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16/06/2004 - 05h44

Carta atribuída a Maluf doa saldo na Suíça para filhos

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da Folha de S.Paulo

Entre os documentos bancários enviados pela Suíça ao Brasil, há uma carta manuscrita, atribuída ao ex-prefeito Paulo Maluf (PP), em que ele supostamente doa o saldo total de uma conta bancária da Suíça para seus quatro filhos, Flávio, Otávio, Lígia e Lina. O texto é encerrado com uma assinatura similar à do ex-prefeito.

Maluf, investigado por remessa ilegal de milhões de dólares para o exterior, nega possuir contas fora do Brasil. Ontem, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o documento não foi escrito nem assinado por ele.

A carta em inglês, divulgada ontem pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, data de 16 de dezembro de 1996 e é dirigida ao banco UBS de Zurique. Diz o texto: "Eu gostaria de fazer uma doação de todo dinheiro atualmente existente na fundação White Gold para os meus quatro filhos em parte iguais".

Na carta, há ainda um pedido de encerramento da fundação White Gold e de transferência de todos os investimentos para contas bancárias abertas em nome da Durant International Corporation no banco UBS de Londres.

Segundo os papéis da Suíça, as contas atribuídas ao ex-prefeito e a seus familiares estão em nome de oito empresas ou fundações estrangeiras --cujos nomes são fictícios, o que é permitido por paraísos fiscais para resguardar a identidade do verdadeiro titular.

As contas que, segundo a Suíça, têm o ex-prefeito como beneficiário são: Blue Diamond (hoje Red Ruby), aberta em julho de 1985, e White Gold Foundation, encerrada em 1996. A Durant, segundo a carta manuscrita, foi abastecida pela White Gold e destinada aos quatro filhos do ex-prefeito.

Os documentos da Suíça citam ainda o filho Flávio como beneficiário da Pérolas Negras Foundation e da Timeless Investments Limited. As demais, Alyka Foundation e Lindsay Limited, estão em nome de Lígia.

Sylvia, mulher de Maluf, é citada como a beneficiária de uma conta bancária em Luxemburgo, também um paraíso fiscal.

O Ministério Público irá realizar agora um exame grafotécnico para comparar a letra da carta com a do ex-prefeito de São Paulo.

Em junho de 2001, a Folha divulgou a existência dos depósitos em nome de Maluf e de seus familiares no paraíso fiscal da ilha de Jersey. A Suíça informou que, em 1987, valores depositados em Genebra foram transferidos para Jersey, onde estão bloqueados US$ 200 milhões.

Em silêncio

Ouvido ontem pelo Ministério Público, Maluf manteve-se em silêncio durante um depoimento de quase duas horas. Frente aos documentos da Suíça, o ex-prefeito disse que se reservava o direito de falar apenas em juízo.

Assistido por três advogados, Maluf foi questionado sobre o suposto superfaturamento de obras públicas, sobre as remessas para o exterior e sobre aplicações financeiras feitas por investidores da ilha de Jersey na Eucatex, empresa da família --a identidade dos investidores é mantida em sigilo pelo paraíso fiscal.

Ao deixar o prédio da Promotoria rodeado por aliados políticos, Maluf sorriu e fez o sinal de vitória com as mãos. Ele não falou sobre as investigações conduzidas pelo Ministério Público de São Paulo.

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