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14/09/2000
-
08h45
CAROLINA VILA NOVA
da Folha de S.Paulo
Mais de cinco milhões de brasileiros em todo o país -o equivalente a 5,16% do eleitorado brasileiro com base nos dados de 1998- compareceram às urnas para votar no plebiscito sobre a dívida externa organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e cerca de 20 entidades da sociedade civil.
Cerca de 90% dos votantes optaram pelo não pagamento da dívida externa sem realização prévia de auditoria pública, pela não manutenção do acordo firmado pelo governo brasileiro com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo não comprometimento do Orçamento com o pagamento da dívida interna.
O resultado parcial do plebiscito foi considerado um "sucesso absoluto" pelos organizadores. Ao todo, votaram 5.476.115 brasileiros em mais de 3.000 municípios. Segundo a CNBB, falta ser contabilizado cerca de 6% dos votos.
A votação no plebiscito não era obrigatória. Até agora, o Estado com maior comparecimento foi o Espírito Santo, com 17,4% do eleitorado (335.016 pessoas). Em seguida vem Roraima (14,7%) e Santa Catarina (11,22%). Em São Paulo, votaram 1.049.047 pessoas, o equivalente a 4,5% do número de eleitores.
"Não é todo dia que se tem uma vitória", comemorou o deputado José Dirceu (SP), presidente nacional do PT. Para ele, o plebiscito foi "um dos momentos mais importantes da nossa história".
"O resultado mostra uma vontade popular enorme de participar. Quando se abre um canal, o povo participa. Os destinos do país não são monopólio de uma dúzia de tecnocratas", disse o padre Alfredo José Gonçalves, assessor do Setor Pastoral Social da CNBB.
O resultado final do plebiscito deve ser divulgado em até três dias. A contagem dos votos está sendo feita manualmente.
Projetos
Na avaliação da oposição, o resultado do plebiscito servirá como instrumento de pressão para a aprovação de projeto de realização de um plebiscito nacional oficial sobre a dívida externa.
Proposta nesse sentido foi apresentada ontem na Câmara por José Dirceu.
O projeto de decreto legislativo propõe a realização de um referendo popular oficial sobre os acordos do governo brasileiro com o FMI e sobre a realização de auditorias para a dívida externa brasileira.
O projeto de Dirceu tramita normalmente nas comissões da Câmara e depois vai para o Senado. Contava, até a tarde de ontem, com 175 assinaturas e poderia chegar, segundo Dirceu, a 190. Se for aprovado, ele não poderá ser vetado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Outra proposta que, segundo a oposição, pode ser impulsionada pelo resultado do plebiscito é a que prevê que o governo brasileiro perdoe as dívidas de nações menos desenvolvidas. O projeto, de iniciativa popular, foi apresentado ontem pela senadora Heloísa Helena (PT-AL).
Clique aqui para ler mais sobre política na Folha Online.
90% dos votantes de plebiscito da CNBB pedem auditoria da dívida
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da Folha de S.Paulo
Mais de cinco milhões de brasileiros em todo o país -o equivalente a 5,16% do eleitorado brasileiro com base nos dados de 1998- compareceram às urnas para votar no plebiscito sobre a dívida externa organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e cerca de 20 entidades da sociedade civil.
Cerca de 90% dos votantes optaram pelo não pagamento da dívida externa sem realização prévia de auditoria pública, pela não manutenção do acordo firmado pelo governo brasileiro com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo não comprometimento do Orçamento com o pagamento da dívida interna.
O resultado parcial do plebiscito foi considerado um "sucesso absoluto" pelos organizadores. Ao todo, votaram 5.476.115 brasileiros em mais de 3.000 municípios. Segundo a CNBB, falta ser contabilizado cerca de 6% dos votos.
A votação no plebiscito não era obrigatória. Até agora, o Estado com maior comparecimento foi o Espírito Santo, com 17,4% do eleitorado (335.016 pessoas). Em seguida vem Roraima (14,7%) e Santa Catarina (11,22%). Em São Paulo, votaram 1.049.047 pessoas, o equivalente a 4,5% do número de eleitores.
"Não é todo dia que se tem uma vitória", comemorou o deputado José Dirceu (SP), presidente nacional do PT. Para ele, o plebiscito foi "um dos momentos mais importantes da nossa história".
"O resultado mostra uma vontade popular enorme de participar. Quando se abre um canal, o povo participa. Os destinos do país não são monopólio de uma dúzia de tecnocratas", disse o padre Alfredo José Gonçalves, assessor do Setor Pastoral Social da CNBB.
O resultado final do plebiscito deve ser divulgado em até três dias. A contagem dos votos está sendo feita manualmente.
Projetos
Na avaliação da oposição, o resultado do plebiscito servirá como instrumento de pressão para a aprovação de projeto de realização de um plebiscito nacional oficial sobre a dívida externa.
Proposta nesse sentido foi apresentada ontem na Câmara por José Dirceu.
O projeto de decreto legislativo propõe a realização de um referendo popular oficial sobre os acordos do governo brasileiro com o FMI e sobre a realização de auditorias para a dívida externa brasileira.
O projeto de Dirceu tramita normalmente nas comissões da Câmara e depois vai para o Senado. Contava, até a tarde de ontem, com 175 assinaturas e poderia chegar, segundo Dirceu, a 190. Se for aprovado, ele não poderá ser vetado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Outra proposta que, segundo a oposição, pode ser impulsionada pelo resultado do plebiscito é a que prevê que o governo brasileiro perdoe as dívidas de nações menos desenvolvidas. O projeto, de iniciativa popular, foi apresentado ontem pela senadora Heloísa Helena (PT-AL).
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