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18/08/2004
-
04h47
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O ministro da Defesa, José Viegas, 61, diz que o Brasil assumiu o comando da força de paz no Haiti depois de "exortado" por países como França, Estados Unidos e Chile, além da própria ONU (Organização das Nações Unidas).
"Pela primeira vez, a América do Sul tem a maioria da tropa e o Brasil tem o comando de uma força de paz internacional. É um marco", defendeu Viegas.
Folha - Por que é importante para o Brasil gastar recursos, quadros e energia para liderar uma força de paz no Haiti?
José Viegas - Porque o Brasil é membro da ONU e tem responsabilidades na garantia da paz e da segurança internacionais, que são ainda mais notórias quando se trata de América Latina. Já participamos de forças de paz em Angola, Moçambique e Timor Leste, além de operações para desarmar minas em Honduras e Nicarágua.
O acerto de nossa decisão está, aliás, na incorporação de outros países da América do Sul à força de paz no Haiti, como Argentina, Chile, Uruguai e Peru. Pela primeira vez, a América do Sul tem a maioria da tropa e o Brasil tem o comando de uma força de paz internacional. É um marco, numa ação absolutamente legítima.
Folha - Qual o orçamento tanto para a rotina dos brasileiros no Haiti quanto para o jogo?
Viegas - A Defesa não gastou um tostão com o jogo e, ao que eu saiba, as despesas foram absorvidas pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Quanto à força, ela custa US$ 50 milhões, desde preparação, transporte, permanência e alimentação até o final do ano. E a ONU vai reembolsar o desgaste de material e as diárias das tropas.
Folha - Por que o Brasil acertou a liderança da força de paz com os EUA, mas fez questão de divulgar que o pedido foi da França? Não ficaria bem fazer aliança com os EUA, sempre acusados de interferência nas questões internas do Haiti?
Viegas - O Brasil recebeu convites, exortações até, não só da França e dos EUA, mas do Chile e da própria ONU. O secretário-geral (Kofi Annan) telefonou para o chanceler Celso Amorim.
Folha - Qual o objetivo de assumir uma política externa ""agressiva" e de disputar liderança mundial?
Viegas - Não é agressiva, é afirmativa, a favor da paz, da estabilidade. Nosso esforço no Haiti é de ajuda, de cooperação para o desenvolvimento econômico e social. O Brasil não está buscando liderança mundial. Nos últimos 20 meses, o que há é entusiasmo internacional pelo Brasil.
Folha - E o que isso reverte para os brasileiros?
Viegas - Há coisas que não se pode quantificar. Melhor imagem do país pode não significar US$ 1.000 nem US$ 1 milhão. Mas o país ser visto como construtivo é bom ou ruim? Aumenta respeito, interesse e confiabilidade.
Folha - O jogo no Haiti pode ser incluído em que categoria: política externa, injeção de ânimo interno, marketing brasileiro no exterior?
Viegas - Além da dimensão psicológica positiva para a população do Haiti, chama a atenção do mundo para ajudar o país.
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Força de paz no Haiti é um marco, diz Viegas
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O ministro da Defesa, José Viegas, 61, diz que o Brasil assumiu o comando da força de paz no Haiti depois de "exortado" por países como França, Estados Unidos e Chile, além da própria ONU (Organização das Nações Unidas).
"Pela primeira vez, a América do Sul tem a maioria da tropa e o Brasil tem o comando de uma força de paz internacional. É um marco", defendeu Viegas.
Folha - Por que é importante para o Brasil gastar recursos, quadros e energia para liderar uma força de paz no Haiti?
José Viegas - Porque o Brasil é membro da ONU e tem responsabilidades na garantia da paz e da segurança internacionais, que são ainda mais notórias quando se trata de América Latina. Já participamos de forças de paz em Angola, Moçambique e Timor Leste, além de operações para desarmar minas em Honduras e Nicarágua.
O acerto de nossa decisão está, aliás, na incorporação de outros países da América do Sul à força de paz no Haiti, como Argentina, Chile, Uruguai e Peru. Pela primeira vez, a América do Sul tem a maioria da tropa e o Brasil tem o comando de uma força de paz internacional. É um marco, numa ação absolutamente legítima.
Folha - Qual o orçamento tanto para a rotina dos brasileiros no Haiti quanto para o jogo?
Viegas - A Defesa não gastou um tostão com o jogo e, ao que eu saiba, as despesas foram absorvidas pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Quanto à força, ela custa US$ 50 milhões, desde preparação, transporte, permanência e alimentação até o final do ano. E a ONU vai reembolsar o desgaste de material e as diárias das tropas.
Folha - Por que o Brasil acertou a liderança da força de paz com os EUA, mas fez questão de divulgar que o pedido foi da França? Não ficaria bem fazer aliança com os EUA, sempre acusados de interferência nas questões internas do Haiti?
Viegas - O Brasil recebeu convites, exortações até, não só da França e dos EUA, mas do Chile e da própria ONU. O secretário-geral (Kofi Annan) telefonou para o chanceler Celso Amorim.
Folha - Qual o objetivo de assumir uma política externa ""agressiva" e de disputar liderança mundial?
Viegas - Não é agressiva, é afirmativa, a favor da paz, da estabilidade. Nosso esforço no Haiti é de ajuda, de cooperação para o desenvolvimento econômico e social. O Brasil não está buscando liderança mundial. Nos últimos 20 meses, o que há é entusiasmo internacional pelo Brasil.
Folha - E o que isso reverte para os brasileiros?
Viegas - Há coisas que não se pode quantificar. Melhor imagem do país pode não significar US$ 1.000 nem US$ 1 milhão. Mas o país ser visto como construtivo é bom ou ruim? Aumenta respeito, interesse e confiabilidade.
Folha - O jogo no Haiti pode ser incluído em que categoria: política externa, injeção de ânimo interno, marketing brasileiro no exterior?
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