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09/06/2009 - 08h25

CNJ vota hoje norma que afasta titulares de 5.000 cartórios

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FLÁVIO FERREIRA
da Folha de S.Paulo

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) vota hoje a aprovação de uma resolução que determina a remoção de titulares de cerca de 5.000 cartórios civis --aproximadamente um quarto do total do país-- que não prestaram concurso para ocupar os cargos.

A resolução também prevê a realização de seleções públicas para o preenchimento dos postos até o final deste ano.

O texto da medida do CNJ determina que todos os tabeliães e oficiais registradores de cartórios de registro civil, de imóveis, de notas e de protesto que assumiram os cargos sem concurso, após a promulgação da Constituição de 1988, deixem os postos.

A proposta de texto legal, elaborada pela Corregedoria do CNJ, define que os cargos em aberto deverão ser ocupados interinamente pelo funcionário mais antigo de cada cartório --que pode até ser o próprio tabelião ou oficial registrador.

A atividade cartorária é considerada privada, realizada por meio de uma delegação do poder público. Segundo a legislação, os cargos dos titulares são vitalícios. O posto de titular de cartório civil em geral é muito lucrativo --há casos em que os ganhos líquidos chegam a mais de R$ 400 mil.

O último balanço fechado do CNJ sobre a movimentação anual dos cartórios, relativa a 2006, indicou que o setor arrecadou mais de R$ 4 bilhões.

A expectativa da Corregedoria do CNJ é que a resolução leve à efetiva aplicação do artigo 236 da Constituição, que prevê que "o ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos". Atualmente há 225 procedimentos sobre o tema em andamento no CNJ.

Se for aprovada, a resolução terá caráter obrigatório, uma vez que o CNJ é a instituição responsável pelo controle administrativo e disciplinar do Poder Judiciário.

A expectativa do conselho é que ocorra uma forte oposição do setor de cartórios, que deverá se manifestar, sobretudo, por meio de ações no STF (Supremo Tribunal Federal).

Na contramão da resolução em pauta no CNJ, tramita atualmente na Câmara dos Deputados um projeto de emenda constitucional --a PEC 471-- que prevê a anistia dos titulares de cartórios que não passaram nos concursos públicos.

O texto legal já foi aprovado pelas comissões internas da Câmara e está pronto para ir a votação pelo plenário.

Irregularidades

Em inspeções estaduais realizadas nos órgãos judiciais nos últimos anos, a Corregedoria constatou vários tipos de desvios em relação ao disposto na Constituição, muitos deles amparados até mesmo em leis estaduais ou em resoluções dos tribunais de Justiça locais.

Além de situações em que os titulares dos cartórios não prestaram concurso, a Corregedoria identificou casos em que os postos foram transferidos a pessoas que passaram por seleções públicas, porém para cargos de técnicos nos tribunais de Justiça dos Estados.

Outra ocorrência frequente nas inspeções do CNJ foi o acúmulo das atividades de titular de cartório judicial e de registros civis. Em muitos desses casos, os serviços da Justiça ficaram em segundo plano, por não serem lucrativos, gerando uma morosidade incomum no andamento das ações judiciais.

A resolução do CNJ também prevê um texto padrão para os editais de concursos futuros que visem o preenchimento dos cargos nos cartórios, para evitar a atual disparidade de regras entre os Estados.

Comentários dos leitores
sérgio dourado (371) 02/02/2010 20h35
sérgio dourado (371) 02/02/2010 20h35
Mais uma vez se nota o papel do Estado brasileiro:onerar o povo com maiores impostos e prover os ricos com maiores salários..Ora,gosto de argumentar com fatos,e gostaria de saber em quanto o salário do povo em geral,em sua grande maioria,que é o salário mínimo,está defasado em relação ao que prega a Constituição e o que afirma o IPEA com seus dados alarmantes sobre a altíssima e "injusta" carga tributária brasileira:onde os ricos pagam menos impostos que os pobres.Agora estarão corretos os excelentíssimos ministros da Suprema Corte em exigiram uma correção do salário (em torno de 14%) maior que a própria inflação,enquanto o que prega a própria Constituição sobre a condição do salário mínimo servir à condições básicas que não dão nem pro começo de conversa?Onde está o sentimento de Justiça aí,onde o fosso entre ricos e pobres só aumenta?O roll que o Brasil pretende entrar,de país desenvolvido,está muito distante das atuais condições de mínima "equiparação salarial".Não defendo salários mais baixos para os ministros,mas salários mais justos para os mais pobres,e que pagam mais impostos sobre consumo básico do que os ricos em relação aos seus luxos e sua renda.Como ainda o "efeito cascata",é de se inimaginar o aumento do gasto do poder público com pagamento de pensão e penduricalhos para seus "altos" funcionários e outros que mamam nessa teta gorda..Pra que Lula?Precisamos é do povo gritar e se fazer escutar.Não com violência,ao contrário:com apelação às leis,queremos justiça... sem opinião
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Nivaldo Lacerda (113) 02/02/2010 17h26
Nivaldo Lacerda (113) 02/02/2010 17h26
Usando Martin Luther King
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Um pais que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. "Meu Brasil, doce terra de liberdade, eu te canto.Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"E se o Brasil é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.E assim ouvirei o sino da liberdade em Brasilia e em todos os rincoes .E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia"
"Livre afinal, livre afinal.
SERA QUE ISSO VAI ACONTECER? SEM UMA GRANDE PARTICIPACAO DA POPULACAO? ACABANDO COM O DOMINIO DE CORONEIS E CARTEIS?
DA PRA PENSAR NISTO? NESTE MOMENTO E PURA UTOPIA.
sem opinião
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Rui Ruz Caputi Caputi (1958) 28/01/2010 14h22
Rui Ruz Caputi Caputi (1958) 28/01/2010 14h22
A CNJ dá um bom e didático exemplo para todos.
Quisera, todas as demais instituições publicas ou privadas seguissem seu padrão elevado.
2 opiniões
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