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16/08/2004
-
09h07
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
Um relatório do BC (Banco Central) aponta que a empresa da deputada federal Teté Bezerra (PMDB-MT), mulher do presidente do INSS, Carlos Bezerra, fez um depósito de R$ 5.700 em 10 de outubro de 2002 na Confiança Factoring, empresa do ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, condenado por chefiar o crime organizado em Mato Grosso.
Teté afirma que não sabia da operação.
O BC não informa se o depósito foi em cheque ou dinheiro, mas traz o CNPJ da empresa, que se chamava Eleição 2002 Aparecida Maria Borges Bezerra (nome completo da deputada).
Essa firma, aberta por Teté em 31 de julho para pagar gastos da campanha eleitoral dela, foi a que fez o depósito na factoring de Arcanjo, conhecido no Estado como "comendador".
Factorings são empresas que compram notas promissórias e cheques, encarregando-se de cobrá-los, ou emprestam dinheiro utilizando esses títulos como garantia de pagamento.
Ao menos oito factorings de Arcanjo em Mato Grosso operavam ilegalmente como se fossem bancos fazendo empréstimos sem a permissão do BC, segundo a Justiça Federal.
De janeiro de 1998 a fevereiro de 2003, essas empresas receberam R$ 395,1 milhões e fizeram depósitos de R$ 336,4 milhões em contas de terceiros.
Lavagem de dinheiro
As empresas de Arcanjo eram usadas em um esquema de lavagem de dinheiro, afirma o juiz federal Julier Sebastião da Silva, que condenou Arcanjo a 37 anos de prisão em dezembro de 2003.
Só a Confiança Factoring, na conta da qual aparece o depósito da empresa da deputada, sonegou R$ 500,3 milhões da Receita Federal no período de 1997 a 2001.
A pedido da Justiça Federal, o BC fez análise da quebra de sigilo bancário das factorings.
A análise do BC detectou que a Confiança Factoring recebeu R$ 88 milhões da Assembléia Legislativa de Mato Grosso e do governo do Estado no período de 1995 a 2003. Há provas, afirma o juiz, de que o dinheiro foi usado em campanhas eleitorais.
Segundo um relatório elaborado pela Polícia Federal e declaração dada pelo dono da Gráfica e Editora Centro Oeste, João Dorileo Leal, a Vip Factoring, também de Arcanjo, pagou despesas da campanha eleitoral de Carlos Bezerra, que não se elegeu e hoje é presidente do INSS.
Outro lado
Bezerra disse à Agência Folha que nunca teve ligação com Arcanjo e que sua mulher também não operava com a factoring.
Com 5.000 páginas, o relatório do BC mostra a movimentação das factorings de Arcanjo, que está preso no Uruguai desde abril de 2003 por uso de documento falso.
Outro lado
A deputada federal Teté Bezerra (PMDB-MT) disse à Agência Folha desconhecer o depósito de R$ 5.700 feito pela empresa dela na conta da Confiança Factoring, empresa de João Arcanjo Ribeiro em Mato Grosso.
"Eu não sei. Essa informação para mim é novidade. Eu desconheço. Vou até mandar meus advogados verem isso [na Justiça Federal]", afirmou a deputada, que assumiu o terceiro mandato na Câmara dos Deputados em janeiro, após a cassação do deputado Rogério Lúcio Soares da Silva (PPS-MT) acusado de compra de votos.
"O cheque [depósito] deve estar na minha prestação de contas da campanha eleitoral", diz Teté. Ela afirma que pode ter emitido um cheque no valor de R$ 5.700 para pagar despesas de campanha.
"Esse cheque pode ter sido depositado na factoring por alguém", afirmou.
Marido de Teté, o presidente do INSS, Carlos Bezerra, teve um cheque R$ 1,1 milhão dado como garantia para empréstimo na Vip Factoring em agosto de 2002. O dinheiro teria sido usado para pagar a campanha eleitoral.
Bezerra afirma que seu comitê eleitoral desviou o cheque sem ele saber e negou qualquer envolvimento com a factoring do ex-policial Arcanjo.
