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07/04/2004
-
07h58
EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo, em Rio Branco (AC)
JULIA DUAILIBI
da Folha de S.Paulo, em Cruzeiro do Sul (AC)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em Rio Branco e depois em Cruzeiro do Sul (AC), um discurso recheado de ataques indiretos ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e a outros antecessores. Admitiu também que pode não conseguir cumprir todas as promessas feitas na campanha eleitoral.
"Eu me lembro dos comícios que fiz em Xapuri [AC], no tempo em que a gente não tinha nem ilusão de que chegaria à Presidência da República. E eu sou capaz de ter cada palavra guardada na minha cabeça e de dizer que nós vamos cumprir todas elas. E aquelas que não cumprirmos não será por falta de vontade, mas por falta de tempo ou por falta de recursos para fazermos aquilo que a gente precisa", disse, durante a inauguração de um hospital do idoso.
Ontem, Lula disse, entre outras coisas, que: pegou o país com uma "dívida praticamente impagável"; seus antecessores formam um grupo que governa o Brasil "há 500 anos"; no primeiro ano de sua gestão o governo "comeu o pão que o diabo amassou" e existem pessoas no Senado, "preocupadas com as eleições", que votam para prejudicar o Planalto.
Mesmo assim, contradizendo-se, disse que só olha para a frente. "Todo mundo sabe que tomamos a decisão de não ficar falando dos governos anteriores."
Lula disse que no Brasil existe a "mania" de se inaugurar obras não finalizadas, principalmente em ano eleitoral. E citou Joãosinho Trinta, no que pode ser entendido como uma crítica a Fernando Henrique: "Eu aprendi com Joãosinho Trinta: quem gosta de miséria é intelectual. O povo gosta é de coisa boa, o povo gosta de ser bem tratado".
Mais tarde, em inauguração do porto da cidade, na margem do rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, a cerca de 600 km de Rio Branco, ele aproveitou o discurso para fazer uma promessa: a conclusão da BR-364, que une essas duas cidades, as principais do Estado.
"Seria leviano de minha parte dizer que, ao fazer, vou terminar e inaugurar. Vocês sabem que durante oito anos as estradas brasileiras foram abandonadas", disse Lula, referindo-se aos dois mandatos de Fernando Henrique.
Últimos 30 anos
No discurso que proferiu em Rio Branco, Lula fez referências às críticas que têm recebido da oposição: "Só queria lembrar uma coisa: tem gente que governou este país nos últimos 30 anos, e a grande maioria está no poder ainda (...) E agora cobram de nós como se pudéssemos fazer, em 500 dias, o que eles não fizeram em 500 anos. Não dá".
Afirmou, em seguida, que sua eleição não ocorreu à toa. "Nós só ganhamos porque o povo brasileiro falou: "espera aí". Essa gente governa o Brasil desde que [Pedro Álvares] Cabral chegou aqui."
Para citar a possibilidade de crescimento do país, afirmou: "O ano passado foi um ano em que nós comemos o pão que o diabo amassou, plantando, tirando as ervas daninhas que estavam espalhadas pela nossa lavoura. Deixamos o roçado pronto, plantamos e neste ano começamos a colher".
Também criticou os governadores que não divulgam as obras federais em seus Estados, acolhendo, segundo ele, os investimentos da União como se fossem oriundos dos cofres de suas administrações. "Ninguém quer fazer propaganda, o que queremos é que a informação seja dada corretamente para o povo saber quem está fazendo as coisas neste país. É uma questão de honestidade."
No momento em que busca desvencilhar o governo do caso Waldomiro Diniz, que gerou a pior crise política de sua gestão, disse que quanto maior o número de "dificuldades" mais ele gosta.
Lula relatou ainda as "dificuldades" para aprovar matérias de interesse do governo no Senado. "Tem gente que pensa: "Por que votar nas coisas que o governo manda para cá, se isso vai favorecer o governo?" Para ele, alguns senadores só estão preocupados com as "próximas eleições".
