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01/05/2004
-
06h57
MARCELO RUBENS PAIVA
articulista da Folha de S.Paulo
Em jantar no apartamento do jornalista e escritor Fernando Morais, o ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou ontem que "de cargo eu não entendo nada". A frase foi dita numa conversa animada com o diretor de teatro Antônio Abujamra, do programa Provocações, da TV Cultura.
O jantar foi promovido em apoio ao ministro, abalado com o caso Waldomiro Diniz. Ele foi flagrado em vídeo de 2002 pedindo propina a um empresário de jogos. Divulgada em fevereiro, quando Waldomiro era o braço direito de Dirceu, a fita provocou sua demissão.
Esse litígio motivou o jantar de ontem no apartamento de Morais, autor de "Olga" e "Chatô - o Rei do Brasil", em Higienópolis, a uma quadra da residência do totem da oposição, Fernando Henrique Cardoso.
Morais, ex-secretário de Cultura e de Educação do Estado de São Paulo e ainda filiado ao PMDB, afirmou que o encontro não é um pleito em favor do governo Lula, mas de solidariedade a Dirceu.
"Tive a idéia do jantar com a Consuelo de Castro, porque estão chamando o Dirceu de ladrão. Tudo bem, enquanto dizem que ele está mais à direita ou à esquerda do partido. Mas, de uma hora para a outra, duvidar de um cara que deu a vida dele pelo país, com idéias? Ele não é um bandido", disse Morais.
"O caso quase acabou com a minha alma", disse o ministro no jantar. "Especialmente porque envolveu o meu filho", completou, em referência a reportagens que mostraram que Zeca Dirceu, pré-candidato à Prefeitura de Cruzeiro do Oeste (PR), conseguia liberar mais emendas orçamentárias do que muitos parlamentares.
Apesar disso, o ministro afirmou que "descobriu mais amigos que inimigos" e que está feliz porque está fazendo o que mais gosta.
Questionado sobre se o caso manchou a áurea do PT, disse que "ninguém é santo, nem no PT" e que ele próprio nunca se considerou santo.
Antes de o caso Waldomiro ser abafado e opacificar o brilho do halo do PT, Morais, Antônio Candido, um dos fundadores do PT, e Consuelo escreveram um manifesto de duas linhas em defesa da honradez de Dirceu e colheram assinaturas durante o Carnaval passado.
"Ele tem um histórico, estávamos dando um apoio público. Telefonei para as pessoas, algo amador. Quando levamos o manifesto para Brasília, o trem já tinha passado, não fazia mais sentido, mas ele [Dirceu] quis rever e conhecer as pessoas que assinaram", explica Morais.
"Mas vamos aproveitar o jantar e dizer umas verdades para ele. Para a minha geração, este governo é a última esperança. Vou fazer 60 anos daqui a três anos. O prejuízo que o PT vai causar à sociedade, se não der certo, vai ser enorme. Não vamos mais montar uma guerrilha. Esta é uma manifestação de um setor expressivo da sociedade", completa.
Segundo Morais, no R.S.V.P do jantar para 40 pessoas, confirmaram presença o dramaturgo Alcides Nogueira, o diretor de teatro Antônio Abujamra, Candido, Chico Buarque, o cineasta Cláudio Kans, Consuelo de Castro, Leilah Assunção, Renato Borgh, Luiz Marinho, da CUT, Marilena Chaui, Maria Adelaide Amaral, Mário Prata, Nirlando Beirão, Marta Góes, Paulo Betti e outros.
Até o fechamento desta edição, só o arquiteto Oscar Niemeyer, 97, que não viaja de avião e veio de carro do Rio de Janeiro, e o teólogo Leonardo Boff haviam chegado. O fotógrafo Sebastião Salgado, que estava em Galápagos, também confirmou presença.
Amigos apóiam e "puxam orelha" de Dirceu
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articulista da Folha de S.Paulo
Em jantar no apartamento do jornalista e escritor Fernando Morais, o ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou ontem que "de cargo eu não entendo nada". A frase foi dita numa conversa animada com o diretor de teatro Antônio Abujamra, do programa Provocações, da TV Cultura.
O jantar foi promovido em apoio ao ministro, abalado com o caso Waldomiro Diniz. Ele foi flagrado em vídeo de 2002 pedindo propina a um empresário de jogos. Divulgada em fevereiro, quando Waldomiro era o braço direito de Dirceu, a fita provocou sua demissão.
Esse litígio motivou o jantar de ontem no apartamento de Morais, autor de "Olga" e "Chatô - o Rei do Brasil", em Higienópolis, a uma quadra da residência do totem da oposição, Fernando Henrique Cardoso.
Morais, ex-secretário de Cultura e de Educação do Estado de São Paulo e ainda filiado ao PMDB, afirmou que o encontro não é um pleito em favor do governo Lula, mas de solidariedade a Dirceu.
"Tive a idéia do jantar com a Consuelo de Castro, porque estão chamando o Dirceu de ladrão. Tudo bem, enquanto dizem que ele está mais à direita ou à esquerda do partido. Mas, de uma hora para a outra, duvidar de um cara que deu a vida dele pelo país, com idéias? Ele não é um bandido", disse Morais.
"O caso quase acabou com a minha alma", disse o ministro no jantar. "Especialmente porque envolveu o meu filho", completou, em referência a reportagens que mostraram que Zeca Dirceu, pré-candidato à Prefeitura de Cruzeiro do Oeste (PR), conseguia liberar mais emendas orçamentárias do que muitos parlamentares.
Apesar disso, o ministro afirmou que "descobriu mais amigos que inimigos" e que está feliz porque está fazendo o que mais gosta.
Questionado sobre se o caso manchou a áurea do PT, disse que "ninguém é santo, nem no PT" e que ele próprio nunca se considerou santo.
Antes de o caso Waldomiro ser abafado e opacificar o brilho do halo do PT, Morais, Antônio Candido, um dos fundadores do PT, e Consuelo escreveram um manifesto de duas linhas em defesa da honradez de Dirceu e colheram assinaturas durante o Carnaval passado.
"Ele tem um histórico, estávamos dando um apoio público. Telefonei para as pessoas, algo amador. Quando levamos o manifesto para Brasília, o trem já tinha passado, não fazia mais sentido, mas ele [Dirceu] quis rever e conhecer as pessoas que assinaram", explica Morais.
"Mas vamos aproveitar o jantar e dizer umas verdades para ele. Para a minha geração, este governo é a última esperança. Vou fazer 60 anos daqui a três anos. O prejuízo que o PT vai causar à sociedade, se não der certo, vai ser enorme. Não vamos mais montar uma guerrilha. Esta é uma manifestação de um setor expressivo da sociedade", completa.
Segundo Morais, no R.S.V.P do jantar para 40 pessoas, confirmaram presença o dramaturgo Alcides Nogueira, o diretor de teatro Antônio Abujamra, Candido, Chico Buarque, o cineasta Cláudio Kans, Consuelo de Castro, Leilah Assunção, Renato Borgh, Luiz Marinho, da CUT, Marilena Chaui, Maria Adelaide Amaral, Mário Prata, Nirlando Beirão, Marta Góes, Paulo Betti e outros.
Até o fechamento desta edição, só o arquiteto Oscar Niemeyer, 97, que não viaja de avião e veio de carro do Rio de Janeiro, e o teólogo Leonardo Boff haviam chegado. O fotógrafo Sebastião Salgado, que estava em Galápagos, também confirmou presença.
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