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01/03/2004 - 15h09

Genoino diz que país tem que diminuir superávit primário para crescer

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CAIO MAIA
da Folha Online

No dia útil posterior à divulgação de que a variação do PIB brasileiro em 2003 foi negativa, o presidente do PT, José Genoino, defendeu, em entrevista ao site do partido, uma diminuição no superávit primário do país.

"Da mesma maneira com que o nosso partido apoiou a agenda do governo em 2003, o PT agora reivindica uma agenda de crescimento para 2004. O governo tem de diversificar as medidas, tem de ousar mais para trabalhar uma agenda de crescimento", afirmou Genoino.

Para isso, diz, é necessária a redução do superávit primário: "É fundamental que essa negociação com o FMI diminua o tamanho do superávit primário. Com isso, você tem melhores condições para investimentos maiores em programas sociais e na área produtiva, como na infra-estrutura."

O presidente Lula, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, almoçaram com o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Horst Köhler, em Brasília.

A afirmação de Genoino, pode demonstrar uma mudança de atitude do próprio governo. O presidente do PT, desde que Lula tomou posse, raramente discorda do chamado "núcleo duro" do governo. O superávit primário --dinheiro que "sobra" no Orçamento para pagamento de dívidas--, até poucos dias atrás, era considerado intocável pela equipe econômica.

Um bom exemplo disso foi a substituição, no último dia 17, do relator do Orçamento de 2004 no Senado. O senador Roberto Saturnino, que ocupava a função, não abriu mão de inserir no texto uma diminuição gradual do valor, que chegaria a 3,25% do PIB em 2007. Segundo Saturnino, isso liberaria cerca de R$ 28 bilhões para investimento em infra-estrutura nos próximos três anos. O Planalto tem defendido o superávit primário de 4,25% do PIB até 2007.

Posição conjunta

Na sexta-feira, o Clarín, um dos mais importantes jornais argentinos, destacou em sua manchete a possibilidade de Brasil e Argentina adotarem uma posição conjunta diante dos "organismos internacionais de crédito", como o FMI.

O chanceler argentino, Rafael Bielsa, segundo o jornal argentino o porta-voz da reunião entre os presidentes Lula e Néstor Kirchner em Caracas, disse que a intenção de ambos os governos seria a de "formular um programa completo que atenda às necessidades econômicas dos países da região", e que este plano seria apresentado em 60 dias aos organismos de crédito.

A relação da Argentina com o FMI, ao contrário da brasileira, tem passado por alguns solavancos. Em setembro do ano passado, o país renegociou sua dívida com o Fundo. Enquanto os argentinos queriam estabelecer no acordo um superávit primário de, no máximo, 3%, o FMI insistia em um número entre 3,5 e 4%.

Com o impasse, a Argentina deixou de pagar uma parcela de US$ 2,9 bi de sua dívida, que venceu no dia 10 daquele mês. No dia 11, o acordo foi assinado, com previsão de superávit de 3%. No dia 12, a parcela da dívida foi paga.

O governo brasileiro, por enquanto, não confirmou nem desmentiu o anúncio. Neste contexto, ganham importância as declarações de Genoino cobrando uma redução do superávit. O brasileiro, por enquanto, continua em 4,25%.
 

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