Lula ataca FHC e admite que pode não cumprir promessas
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da Folha de S.Paulo, em Rio Branco (AC)
JULIA DUAILIBI
da Folha de S.Paulo, em Cruzeiro do Sul (AC)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em Rio Branco e depois em Cruzeiro do Sul (AC), um discurso recheado de ataques indiretos ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e a outros antecessores. Admitiu também que pode não conseguir cumprir todas as promessas feitas na campanha eleitoral.
"Eu me lembro dos comícios que fiz em Xapuri [AC], no tempo em que a gente não tinha nem ilusão de que chegaria à Presidência da República. E eu sou capaz de ter cada palavra guardada na minha cabeça e de dizer que nós vamos cumprir todas elas. E aquelas que não cumprirmos não será por falta de vontade, mas por falta de tempo ou por falta de recursos para fazermos aquilo que a gente precisa", disse, durante a inauguração de um hospital do idoso.
Ontem, Lula disse, entre outras coisas, que: pegou o país com uma "dívida praticamente impagável"; seus antecessores formam um grupo que governa o Brasil "há 500 anos"; no primeiro ano de sua gestão o governo "comeu o pão que o diabo amassou" e existem pessoas no Senado, "preocupadas com as eleições", que votam para prejudicar o Planalto.
Mesmo assim, contradizendo-se, disse que só olha para a frente. "Todo mundo sabe que tomamos a decisão de não ficar falando dos governos anteriores."
Lula disse que no Brasil existe a "mania" de se inaugurar obras não finalizadas, principalmente em ano eleitoral. E citou Joãosinho Trinta, no que pode ser entendido como uma crítica a Fernando Henrique: "Eu aprendi com Joãosinho Trinta: quem gosta de miséria é intelectual. O povo gosta é de coisa boa, o povo gosta de ser bem tratado".
Mais tarde, em inauguração do porto da cidade, na margem do rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, a cerca de 600 km de Rio Branco, ele aproveitou o discurso para fazer uma promessa: a conclusão da BR-364, que une essas duas cidades, as principais do Estado.
"Seria leviano de minha parte dizer que, ao fazer, vou terminar e inaugurar. Vocês sabem que durante oito anos as estradas brasileiras foram abandonadas", disse Lula, referindo-se aos dois mandatos de Fernando Henrique.
Últimos 30 anos
No discurso que proferiu em Rio Branco, Lula fez referências às críticas que têm recebido da oposição: "Só queria lembrar uma coisa: tem gente que governou este país nos últimos 30 anos, e a grande maioria está no poder ainda (...) E agora cobram de nós como se pudéssemos fazer, em 500 dias, o que eles não fizeram em 500 anos. Não dá".
Afirmou, em seguida, que sua eleição não ocorreu à toa. "Nós só ganhamos porque o povo brasileiro falou: "espera aí". Essa gente governa o Brasil desde que [Pedro Álvares] Cabral chegou aqui."
Para citar a possibilidade de crescimento do país, afirmou: "O ano passado foi um ano em que nós comemos o pão que o diabo amassou, plantando, tirando as ervas daninhas que estavam espalhadas pela nossa lavoura. Deixamos o roçado pronto, plantamos e neste ano começamos a colher".
Também criticou os governadores que não divulgam as obras federais em seus Estados, acolhendo, segundo ele, os investimentos da União como se fossem oriundos dos cofres de suas administrações. "Ninguém quer fazer propaganda, o que queremos é que a informação seja dada corretamente para o povo saber quem está fazendo as coisas neste país. É uma questão de honestidade."
No momento em que busca desvencilhar o governo do caso Waldomiro Diniz, que gerou a pior crise política de sua gestão, disse que quanto maior o número de "dificuldades" mais ele gosta.
Lula relatou ainda as "dificuldades" para aprovar matérias de interesse do governo no Senado. "Tem gente que pensa: "Por que votar nas coisas que o governo manda para cá, se isso vai favorecer o governo?" Para ele, alguns senadores só estão preocupados com as "próximas eleições".
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