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14/06/2004 - 08h49

Festa caipira comemora aniversário de casamento de Lula

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da Folha de S. Paulo

Uma festa caipira marcou os 30 anos de casamento do presidente Lula com Marisa, sábado, na Granja do Torto. O tom político ficou por conta de um salmo de meditação sobre as bem-aventuranças do poder recitado por Frei Betto, assessor especial de Lula.

"Bem-aventurados os que governam trabalhando em equipe, fazendo da política um grande mutirão democrático", dizia um dos trechos, declamado pelos convidados presentes, entre os quais alguns que se encontram no centro de divergências e lutas pelo poder --como o vice-presidente José Alencar e o ministro Antonio Palocci (Fazenda), que duelam em torno da taxa de juros.

Em viagem à Argentina, José Dirceu (Casa Civil), não compareceu. Mas Aldo Rebelo (Coordenação Política), nas poucas vezes em que os ministros trocaram impressões sobre atos de governo, deixava evidente o seu descontentamento com o acirramento da disputa por espaço no Planalto com o chefe da Casa Civil.

A festa começou por volta das 19h com Gilberto Gil (Cultura) cantando "A Bandeira" e Frei Betto vestido de batina com retalhos aplicados --um padre caipira. Trajados de noivos, Lula e Marisa chegaram numa charrete. Ele vestia camisa xadrez vermelha e lenço no pescoço. De vestido e véu brancos, no lugar do buquê de flores Marisa carregava um repolho.

Na celebração, Frei Betto saudou o casal. "Vocês dois, viúvos, encontraram-se pela primeira vez nas dependências do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo --que ainda hoje marca esse amor que se faz dedicação à classe trabalhadora."

Louvação

Após a celebração, que teve programa impresso com músicas e orações, houve procissão a santo Antônio, são Pedro e são João. Lula quis levar o mastro com as bandeiras dos santos na caminhada, de 30 minutos. Mas, após algum tempo, passou a revezar-se na tarefa com ministros.

Gil puxava a cantoria, com a ajuda de um desafinado Frei Betto. Os seguidores carregavam velas em garrafas pet cortadas, um artifício para evitar mãos queimadas pela cera derretida.

A liturgia se encerrou às 21h com quase 10 minutos de queima de fogos. Em vez de jogar o buquê, tradição nos casamentos, Marisa jogou o repolho, apanhado por uma de suas parentes, já casada.

Tal como num casamento, Lula e Marisa participaram de uma cerimônia de cumprimentos dos noivos, com ministros obrigados a formar fila --alguns quiseram ser fotografados com o casal.

A partir daí, todos puderam degustar os quitutes trazidos pelos convidados, pular fogueira e dançar ao som de um sanfoneiro. Para beber, quentão de vinho tinto e de cachaça, com cravo e gengibre, além de cerveja, refrigerantes e uísque, provado por Lula.

O custo teria sido dividido entre os participantes. Cada um foi instado a levar um prato. Tinha até feijão tropeiro, além das tradicionais pamonha e batata doce das festas juninas. Espalhados pela festa, carrinhos de pipoca.

Quadrilha

O presidente puxou a quadrilha e dançou a noite toda, com Marisa e as mulheres e filhas dos convidados. Não faltou nem mesmo uma vassoura de chapéu, que passou de mãos em mãos.

Os convidados espalharam-se pelas mesas. Numa delas estavam os comandantes militares, que foram os que chegaram mais cedo e estavam vestidos a caráter, como determinava o convite, e o general Jorge Armando Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Presentes notaram que José Viegas (Defesa) praticamente não se aproximou dessa mesa --nem após ouvir o salmo de Frei Betto.

O vice José Alencar conversava com Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), também da ala crítica da política econômica. Palocci sentou-se ao lado deles, "para contrabalançar". Outros ministros brincaram, dizendo que formavam uma nova dupla caipira, a "Juros Altos e Juros Baixos".

Alencar brincou com a tímida caracterização de caipira vestida por Palocci: "Você parece um garoto do agrobusiness". Ele próprio usava um chapéu que parecia saído de uma novela de época.

Os ministros --15 ao todo-- chegaram aos poucos. Os primeiros foram Jaques Wagner (Trabalho) e Gil, por volta das 18h30. Antonio Palocci (Fazenda), que chegou às 21h, perdeu a celebração e a queima de fogos, mas pôde presenciar a fogueira sendo acesa. O último foi Ciro Gomes, que entrou no Torto às 22h, acompanhado de Patrícia Pillar. Ele, fora do clima, vestido normalmente. A atriz ainda improvisou uma maria-chiquinha nos cabelos.

Fusca

Todos atenderam ao pedido do secretário de imprensa, Ricardo Kotscho, de usar automóveis particulares. O desfile foi variado: do furgão BMW de Eunício Oliveira (Comunicações) ao fusca amarelo e antigo de Waldir Pires (Controladoria Geral da União).

A maioria tinha ao menos um adereço matuto na vestimenta. Palocci e José Alencar preferiram a camisa xadrez escondida pelo blazer. José Fritsch (Pesca) e Amir Lando (Previdência) optaram pelo lenço no pescoço. Já Furlan e a mulher do vice, Marisa Alencar, estavam impecáveis em trajes da roça, segundo a opinião de todos.

Ao final da festa, foram notadas principalmente as ausências de Dirceu, Marina Silva (Meio Ambiente), Marcio Thomaz Bastos (Justiça) e Luiz Gushiken (Comunicação). Dos 120 convidados, cerca de 90 estiveram presentes.
Cansado, Lula acabou dormindo na Granja do Torto. Ontem pela manhã, voltou para o Alvorada. À noite, seguiu para São Paulo, onde fica hoje e amanhã.
 

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