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29/02/2004
-
03h11
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Anápolis (GO)
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse anteontem à noite que o governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, autorizou o funcionamento de bingos e caça-níqueis no Estado com assessoria de Waldomiro Diniz, ex-assessor para Assuntos Parlamentares da Presidência.
Zeca baixou dois decretos sobre jogos: o primeiro em agosto de 2001 autorizou as videoloterias (caça-níqueis), o outro em março do ano passado permitiu o funcionamento de bingos.
Waldomiro aparece em vídeo gravado em 2002 no Rio de Janeiro negociando propina para campanhas eleitorais com o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em troca de favorecimento em licitação de loterias. Na última quinta-feira, seis dias após a assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da medida provisória que proibiu bingos e caça-níqueis no país, o governador revogou os decretos.
Antero disse ainda que Zeca "mais do que ninguém tem motivo para defender Waldomiro, que pode não ter tido cargo oficialmente [no escritório do governo de Mato Grosso do Sul em Brasília], mas era o condutor oficiosamente dos negócios dele [do governador] em Brasília".
O tucano se refere à declaração feita por Zeca na segunda-feira de que o PSDB "não tem moral para fazer críticas" ao governo Lula no caso Waldomiro, pois "quem financiou" a campanha de Antero está preso no Uruguai.
Era uma referência de Zeca ao ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, preso desde abril em Montevidéu por uso de documento falso. Arcanjo foi condenado no Brasil em dezembro a 37 anos de prisão por lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa e crime contra o sistema financeiro.
"Contra mim o que existe é uma declaração do ex-contador de Arcanjo dizendo que deu dinheiro para um empresário amigo meu e que esse dinheiro foi para minha campanha. Tem o empresário desmentindo", afirmou Antero.
Luiz Alberto Dondo Gonçalves, preso em Cuiabá (MT), é o ex-contador. Ele disse que R$ 5,7 milhões foram repassados em 2002 pela principal empresa de Arcanjo ao empresário João Dorileo Leal. O dinheiro, segundo Dondo, financiou a campanha de Antero, na época candidato a governador de Mato Grosso.
Dorileo disse à Agência Folha que emprestou R$ 2 milhões de Arcanjo para capital de giro. "A operação foi contabilizada em nome da empresa", afirmou.
"O PT, na CPI do Banestado [Banco do Estado do Paraná], tem todos os cheques da vida do Arcanjo. Um por um. Tem todas as ligações telefônicas dele. É só investigar", afirmou Antero.
"Eu faço um desafio ao Zeca do PT. Ele escolhe o procurador da República e dou autorização para vasculhar meus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Eu duvido que o governador aceite abrir o sigilo dele", disse o senador, que nega ter conhecido Arcanjo.
Além de Zeca, o senador criticou o PT. "Eu espero que o PT não tente transformar importantes instituições brasileiras, como a Polícia Federal, numa polícia política, em uma Gestapo [polícia do nazismo alemão] tupiniquim, porque os tempos não permitem isso em um Estado democrático de direito", disse. O senador afirma que está sendo seguido. Ele disse que ainda não desistiu de uma CPI para o caso Waldomiro.
Senador tucano liga Waldomiro a Zeca do PT
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da Agência Folha, em Anápolis (GO)
O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse anteontem à noite que o governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, autorizou o funcionamento de bingos e caça-níqueis no Estado com assessoria de Waldomiro Diniz, ex-assessor para Assuntos Parlamentares da Presidência.
Zeca baixou dois decretos sobre jogos: o primeiro em agosto de 2001 autorizou as videoloterias (caça-níqueis), o outro em março do ano passado permitiu o funcionamento de bingos.
Waldomiro aparece em vídeo gravado em 2002 no Rio de Janeiro negociando propina para campanhas eleitorais com o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em troca de favorecimento em licitação de loterias. Na última quinta-feira, seis dias após a assinatura pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da medida provisória que proibiu bingos e caça-níqueis no país, o governador revogou os decretos.
Antero disse ainda que Zeca "mais do que ninguém tem motivo para defender Waldomiro, que pode não ter tido cargo oficialmente [no escritório do governo de Mato Grosso do Sul em Brasília], mas era o condutor oficiosamente dos negócios dele [do governador] em Brasília".
O tucano se refere à declaração feita por Zeca na segunda-feira de que o PSDB "não tem moral para fazer críticas" ao governo Lula no caso Waldomiro, pois "quem financiou" a campanha de Antero está preso no Uruguai.
Era uma referência de Zeca ao ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, preso desde abril em Montevidéu por uso de documento falso. Arcanjo foi condenado no Brasil em dezembro a 37 anos de prisão por lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa e crime contra o sistema financeiro.
"Contra mim o que existe é uma declaração do ex-contador de Arcanjo dizendo que deu dinheiro para um empresário amigo meu e que esse dinheiro foi para minha campanha. Tem o empresário desmentindo", afirmou Antero.
Luiz Alberto Dondo Gonçalves, preso em Cuiabá (MT), é o ex-contador. Ele disse que R$ 5,7 milhões foram repassados em 2002 pela principal empresa de Arcanjo ao empresário João Dorileo Leal. O dinheiro, segundo Dondo, financiou a campanha de Antero, na época candidato a governador de Mato Grosso.
Dorileo disse à Agência Folha que emprestou R$ 2 milhões de Arcanjo para capital de giro. "A operação foi contabilizada em nome da empresa", afirmou.
"O PT, na CPI do Banestado [Banco do Estado do Paraná], tem todos os cheques da vida do Arcanjo. Um por um. Tem todas as ligações telefônicas dele. É só investigar", afirmou Antero.
"Eu faço um desafio ao Zeca do PT. Ele escolhe o procurador da República e dou autorização para vasculhar meus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Eu duvido que o governador aceite abrir o sigilo dele", disse o senador, que nega ter conhecido Arcanjo.
Além de Zeca, o senador criticou o PT. "Eu espero que o PT não tente transformar importantes instituições brasileiras, como a Polícia Federal, numa polícia política, em uma Gestapo [polícia do nazismo alemão] tupiniquim, porque os tempos não permitem isso em um Estado democrático de direito", disse. O senador afirma que está sendo seguido. Ele disse que ainda não desistiu de uma CPI para o caso Waldomiro.
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