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31/03/2004 - 18h01

Serra Azul defende Santoro e nega tese de conspiração

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RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

O procurador federal Marcelo Serra Azul, que participou do depoimento do empresário Carlos Cachoeira, divulgado ontem pela TV Globo, rebateu hoje as acusações de que a ação dele e do colega José Roberto Santoro teve como objetivo conspirar contra o governo. De acordo com ele, não houve nenhuma ilegalidade no depoimento tomado na madrugada.

Serra Azul disse que o fato de Santoro ter se referido ao procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, e ao ministro José Dirceu (Casa Civil) foi uma técnica de convencimento para que Cachoeira entregasse aos procuradores a fita de vídeo na qual o ex-assessor Waldomiro Diniz aparece pedindo propina ao empresário do jogo.

Além disso, o procurador disse que "ninguém era criança" e sabia do poder de Waldomiro Diniz como assessor de Dirceu.

Ele afirmou também que o uso de palavrões e de linguagem vulgar na conversa com Cachoeira é normal. Segundo Serra Azul, os procuradores, ao tomarem um depoimento, devem de usar a mesma linguagem da pessoa ouvida.

"Faz parte da técnica de negociação. Você não está negociando com uma freira ou com um padre. Trata-se de negociação com uma pessoa ligada ao crime organizado, então temos que nos aproximar da linguagem que ele tem e do que ele conhece", disse o procurador.

Depoimento ilegal

Quanto à acusação do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) de que o depoimento teria sido ilegal, Serra Azul declarou que a fita "não revela flagrante algum de ato ilegal, simplesmente um processo regular de convencimento de réu colaborador para que ele vencesse seus medos para colaborar efetivamente com a Justiça".

O procurador ressaltou ainda que o ato de tomar depoimento de madrugada "não constitui ilícito e tampouco infração funcional". Serra Azul revelou que o depoimento durou ao todo nove horas e disse que gostaria que seu conteúdo integral fosse revelado.

Ele também disse acreditar que o próprio Cachoeira teria gravado a fita mostrada pela TV Globo. "Ele tem fama de gravar tudo. Dizem que ele tem uma caixa cheia de fitas".

Sobre o pedido de perdão judicial para Cachoeira, pelo fato de ele ter "colaborado" com a investigação, Serra Azul afirmou que tal concessão é prevista em lei e necessária para a efetiva colaboração do réu. Bastos declarou que ficou evidente que Cachoeira não colaborou espontaneamente no caso.

"Basta olhar a transcrição para ver que ele [Cachoeira] não colaborou espontaneamente. Ao contrário, foi pressionado à noite inteira e durante a madrugada", disse o ministro.

Questionado sobre a investigação que a Corregedoria do Ministério Publico fará sobre a atuação dele e de Santoro no depoimento, Serra Azul declarou que não há nenhum motivo para a realização da sindicância.

"Não vejo nenhuma atitude errada no que fizemos", afirmou. Serra Azul é o procurador designado pelo Ministério Público para investigar o caso Waldomiro. Ele contou que pediu a Santoro que o ajudasse a tomar o depoimento de Cachoeira e que, além deles, estavam na sala os delegado da Polícia Federal, Giácomo Santoro e Francisco Leite Serra Azul Neto (irmão de Marcelo), e a mulher do empresário.
 

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