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16/04/2004 - 07h11

Lula planta estrela no Alvorada e no Torto

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

O jardim do Palácio da Alvorada, cujo projeto foi doado ao ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1960) pelo imperador japonês Hiroito, ostenta --há seis meses-- um canteiro de flores vermelhas (sálvias) no formato da estrela do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estrela tem quatro metros de diâmetro.

A novidade, revelada ontem pelo jornal "Correio Braziliense", provocou reações contrárias, como a de entidades ligadas à preservação do patrimônio da cidade e de senadores da oposição. "É o símbolo do aparelhamento do Estado", disse o senador tucano Tasso Jereissati (CE). Já para o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), "a administração do Palácio do Planalto agrediu os símbolos da República".

Há uma outra estrela de sálvia com cinco metros de diâmetro no jardim da Granja do Torto, onde Lula e sua família costumam passar fins de semana e feriados.

Por serem tombados, os jardins de Brasília, e dos palácios do governo, são mantidos desde a fundação da cidade pela empresa Novacap (Novacapital). Quem paga pelos serviços é o governo do Distrito Federal.

Os jardins do Palácio da Alvorada e do Palácio do Jaburu, este último planejado pelo paisagista Roberto Burle Marx, são mantidos por jardineiros especialmente treinados, segundo informou a assessoria do governo distrital.

A assessoria de imprensa do Planalto informou que a estrela de sálvia foi uma sugestão de um dos jardineiros responsáveis pela manutenção do jardim do Alvorada e foi aceita pela primeira-dama Marisa Letícia. Disse também haver canteiros com formatos de meia-lua, quadrado e triângulo.

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Paulo Fona, por sua vez, disse que "a Novacap só faz o que determina a primeira-dama".

O chamado Plano Piloto --região de Brasília que tem o formato de uma aeronave e foi planejada pelo arquiteto Lúcio Costa-- é tombado pelo Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Como o Palácio da Alvorada fica na região, também faz parte do tombamento.

De acordo com as regras de tombamento, os ocupantes das residências oficiais só podem fazer modificações nos prédios e nos jardins com autorização do Iphan. Freqüentemente também se pede autorização para o autor da obra, caso ele ainda esteja vivo.

No entanto, o arquiteto José Leme Galvão, gerente de proteção do Iphan, afirma que a estrela de sálvia não descumpre a lei. Segundo ele, um canteiro de quatro metros de diâmetro é muito pequeno para descaracterizar um jardim de 38 hectares.

O arquiteto Carlos Magalhães, 70, que participou da construção de Brasília e hoje é um dos defensores do seu patrimônio, afirmou que Lula tem de "fazer modificações sociais, e não paisagísticas".

O presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Haroldo Villar Queiroz, afirmou que os governantes devem ter em mente que as residências oficiais são ocupadas por tempo determinado. "Se espera que o presidente dê um exemplo de respeito em relação à coisa pública".

Ex-primeiras-damas

As primeiras-damas Lucy Geisel (1974-79) e Dulce Figueiredo (1979-85) fizeram algumas alterações nas flores dos jardins do Palácio da Alvorada, mas respeitaram os canteiros estabelecidos no projeto original do jardim.

Segundo funcionários da Novacap, a empresa que faz a manutenção dos jardins de Brasília, Lucy e Dulce nunca excederam os locais determinados pelo projeto para plantar novas flores.

Ainda segundo funcionários da empresa, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso (1995-2002) não fez nenhuma alteração nos jardins. Outra que não fez alterações nos jardins ou no palácio em que vive é Marisa da Silva, mulher do vice-presidente José Alencar.

O casal mora no Palácio do Jaburu, que, assim como o Alvorada, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
 

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