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23/02/2004 - 09h35

Na rádio, Lula defende governo no caso Waldomiro

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da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou nesta segunda o seu programa quinzenal de rádio para defender o seu governo no caso Waldomiro Diniz. "Eu soube da notícia às dez e meia da manhã e ao meio dia eu já tinha exonerado o cidadão (Waldomiro Diniz)", e completou: "Até agora não se tem nenhuma prova de que ele cometeu algum ato ilícito". Falou também sobre as medidas que o governo tomou em relação às enchentes e sobre a proibição dos bingos. Leia abaixo a íntegra do programa.

Repórter - Presidente, na última semana o senhor assinou duas medidas provisórias, uma proibindo os bingos e a outra liberando os recursos do Fundo de Garantia para as vítimas das chuvas. Vamos falar primeiro sobre a questão das enchentes.

Lula - Nós estamos em uma segunda-feira de Carnaval e uma parte do Brasil está brincando Carnaval e uma parte do Brasil não tem nem como brincar Carnaval. Nós temos o problema das enchentes que perturbam a tranqüilidade das pessoas e é importante dizer alguma coisa para os brasileiros.

Nós não apenas liberamos o Fundo de Garantia para as pessoas que têm Fundo de Garantia e que tiveram prejuízo nas suas casas. Como pela primeira vez na história, o governo federal assumiu grande parte da responsabilidade pelas enchentes, ou seja, cuidando tanto dos municípios, quanto das pessoas que foram envolvidas.

O governo, através do ministro Ciro Gomes, anunciou a liberação de R$ 339 milhões. Nós tomamos a decisão de não permitir que faltasse, primeiro, comida para as pessoas, que faltasse água potável, que faltasse remédios para as pessoas, depois nós tomamos a decisão de não permitir que ficasse nenhuma comunidade isolada.

Liberamos dinheiro da Cide (imposto sobre combustíveis), ou seja, antecipamos uma fatia de dinheiro que os governadores tem direito com a reforma tributaria, para que eles, governadores, consertem as estradas estaduais e o governo federal tomou a decisão de gastar praticamente 139 milhões de reais as estradas federais que foram estragadas pela chuva.

Repórter - Presidente, o senhor esta aparentando tranqüilidade mesmo numa semana tensa.

Lula - Você sabe que um presidente da República não pode nunca ficar nervoso. Todo mundo tem o direito de falar o que quer. Todo mundo tem o direito de ficar nervoso. O presidente da República não pode.

O presidente da República tem que ter a tranqüilidade. Sempre contar até dez antes de falar alguma coisa. Quando ele falar ser uma coisa bem pensada, porque ele não pode causar transtorno na sociedade brasileira. Pelo contrário, ele precisa passar tranqüilidade. Pegue essas denuncias que envolveram o governo agora, quer dizer, o que é que eu tinha que fazer. Eu soube da notícia às 10h30 da manhã e ao meio-dia eu já tinha exonerado o cidadão [Waldomiro Diniz] que estava envolvido. Esse cidadão cumpria uma função das relações entre o governo federal e o Congresso Nacional.

Até agora não se tem nenhuma prova de que ele cometeu algum ato ilícito nessa função. Ora, se ele cometeu alguma coisa antes ou fora da sua função, é um problema da Polícia Federal, é um problema do Ministério Público, é um problema da polícia. O presidente da República não tem poder de prender ninguém. Se vai ter ou não uma CPI, o Congresso Nacional tem maioridade, tem inteligência, tem homens muito capazes que poderão decidir se vai ou não haver uma CPI. Eu acho que eu fiz a minha parte. Fiz uma medida provisória proibindo o jogo de bingo no Brasil, proibindo caça-níqueis.

Eu sei que tem pessoas que gostam de se divertir com isso, mas tem outras formas de se divertir. As pessoas podem brincar de bingo. Eu sempre gostei de bingo e nunca precisei de ir em nenhum bingo oficial, eu ia na minha casa, ia na igreja, juntava os companheiros, juntava os parentes, ou seja, nós tomamos uma medida dura mas necessária para evitar, sabe, que o Brasil continuasse tendo bingos que não eram legalizados e que muitas vezes funcionavam através da indústria da liminar pelo Brasil afora.

Então, foi uma medida que tomei, consciente que ela será benéfica ao povo brasileiro e benéfica ao Brasil. Eu queria por fim dizer ao povo brasileiro que eu aprendi nesse um ano de presidente da República, a não perder a calma em nenhum momento, a estar sempre tranqüilo, porque da minha tranqüilidade é que eu posso passar tranqüilidade para o meu povo.

Eu muitas vezes agradeço o comportamento que a imprensa tem, mesmo um adversário político quando faz uma denúncia, sempre é importante a gente não ficar dizendo que é um adversário, é preciso saber se tem fundamento ou não se tem indício de prova ou não e o nosso papel é apurar. O nosso papel é apurar. O Brasil não é meu. Eu não estou governando o Brasil por interesse próprio.

Eu estou cuidando do Brasil por que acho que posso cuidar melhor do que aqueles que vieram antes de mim. Então quero cuidar com carinho. Tudo que for de denúncia desse governo vai ser apurado, a Polícia Federal vai ser acionada, o Ministério Público tem autonomia para fazer as suas investigações, o Congresso Nacional tem as suas autonomias, ou seja, em nenhum momento, qualquer pessoa no Brasil pode imaginar que uma denúncia qualquer causa crise política no país . Esse país é muito sólido. Esse país tem instituições democráticas muito fortes.

Esse país tem um povo muito inteligente. Não há dificuldade que não seja superada. E eu estou pronto para superar qualquer dificuldade com a tranqüilidade que vocês sabem que eu tenho. Por isso eu quero agradecer a todos vocês e desejar um bom final de Carnaval. Por favor não bebam muito. Sabem, não dirijam se beberem. Sabem, por que lembrem-se que vocês têm uma família que somente vocês é que têm a responsabilidade primeira de cuidar dela.
 

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