Especial
Veja o que já foi publicado sobre a deputada Tetê Bezerra
Veja o que já foi publicado sobre Carlos Bezerra
Relatório do BC liga deputada a bicheiro
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da Agência Folha, em Campo Grande
Um relatório do BC (Banco Central) aponta que a empresa da deputada federal Teté Bezerra (PMDB-MT), mulher do presidente do INSS, Carlos Bezerra, fez um depósito de R$ 5.700 em 10 de outubro de 2002 na Confiança Factoring, empresa do ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, condenado por chefiar o crime organizado em Mato Grosso.
Teté afirma que não sabia da operação.
O BC não informa se o depósito foi em cheque ou dinheiro, mas traz o CNPJ da empresa, que se chamava Eleição 2002 Aparecida Maria Borges Bezerra (nome completo da deputada).
Essa firma, aberta por Teté em 31 de julho para pagar gastos da campanha eleitoral dela, foi a que fez o depósito na factoring de Arcanjo, conhecido no Estado como "comendador".
Factorings são empresas que compram notas promissórias e cheques, encarregando-se de cobrá-los, ou emprestam dinheiro utilizando esses títulos como garantia de pagamento.
Ao menos oito factorings de Arcanjo em Mato Grosso operavam ilegalmente como se fossem bancos fazendo empréstimos sem a permissão do BC, segundo a Justiça Federal.
De janeiro de 1998 a fevereiro de 2003, essas empresas receberam R$ 395,1 milhões e fizeram depósitos de R$ 336,4 milhões em contas de terceiros.
Lavagem de dinheiro
As empresas de Arcanjo eram usadas em um esquema de lavagem de dinheiro, afirma o juiz federal Julier Sebastião da Silva, que condenou Arcanjo a 37 anos de prisão em dezembro de 2003.
Só a Confiança Factoring, na conta da qual aparece o depósito da empresa da deputada, sonegou R$ 500,3 milhões da Receita Federal no período de 1997 a 2001.
A pedido da Justiça Federal, o BC fez análise da quebra de sigilo bancário das factorings.
A análise do BC detectou que a Confiança Factoring recebeu R$ 88 milhões da Assembléia Legislativa de Mato Grosso e do governo do Estado no período de 1995 a 2003. Há provas, afirma o juiz, de que o dinheiro foi usado em campanhas eleitorais.
Segundo um relatório elaborado pela Polícia Federal e declaração dada pelo dono da Gráfica e Editora Centro Oeste, João Dorileo Leal, a Vip Factoring, também de Arcanjo, pagou despesas da campanha eleitoral de Carlos Bezerra, que não se elegeu e hoje é presidente do INSS.
Outro lado
Bezerra disse à Agência Folha que nunca teve ligação com Arcanjo e que sua mulher também não operava com a factoring.
Com 5.000 páginas, o relatório do BC mostra a movimentação das factorings de Arcanjo, que está preso no Uruguai desde abril de 2003 por uso de documento falso.
Outro lado
A deputada federal Teté Bezerra (PMDB-MT) disse à Agência Folha desconhecer o depósito de R$ 5.700 feito pela empresa dela na conta da Confiança Factoring, empresa de João Arcanjo Ribeiro em Mato Grosso.
"Eu não sei. Essa informação para mim é novidade. Eu desconheço. Vou até mandar meus advogados verem isso [na Justiça Federal]", afirmou a deputada, que assumiu o terceiro mandato na Câmara dos Deputados em janeiro, após a cassação do deputado Rogério Lúcio Soares da Silva (PPS-MT) acusado de compra de votos.
"O cheque [depósito] deve estar na minha prestação de contas da campanha eleitoral", diz Teté. Ela afirma que pode ter emitido um cheque no valor de R$ 5.700 para pagar despesas de campanha.
"Esse cheque pode ter sido depositado na factoring por alguém", afirmou.
Marido de Teté, o presidente do INSS, Carlos Bezerra, teve um cheque R$ 1,1 milhão dado como garantia para empréstimo na Vip Factoring em agosto de 2002. O dinheiro teria sido usado para pagar a campanha eleitoral.
Bezerra afirma que seu comitê eleitoral desviou o cheque sem ele saber e negou qualquer envolvimento com a factoring do ex-policial Arcanjo.
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