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08/08/2004 - 09h07

Profissão não pode ter nenhuma forma de pressão, diz promotor

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LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo

Os mesmos argumentos utilizados pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Velloso para apoiar a criação de um Conselho Federal de Jornalismo servem também para o promotor e professor de direito constitucional Vidal Serrano Nunes Júnior condenar a proposta.

Para Velloso, assim como outras profissões têm seus conselhos próprios, como medicina, engenharia e enfermagem, é natural e salutar que os jornalistas tenham suas atividades regulamentadas e fiscalizadas por um conselho que, segundo ele, deveria ser composto exclusivamente por profissionais da área.

"O processo para a criação do conselho deve ser conduzido de forma ponderada. Mas a idéia é o primeiro passo para um aperfeiçoamento da atividade jornalística, com a ética como preocupação central. E hoje a sociedade tem fome de ética", disse o ministro.

Na avaliação de Nunes Júnior, autor do livro "A Proteção Constitucional da Informação e o Direito à Crítica Jornalística", lançado em 1997, as comparações com outras categorias não se aplicam nesta discussão.

"A profissão do jornalista é diferenciada e não pode ser comparada a outras profissões com conselhos próprios. A liberdade de informação é uma garantia da democracia e das liberdades individuais e, contra isso, não pode ser criada nenhuma forma de pressão sobre o jornalista ou sobre o seu trabalho", disse o promotor.

Tanto Velloso quanto Nunes Júnior concordam em um ponto: que a Constituição poderá barrar o projeto de lei de criação do conselho nacional.

Segundo o artigo 220 da Carta Magna, que trata da comunicação social, "nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social".

"A liberdade de imprensa precisa ser aperfeiçoada, mas por outros caminhos", afirmou Nunes Júnior.

Categoria

Para a presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Elisabeth Villela da Costa, que participou da elaboração do texto para a criação do Conselho Nacional de Jornalismo, o órgão deverá assumir as tarefas de fiscalização e de regulamentação que hoje são de atribuição do Ministério do Trabalho, mas que não são cumpridas.

"O conselho não será um órgão que irá cercear a liberdade de imprensa ou a liberdade dos jornalistas, mas vem para dar mais força à categoria. E a criação do projeto não é do governo federal, é do movimento de jornalistas", afirmou Elisabeth.

O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, não concorda com o projeto e informou que irá recorrer ao Congresso Nacional para que a proposta seja rejeitada na íntegra. "Não vamos pedir a inclusão de "esparadrapos" ou de emendas ao projeto de lei. Queremos que ele seja rejeitado."

A ANJ (Associação Nacional dos Jornais) informou que está estudando o texto do projeto e que ainda não tem uma posição definida sobre o tema.

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