gomes da Silva e a quadrilha da favela Pantanal, contratada para matar o prefeito. Severo foi morto numa cadeia de Guarulhos. Sérgio "Orelha", que abrigou Severo em sua casa nos dias subseqüentes à morte de Daniel, também morreu.
Outra morte é a de um investigador de polícia. A quebra do sigilo telefônico revelou ligações do celular do policial para Severo na véspera do seqüestro.
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