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14/06/2004 - 14h28

Lula cobra "ambição"e diz que "desenvolvimento não é automático"

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SILVIO NAVARRO
ELAINE COTTA

da Folha Online

Ao defender hoje a necessidade de se estabelecer uma nova ordem econômica mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou os holofotes da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), realizada em São Paulo, para cobrar mais ambição e vontade política dos países em desenvolvimento.

"Temos de demonstrar a coragem política de erguê-las. Estamos conscientes de que o desenvolvimento não é um presente que a comunidade internacional dará às nossas nações", disse.

Nesta segunda-feira, Lula fez dois pronunciamentos. No primeiro, diante do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, disse que o desenvolvimento almejado "não ocorre de forma automática, nem será resultado de geração espontânea das forças de mercado, e que requer determinação política".

Depois, ao abrir a sessão de debates com chefes de Estado dos países sul-americanos, afirmou que "só alcançaremos nossos objetivos se tivermos vontade política de sermos ambiciosos".

Plano Marshall

Lula lembrou o Plano Marshall, implementado após a Segunda Guerra Mundial para auxiliar a recuperação das economias dos países atingidos pelo conflito. "O financiamento maciço espantou a depressão e gerou uma espiral de prosperidade. Trouxe de volta o emprego, a renda e a poupança. Consolidou a paz e o progresso. O mundo mudou, mas é disso que se trata novamente."

Nos dois discursos, ele sugeriu que a revitalização do chamado sistema geral de preferências comerciais seria um caminho para ampliar o intercâmbio com os países mais ricos.

Criado nos anos 80, o acordo permite aos países em desenvolvimento a eliminação de barreiras comerciais recíprocas, sem a necessidade de estender igual concessão ao países ricos.

Tarifas

Lula usou dados da Unctad para mostrar que uma redução tarifária de 50% entre os países em desenvolvimento geraria um aumento do comércio em até US$ 18 bilhões. Antes, Kofi Annan já havia feito essa referência, com números parecidos --US$ 15,5 bilhões. A redução tarifária de 30% acarretaria aumento de US$ 8,5 bilhões.

Lula disse que 55 países em desenvolvimento cresceram menos de 2% ao ano nos últimos cinco anos, 23 regrediram suas riquezas e 16 tiveram expansão acima de 3%.

Lula citou que, nos anos 90, a porcentagem do intercâmbio entre os países do Sul no comércio total dos países em desenvolvimento era de 34%. Hoje, esse percentual alcança 43%. Enquanto o comércio mundial cresceu em média 5% ao ano nos anos 90, o comércio entre os países do Sul no mesmo período teve expansão de 10%.

Fome

O presidente também voltou a falar de sua obsessão pelo combate à fome no mundo, disse se tratar de um "compromisso de vida" e "esse objetivo constitui prioridade do meu governo tanto no plano interno quanto no plano externo".

No pronunciamento inicial, Lula pediu a criação de um centro "irradiador de projetos e políticas inovadoras no combate à fome, à pobreza e aos gargalos do desenvolvimento". Sugeriu que o instituto leve o nome do economista Celso Furtado, um dos homenageados na 11ª edição da conferência da ONU.

Crescimento

Lula afirmou que "a alavanca exportadora é fundamental, mas a tarefa gigantesca de superar tamanha desigualdade não pode depender somente do comércio".

"É preciso investir em infra-estrutura e incrementar a produtividade para criar as condições de crescimento do emprego e da geração de renda", disse.

Segundo ele, "receitas equivocadas nos últimos anos subestimaram o papel do investimento público e do consenso social na construção da estabilidade e do desenvolvimento'. Disse ainda que "sacrifícios adicionais recaíram sobre países que já estavam exauridos".

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