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19/03/2004 - 06h27

Empresa de Buratti possui sede em endereço de laranja

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RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto
IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O diretor de empresas Rogério Tadeu Buratti, investigado pela Polícia Federal sob suspeita de envolvimento com o escândalo Waldomiro Diniz, usou o endereço de um laranja --uma copeira da empresa de coleta de lixo Leão Leão, em Ribeirão Preto (SP)-- para movimentar sua empresa de consultoria BBS Consultores Associados Ltda.

Buratti é vice-presidente-executivo do grupo Leão Leão, que, além de fazer o serviço de coleta de lixo em Ribeirão, atua também em outras cidades do interior do Estado de São Paulo.

A Folha apurou, em Brasília, que dois diretores da empresa de informática GTech Brasil afirmaram à Polícia Federal que foi essa a empresa de consultoria sugerida por Buratti para assinar um contrato com a GTech por um valor de R$ 6 milhões.

A assinatura de um contrato de consultoria, segundo os diretores, foi condição sugerida pelo ex-assessor parlamentar do ministro José Dirceu (Casa Civil), Waldomiro Diniz, para a renovação do contrato de R$ 650 milhões por um período de 25 meses entre a GTech e a Caixa Econômica Federal em abril de 2003. Os diretores da GTech dizem que o contrato com Buratti não foi assinado e a propina não foi paga.

A BBS, aberta em 27 de julho de 2000 com outro nome, Buratti & Siqueira Assessoria, esta registrada na Junta Comercial paulista em nome de Buratti e de sua mulher, Elza Gonçalves Siqueira Buratti, segundo o Ministério Publico de Ribeirão Preto.

Um grupo de promotores iniciou, com apoio da Receita Federal, uma investigação extra-oficial sobre Buratti, ex-secretário de Governo do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) em sua primeira gestão como prefeito de Ribeirão (1993-1996). Os promotores informaram que a BBS é a única empresa considerada ativa e regular pela Receita Federal registrada em nome de Buratti.

Localizada pela Folha em sua atual casa, ontem, em Jardinópolis (a cerca de 20 km de Ribeirão), a copeira Lourdes Perico Dias disse que foi procurada, há cerca de três anos, por um superior seu, um chefe da Leão Leão chamado "João Francisco", para que "emprestasse" o endereço de sua casa, no conjunto habitacional Elza Reis. Ele seria usado na abertura de uma empresa na cidade. A alegação apresentada foi a fuga dos impostos municipais de Ribeirão, considerados mais altos.

Lourdes teria também uma tarefa: receber as correspondências enviadas para a BBS em sua casa e entregá-las para o chefe na Leão Leão, na sede da empresa, em Ribeirão, onde Lourdes trabalha há mais de dez anos. Ela foi desligada há três meses, mas recontratada no mesmo dia e para a mesma função, por uma terceirizada.

A funcionária contou que raramente vê Rogério Buratti e só soube ontem, informada pela reportagem, que a BBS pertencia a ele. O chefe de Lourdes decidiu então dar o bônus de um salário anual para a copeira pelo trabalho com as correspondências. Duas parcelas foram pagas. Também foi colocada na casa uma caixinha de metal para as cartas.

Os documentos primeiro chegavam em nome de Buratti & Siqueira. Desde meados do ano passado, quando a empresa mudou de nome, passaram a vir para a BBS (a mudança foi registrada na Junta Comercial em maio de 2003). Anteontem, por exemplo, havia chegado à casa --hoje ocupada pela filha de Lourdes-- uma carta para a BBS do banco BicBanco, localizado na Avenida Paulista, em São Paulo, onde a consultora teria uma conta.

Lourdes disse que não fez nada de errado. "Achei que não tinha nada de errado. Eles me disseram para não me preocupar, que não havia nada de errado", contou.

A assessoria de comunicação da Leão Leão, procurada por volta das 20h15 de ontem, foi informada do teor da reportagem e tentou localizar diretores da empresa para que pudessem falar a respeito do assunto. Não houve sucesso até as 23h. O vice-presidente da Leão Leão, Rogério Buratti, também não foi localizado.

Em entrevistas e notas anteriores, Buratti disse que não conhece Waldomiro Diniz, que foi convidado por diretores da GTech para um encontro, mas não fechou nenhum contrato com a empresa.

Colaborou JOEL SILVA, repórter-fotográfico da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto
 

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