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05/06/2009 - 03h06

Cowboy da Amazônia participa de ONG ambientalista de produtores rurais

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RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Cuiabá

Chamado de "Amazon Cowboy" pela imprensa americana, o fazendeiro texano John Carter, 43, enfrentou a desconfiança dos ambientalistas e pesquisadores até ser aceito nas mesas de discussão sobre o futuro da Amazônia.

Proprietário de terras em Mato Grosso desde a década de 1990 e fundador da Aliança da Terra --primeira ONG ambientalista de produtores rurais do país, criada em 2004--, Carter sempre foi visto com ressalvas.

Em quatro anos de atuação, sua ONG conseguiu atrair e filiar 167 produtores rurais que, juntos, detêm quase 2 milhões de hectares na região --o equivalente ao território de Sergipe.

Cada um deles concordou em submeter suas terras a uma espécie de "diagnóstico" que identifica eventuais passivos ambientais --como desmatamento em áreas de reserva legal e de preservação permanente-- e avalia questões como o manejo do solo e a produção e destinação de resíduos.

O passo seguinte é a assinatura de um "Compromisso de Adequação Socioambiental", por meio do qual o produtor estipula um prazo para corrigir as pendências.

"Estabelecemos um cronograma para a recuperação, de acordo com o orçamento e a capacidade de cada produtor. Este prazo pode ir de 5 até 30 anos, mas há metas anuais que precisam ser cumpridas", disse.

Um balanço referente ao ano passado mostrou que 69% das metas haviam sido atingidas pelos filiados. Mas o projeto contabiliza apenas 5.545 hectares recuperados ou em processo de recuperação.

"Estamos falando de recuperação de áreas de preservação permanente, intervenção em processos erosivos e o tratamento de resíduos. É uma ação de longo prazo", disse.

Em cinco anos, de acordo com Carter, a Aliança da Terra e seus filiados pretendem ingressar no mercado de serviços ambientais _que prevê compensações financeiras pela preservação e a recuperação de áreas degradadas.

Faroeste

Formado em geologia para prospecção de petróleo, Carter conheceu sua mulher, uma engenheira agrônoma brasileira, quando cursava uma especialização em pecuária no Texas.

Já casado, mudou-se para o Brasil em 1993 e seguiu direto à região do Xingu, onde o sogro possuía terras.

A ideia de constituir uma ONG, segundo ele, veio da constatação de que a maioria dos projetos ambientalistas não "tinha nenhum resultado prático". "Em geral, o dinheiro vem, o projeto é feito, muitos ganham a vida com isso, mas o ritmo do desmatamento não muda", afirmou Carter.

Viria daí, segundo ele, a resistência inicial a suas ideias em parte do movimento ambientalista. "99% dos projetos financiados não têm serventia alguma. Não há mais mata em pé por causa deles. Então muitos temiam dividir a verba internacional com uma entidade de fato queria mudar este cenário."

A Aliança da Terra recebe ajuda de entidades como a fundação David e Lucile Packard e o Blue Moon Fund, ambos sediados nos EUA, que ajudam a subsidiar 50% dos custos dos diagnósticos ambientais. O governo americano, por meio da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), repassou em 2008 uma doação de US$ 169 mil para o projeto.

Para um ambientalista ouvido pela Folha,que preferiu não se identificar, a iniciativa de Carter é bem intencionada, mas ao mesmo tempo fechada e pouco transparente.

Segundo ele, há dificuldade de diálogo com o texano e dúvidas sobre a validade de seu modelo, no qual os instrumentos de fiscalização oficiais ficariam em segundo plano.

 

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