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11/02/2004 - 07h46

Lula cita Deus, diz já ter feito milagre e fala no fim da fome

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JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou Deus ontem, em São Paulo, para dizer que o Brasil não precisará de ajuda externa no combate à subalimentação, afirmou que fez um "milagre" em 13 meses de governo e que acabar com o "problema da fome" é apenas uma "questão de tempo".

Lula discursou na abertura da feira Expo Fome Zero, na capital paulista, evento que exibe as ações de empresas públicas e privadas dentro do principal programa social do governo federal.

De início, e depois também ao final de seu discurso, o presidente atribuiu o problema da fome no país a uma desigualdade social secular: "Está claro que a única razão pela qual ainda há gente no Brasil passando fome é o desacerto histórico da política de distribuição de renda do nosso país".

Apesar de ter proposto um fundo mundial contra a pobreza, Lula afirmou que o Brasil não precisará de ajuda externa para erradicar a subalimentação. "Deus pôs os pés aqui e falou: "Olha, aqui vai ter tudo. Agora, é só homens e mulheres terem juízo que as coisas vão dar certo". E nós vamos fazer este país dar certo sem precisar pegar dinheiro de fora para combater a fome".

Antes, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, havia dito, também em discurso, ter sido questionado no exterior sobre os motivos de existirem tantas desigualdades em um país tão promissor.

"Portanto, eu diria, Patrus, que acabar com a fome no Brasil é apenas uma questão de tempo. Nós vamos fazer. Porque vocês vão perceber aqui, no meu discurso, o milagre que aconteceu neste país em pouquíssimo tempo", disse Lula, sem definir prazos.

Bem-humorado, Lula fez uma espécie de balanço de sua atuação no combate à fome até agora, iniciada no momento imediato em que venceu as eleições.

"Na noite de 27 de outubro de 2002, quando me vi eleito presidente da República, entendi perfeitamente que o povo brasileiro terminava de repactuar uma nova vontade de futuro. E ela era incompatível com a persistência da fome e da exclusão entre nós."

De acordo com números apresentados por ele, o Fome Zero, lançado no dia 28 de outubro de 2002, está hoje em 2.369 municípios, atendente 1,9 milhão de famílias. Ao despedir-se, Lula deu um tom confessional à sua fala.

"Volto para Brasília agora com a certeza mais do que absoluta de que o passo que vocês deram hoje nesta exposição demonstra uma tese que venho defendendo há alguns anos: não tem ser humano 100% mau, como não tem ser humano 100% bom", afirmou.

Marketing

Além de Ananias, Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, estavam acompanhados dos ministros Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Roberto Rodrigues (Agricultura). A platéia era formada por empresários e personalidades dos meios artístico e esportivo. Todos acompanharam uma espécie de desfile que propagandeou as ações do programa.

O presidente agradeceu aos empresários e minimizou a importância do governo no combate à fome. Segundo Lula, ele não deseja ser um "indutor" do combate à fome, mas um "provocador".

Para isso, quatro dias após ter anunciado um contingenciamento de verbas, pediu mais ajuda da iniciativa privada para o social. E aproveitou para criticar os antecessores. "Eles [empresários] fizeram mais em um ano do que muita gente não fez enquanto foi governo em cinco ou seis anos."

Cento e dez empresas participam da feira, que, entre outras coisas, tem como objetivo dar visibilidade às marcas engajadas no Fome Zero. "O governo não tem que saber o que as pessoas estão fazendo. Depois de feito, nós gostaríamos de tomar conhecimento para fazer propaganda e quantificar", disse o presidente.

O assessor especial da Presidência, Frei Betto, um dos idealizadores do Fome Zero e amigo pessoal de Lula, admitiu, após a abertura oficial do evento, que o governo também se beneficia com o marketing das empresas, mas que o combate à miséria está acima de qualquer publicidade.

De acordo com ele, o presidente afirmou que os R$ 15 bilhões destinados para a área social neste ano não serão contingenciados.
 

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